Design A memória e o design

A memória e o design

Por Mélio Tinga

“Às memórias inúteis do design do nosso tempo”

Abordagens sobre a memória e o design gráfico, são pouco recorrentes, apesar de, os caminhos e pesquisas mostrarem que os estudos sobre a Psicologia aplicada a comunicação visual estão nos últimos tempos evoluindo, de tal forma que os designers são obrigados a não focarem-se apenas em design gráfico, na prática, mas também precisam compreender como é que o comportamento humano responde às peças de design aplicado à comunicação.

A compreensão de, como funciona a memória humana parece-nos importante na componente comunicação, porque a comunicação interage directamente com a memorização do conteúdo, interage com a absorção da informação, posteriormente transformada em conhecimento.

Certamente a maior parte das pessoas já se viu perante um cartaz e um ponto de sua cidade, dez metros depois se vê em outro ponto vendo o mesmo cartaz, e relaciona essa informação com a anteriormente vista em outro local, mesmo que não tenha lido o conteúdo do cartaz, consegue reconhecer o cartaz, pelo conceito visual, pelas cores, pela forma, pelo tamanho, isso é memória aliada ao design gráfico.

A memória pode ser definida como a capacidade de um organismo alterar seu comportamento em decorrência de experiências prévias. Do ponto de vista fisiológico, essa capacidade é resultado de modificações na circuitaria neural em função da interação do indivíduo com o ambiente. Rodrigo Pavão

Podemos definir memória como o processo cognitivo que inclui, consolida e recupera, toda a informação que aprendemos. (psicologiacop.blogspot.com)

A memória é a função mental que permite reter a informação, ou seja, aprender; um sistema de armazenamento que permite reter a informação aprendida e permite evocar essa mesma informação, isto é, permite lembrar de informação retida anteriormente, mas a sua representação na memória não é uma reprodução fiel. A memória trabalha, na maioria das vezes com relações e o processo de codificação, quando uma informação nos aparece, codificamos, quando encontramos o cartaz a que nos referimos anteriormente codificamos, ao nos depararmos pela segunda vez, relacionamos a informação presente com a anterior, por isso o marketing e publicidade aliado ao design recorrem geralmente a repetição para chegarem à memorização, até ai estamos interagindo com o cérebro humano, com a memória.

No nosso dia-a-dia, somos bombardeados com milhões de informações que se traduz em estímulos. Segundo M. Gazzaniga, cerca de 99% da informação que entra no cérebro é posta de parte. Imagine o que seria se você se lembrasse de todas as sensações que recebeu durante o dia… (sensações como as provocadas pelas peças de roupa, comida, etc) Cabe ao nosso cérebro seleccionar a informação importante, para garantir a própria sobrevivência do indivíduo e da espécie, chama-se a este processo processamento de informação. (psicologiacop.blogspot.com)

O design gráfico interage grandemente com a memória, pois procura comunicar, e como já avançamos, o processo de comunicação envolve aprendizagem, envolve memória. Por vezes entramos em um supermercado e saímos, no dia seguinte voltamos a procura de um produto “com cor x, que tinha uma imagem de uma mulher que segurava na mão uma colher de soupa”, isso é memória, e o grande papel do design é chamar atenção e contribuir para a memorização dos produtos e peças comunicacionais.

O design gráfico contribui para que uma imagem invada nossas mentes e fique armazenada na memória de longo prazo, o que nos permite lembrar do produto/ peça futuramente.

“George A. Miller (1956) escreveu um trabalho de pesquisa mostrando que as pessoas podem se lembrar de cinco a nove (sete mais ou menos duas) coisas, e que as pessoas podem processar sete mais ou menos dois pedaços de informação de cada vez. (…) Baddeley (1986) conduziu uma longa série de estudos sobre a memória humana e o processamento da informação. Outros, incluindo Nelson Cowan (2001), seguiram seus passos. A pesquisa agora mostra que o número “mágico” é quatro. (…) George Mandler (1969) mostrou que as pessoas poderiam memorizar informações em categorias e, em seguida, recuperá-lo de memória perfeitamente se houvesse um a três itens em uma categoria.” (WEINSCHENK : 2011)

Esses estudos relacionados à memória podem ser aplicados na comunicação visual, por exemplo, em webdesign, na quantidade de intens do menu, na quantidade de palavras que um determinado título deve ter, que uma embalagem deve ter. Ligados a Teoria de Gestalt, as pequenas partes devidamente quantificadas, devem ser aliadas num único conceito e transformados num projecto para não ser esquecido.

 

O design gráfico é a ponte entre a memória visual e o projecto, imaginemos toda informação de um cartaz em um documento “Word”, e do lado o cartaz concebido como um projecto de design.

Se nesta situação colocarmos um homem com os olhos vendados e abrirmos por cinco segundos, de seguida retiramos tanto o documento, assim como o cartaz, provavelmente poderá ter fixado mesmo que parcialmente ou em pequena porção, a informação em cartaz, porque os elementos e estratégias comunicacionais do design tem toda sua obrigação em trabalhar com a memória, as pessoas se lembram de eventos, também por causa dos seus cartazes, a imagem fica na mente, é memorizada e sempre que necessário recorremos a memória para buscar essa informação. É por isso que, o designer gráfico obrigatoriamente precisa compreender a memória humana e o seu funcionamento, e proceder com estudos sobre a memória visual, por esse ser o principal foco do design gráfico.

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