Cinema e Séries Crítica: Tinha Que Ser Ele?

Crítica: Tinha Que Ser Ele?

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Entra em cartaz nessa semana a comédia ‘Tinha Quer Ser Ele?’ (Why Him?, EUA, 2016), mais um filme do diretor John Hamburg (Entrando Numa Fria) e estrelado por James Franco (127 Horas), Brian Cranston (Godzilla) e Zoey Deutch (Jovens, Loucos e mais Rebeldes). O longa narra a história da apresentação de uma tradicional família de classe média de Michigan, os Fleming, durante as festas natalinas, ao novo namorado da filha, o empresário do ramo de games Laird Mayhew, na Califórnia, local onde ela estuda em Stanford e ele trabalha no Vale do Silício.

O cartão de Natal dos Fleming que virou tatuagem em Liard.

A história se passa na casa de Laird, uma pessoa precocemente bem-sucedida por desenvolver jogos e aplicativos, o que lhe rende uma vasta fortuna pessoal. Tudo isso com 32 anos. A complicação da trama se resume ao estilo de vida e comportamento do anfitrião, que não mede palavras, nem efusão (nem libido), numa típica receita do sem noção. O empresário é o responsável por organizar a festa de Natal da família, que ineditamente comemorará a data longe de casa para dar as boas-vindas ao namorado.

Jornal comestível e ouriços no jantar de boas-vindas oferecido aos Fleming por Liard Mayhew.

É preciso uma dose de paciência do espectador para digerir as primeiras cenas, recheadas do que se pode denominar humor americano, ou seja, excesso de sequências constrangedoras e conteúdo sexual vexatório envolvendo genro, filha e sogros. É fácil para o público identificar que o longa é uma tentativa de reciclar o clássico cômico Entrando Numa Fria, que além de ter o mesmo diretor, conta com Bem Stiller na produção.

No entanto, o filme fracassa ao tentar inovar no gênero comédia familiar. Ainda que o desenrolar se caminhe para situações que fogem do que é esperado para um filme do tipo, ele é limitado em seu alcance. O longa consegue transmitir a mensagem positiva de que o novo e o antigo, quando misturados, geram bons frutos para ambos. No caso, Laird é apresentado como uma pessoa sem referências familiares (pai desconhecido/mãe vagabunda) e Ned Fleming está fracassando na carreira por não aceitar as inovações do mercado de gráficas, e mesmo assim, não escuta os conselhos do filho jovem, que é mais capaz de entender as novas necessidades do negócio do que seu pai.

Sogro e genro: relação tumultuada.

Contudo, a tentativa de sair do machismo inerente ao roteiro não é bem-sucedida. Por um lado, o filme mostra que a briga por uma benção de casamento não será resolvida por nenhum dos dois homens envolvidos, uma vez que a inteligente e independente Stephanie não se guiará por essa conversa (ponto positivo), mas volta ao zero quando atribui os defeitos comportamentais do genro (que são infinitos) a falta de referência paterna, mesmo deixando claro que seu sucesso se deve ao esforço e à insistência de sua mãe em educa-lo para o mercado tecnológico.

Os intermináveis constrangimentos gerados pela efusão do anfitrião.

Há também o fato de que James Franco não funciona no papel cômico, mesmo que haja uma insistência de Hollywood nesse sentido há algum tempo. Os exageros vistos não convencem o público, por exemplo, uma tatuagem nas costas retratando a família Fleming como presente de boas-vindas, um beijo na boca da sogra e o roubo de uma árvore de Natal da empresa concorrente para impressionar a família da namorada. O apelo positivo se volta para o fato de Laird possuir boas intenções, mas não é suficiente para a plateia sentir empatia pelo personagem. Por outro lado, Griffin Gluck como Scotty Fleming cresce no papel na medida em que deixa de ser desvalorizado pelo pai e se torna conselheiro de games do cunhado e estrategista da empresa da família

 

A turbulenta apresentação do namorado à família de Stephanie Fleming.

As cenas realmente boas existem, mas são escassas (atenção para a privada japonesa e a Siri de Liard). A sensação que fica é a de um filme engraçado, porém, vazio. É mais do mesmo com um acréscimo de empoderamento feminino e aconselhamento paterno. No fim das contas, ‘Tinha Que Ser Ele?’ é a prova de que a comédia hollywoodiana precisa se reinventar, e com urgência.

 

P.S. O filme brinda os fãs do rock clássico com a participação da banda Kiss.

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