Cinema e Séries Extraordinário | título autoexplicativo

Extraordinário | título autoexplicativo

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Jacob Tremblay arrancou lágrimas e palmas do mundo em 2016 ao protagonizar O Quarto de Jack (filme que garantiu o Oscar de Melhor Atriz à sua parceira de cena, Brie Larson, e incomodou uma parte da crítica pelo fato de o garotinho não ter sido igualmente indicado). Agora, alguns centímetros mais alto, Jacob volta às telas para maravilhar pessoas com um novo menino encantador chamado Auggie Pullman, uma criança de 10 anos portadora da Síndrome de Treacher Collins, uma rara patologia genética que deforma ossos e inviabiliza alguns sentidos como visão e fala.

Os roteiristas Jack Thorne (vencedor do Laurence Olivier, o maior prêmio do teatro inglês pela peça Harry Potter e a Criança Amaldiçoada e agora incumbido do roteiro de Star Wars: Episódio IX) e Steve Conrad (indicado ao lado de Thorne e Chbosky ao Critics Choise Awards 2018 por esse roteiro), juntamente com o diretor/roteirista Stephen Chbosky (As Vantagens de ser Invisível) buscaram no livro homônimo da escritora R.J. Palacio, lançado no Brasil em 2013, a comovente narrativa de uma família que dedica toda sua atenção ao caçula que nasceu com vários problemas de saúde. 10 anos depois de seu nascimento e uma soma de quase 30 cirurgias, Auggie é um garoto gracioso, inteligente e melancólico, que inicia sua vivência acadêmica numa escola regular depois de ter sido educado pela mãe durante toda sua infância.

A genialidade da atuação do prodígio Tremblay está na mesma altura do que Julia Roberts habitualmente entrega em termos de talento nato e emotividade. Até Owen Wilson, que salvo raros trabalhos, dificilmente é lembrado como um ator capaz de comover plateias, consegue cativar no papel de um pai devoto e engraçado, que coloca sua esposa e filhos numa redoma protetiva contra o mundo. A mesma surpresa recai sobre a atuação de Izabela Vidovic, a irmã mais velha de Auggie, que assume uma função quase materna em relação ao pequeno. A muito comentada participação da brasileira Sonia Braga se resume a uma única cena onde sua neta Via (Izabela Vidovic) relembra com saudade a falecida avó durante um passeio solitário; dessa forma, não seria razoável colocar algum parâmetro para sua atuação, eis que seu nome foi utilizado com muito mais intensidade na divulgação do longa no Brasil do que propriamente seu trabalho nesse filme.

Em termos de roteiro, a obra se subdivide em alguns capítulos que conseguem apresentar diversificados ângulos da mesma trama. Auggie é o primeiro a ter sua visão de mundo apresentada e isso se sucede ao ponto de vista de Via, a primogênita que se sente escanteada e que cresceu sozinha, já que seus pais dedicavam toda atenção a seu irmão doente. Os capítulos sobre Miranda, a amiga de Via, e os novos colegas de escola Charlotte, Jack Will e Julien também corroboram com a forma com que o filme é contado. De acordo com a lista de nomes, fica fácil perceber que nenhum adulto está incluso nesse rol, o que significa que a visão das crianças é exatamente o prisma pelo qual o público tem acesso ao longa.

Mesmo que aborde um tema triste e sem a intenção de mascarar a melancolia de todos os envolvidos, Extraordinário, ainda assim, consegue ser um filme leve, do tipo que reacende a fé sobre as pessoas. É uma obra que fala de gentileza, empatia e de aceitar as diferenças com o coração aberto. Auggie assusta crianças com seu rosto, mas cativa com facilidade aqueles que deixam as aparências para o segundo plano. O senso de humor, a sensibilidade e o olhar carente desfazem qualquer tentativa de erguer muros contra ele, mesmo que alguns insistam nisso.

A coloração do longa colabora com a perspectiva positiva; mesmo que se passe em parte no Natal, as cores vibrantes não ficam esquecidas em momento nenhum. O excesso de cenas diurnas também permite que o filme seja lembrado por uma paleta clara. O fato de Auggie ser fascinado por ciências, astronautas e Star Wars confere aos cenários a presença constante de estrelas e de tonalidades variadas de azul.

Atuações sincrônicas (até a cadelinha Daisy faz o público se emocionar), visual convidativo, trilha sonora bem enquadrada (a cargo do brasileiro Marcelo Zarvos, também responsável pela trilha de Um Limite Entre Nós), o único problema que salta aos olhos é o fato de que o trailer (amplamente divulgado) entrega muito do que a história está pretende mostrar; dessa forma, o quesito surpresa fica seriamente comprometido. Por ser de classificação indicativa 10 anos, o convite às crianças impede que algo considerado chocante ou taxado de inapropriado estejam presentes no longa. Ainda assim, a evolução individual de todos os personagens fica bem demarcada e estimula o público a reagir favoravelmente ao desfecho, independentemente da idade.

Vale ressaltar que a estreia de Extraordinário nos Estados Unidos no mesmo fim de semana da Liga da Justiça foi um dos grandes responsáveis pelas surpresas infelizes no quesito bilheteria deste último. No Brasil, o fim de semana de estreia (9 e 10 de dezembro) indicou que a situação se repetiu por aqui, já que Jacob Tremblay e Julia Roberts destronaram Ben Affleck e Gal Gadot das salas de cinema desde sua estreia, em 7 de dezembro. O filme já conquistou algumas indicações menores, tais como Critics Choise Awards (Melhor Jovem Ator e Melhor Roteiro) e ganhou 2 prêmios vindos do Satellite Awards e Heartland Film. A previsão é que indicações mais relevantes também venham, já que a dupla protagonista nasceu com imã para troféu dourado.

Extraordinário está em cartaz desde a quinta-feira, 7 de dezembro. Assista ao trailer no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=GdPrJCn428A

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