Artes HQ’s como processo de Design #01: História e Composição

HQ’s como processo de Design #01: História e Composição

Por Mauri Ribeiro

Olá Pessoas!

Antes de começar a falar, quero desejar a todos um bom início de ano, que ele venha cheio de criatividade, Jobs e alegrias.

Pois bem, pra começar bem nossa temporada de artigos, eu vim trazer um assunto que muita gente curte: HQ’s (histórias em quadrinhos). Eu sou um fã declarado dos quadrinhos, leio desde criança e fico muito impressionado com o universo que os quadrinhos proporcionam. Realmente viajo muito nas histórias, personagens, desenhos, entre outras coisas. Com o crescimento da cultura pop em todo mundo, os HQ’s estão em alta, sendo considerado um dos principais elementos desse universo nerd.

Muitas pessoas leem quadrinhos a muito tempo, a maioria conhece as histórias, autores, personagens, editoras… Mas como se produz uma história em quadrinhos? Será que um HQ pode ser considerado um projeto de Design? Quais são os processos/passos para se criar uma história em quadrinhos?

Esse artigo que dividirei em 3 partes, tem exatamente essa função: explicar como funciona o processo criativo das HQ’s e mostrar um pouco como esse termo vem se difundindo através dos anos.

 

História

Antes de falarmos sobre a história dos quadrinhos, precisamos entender o que realmente são os quadrinhos. De acordo com o dicionário, quadrinhos são uma história narrada por meio de desenhos contidos nos quadrinhos, mas também pode ser considerado uma forma de arte sequencial. O termo arte sequencial foi falado pela primeira vez por Will Eisner, considerado um dos mais importantes quadrinistas que já existiu. As figuras tomadas individualmente estão isoladas e sem sentido. No entanto, quando são partes de uma sequência, mesmo uma sequência só de duas, a arte da imagem é transformada em algo mais: a arte das histórias em quadrinhos.

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A animação também é uma forma de arte sequencial, no entanto, ela tem algumas diferenças referentes aos quadrinhos. A diferença básica entre quadrinhos e animação é que a animação é sequencial em tempo, mas não espacialmente justaposta (adjacente, lado a lado) como nos quadrinhos. Cada quadro de um filme é projetado no mesmo espaço-a-tela, enquanto, nos quadrinhos, eles ocupam espaços diferentes. Portanto, o espaço é para os quadrinhos o que o tempo é pra o filme. Outra diferença entre quadrinhos e animação, é que nos quadrinhos temos o quadro, a imagem e a palavra. Esses elementos precisam sempre trabalhar em conjunto, nos quadrinhos o texto é lido como imagem.

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Quadrinhos são uma linguagem, como qualquer outra linguagem, utiliza elementos únicos, entre os principais encontramos o balão, usado para envolver as palavras, mostrando ao mesmo tempo quem fala. E as onomatopeias que indicam os sons do ambiente. Um elemento que é exclusivo dos quadrinhos é a calha, espaço entre os quadrinhos, ele ajuda a delimitar o tempo. Quando mais larga, indica mais tempo entre um quadro e outro; se é mais curta, indica uma ação mais rápida e contínua. Esse termo foi usado pela primeira vez por Scott McCloud.

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Agora que já entendemos sobre o que são os quadrinhos, podemos ver como ele começou.

A arte sequencial surgiu a muitos séculos atrás, um dos primeiros indícios de arte sequencial foi a Tapeçaria de Bayeux (c. 1070-1080), produzido na França, a peça narra a história da conquista normanda da Inglaterra em 1066 (sob o ponto de vista normando), e representa magnificamente muitas cenas da vida cotidiana nobre do final do século XI, além da derrota anglo-saxã das forças de Haroldo II, rei da Inglaterra (1066) na batalha de Hastings.         “Mas será que isso é um quadrinho?” Com certeza! Da até pra ler.

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À primeira vista, os hieróglifos egípcios parecem se adequar a nossa definição, só que isso depende do uso da palavra “pictórico”. Eu a uso para indicar pelo menos uma certa semelhança com “quadrinhos”. Cada desenho desse representa um som, como no nosso alfabeto.

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Tudo isso foi para mostrar que a arte sequencial não tem um início concreto, mas ela existe a muito tempo e foi reproduzida por muitos povos e artistas de vários lugares do mundo. Após a invenção da impressa é que as formas de arte sequencial se expandiram, criando assim novas possibilidades para a evolução dos quadrinhos. O termo “história em quadrinhos”, veio surgir muito tempo depois, na verdade, no Romance em Colagem de Max Ernst (A Week of Kindness). A sequência com 182 colagens é uma obra-prima da arte do século XX, mas nenhum professor de história da arte sonharia em chamar aquilo de quadrinho. Apesar da falta de uma história convencional, é óbvio o papel desempenhado pela sequência no trabalho, Ernst não quer que você passe os olhos pela obra, ele quer que você leia.

Depois desses novos conhecimentos, podemos reformular o que realmente é uma história em quadrinhos: “imagens pictóricas e outras justapostas em sequência deliberada destinadas a transmitir informações e/ou a produzir uma resposta no espectador”.  Entenderam?

Quadrinhos Modernos

Os quadrinhos que conhecemos começaram a surgir a partir do século XX, principalmente após a invenção da impressão (como já foi falado). Nos anos de 1895-1900, surgiram nas tiras de jornais dominicais, nos Estados Unidos, com os primeiros personagens das HQs. Dentre os quais, o primeiro a fazer fama: Yellow Kid, de Richard Outcault. Alguns anos depois, o êxito de Yellow Kid levou Rudolph Dirks a produzir Katzenjammer Kids, A primeira criação a desenvolver totalmente as características da moderna tirinha: usava balões, tinha elenco permanente e era dividida em quadros.

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A novidade se espalhou pelo mundo. O Japão e a Europa se mostraram terrenos férteis para material de HQs e surgiram muitos cartunistas célebres no início do Século XX. A revolução estética ficou à cargo de Little Nemo in the Slumberland, lançado, em 1905, por Winsor McCay, que usava pela primeira vez a perspectiva em seus desenhos.

Nessa época os quadrinhos começavam a se tornar um elemento indispensável nos jornais diários. Foi quando George Herriman lançou Krazy Kat, a história de um mundo poético, ao mesmo tempo surreal e cômico, no qual, com extrema simplicidade gráfica, eram expostas as relações entre os membros de um pequeno elenco de personagens.

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Os heróis famosos que conhecemos, começaram a surgir a partir dos anos 30. Como as histórias já faziam muito sucesso e vendiam bastante, os personagens já não precisam dos jornais para publicar suas histórias, tendo em vista que tinham editoras próprias para a impressão das histórias.

Com o passar dos anos os HQ’s foram se expandindo até o que conhecemos hoje.

Futuramente farei um artigo falando um pouco sobre a diferença entre cartoon, tira, sátira e quadrinhos, falarei também sobre os diferentes tipos de balões dentro do quadrinho.

Para poder escrever esse artigo pesquisei e li muita coisa. O assunto é muito extenso e rende muito mais que um artigo, mas aqui apenas peguei os principais pontos para mostrar a vocês as origens e conceitos dessa arte. Espero que eu tenha ajudado no conhecimento de vocês.

Até semana que vem e abraços! ;)

 

Fontes:

Como surgiram as histórias em quadrinhos?

O que são quadrinhos?

McCloud, Scott. Desvendando os Quadrinhos. Scott McCloud

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