Cinema e Séries Pai em Dose Dupla 2 | comédia natalina antecipada

Pai em Dose Dupla 2 | comédia natalina antecipada

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Os clichês de fim de ano se aproximam e com eles, surgem as comédias que tratam das desventuras familiares em meio à neve do Natal norte-americano. O diretor Sean Anders (que acertou muito em Família do Bagulho) dá continuidade ao primeiro filme da família Whitaker e Mayron de 2015 e, tentando esticar a história, não obtém o êxito do filme anterior, mesmo repetindo quase todas as piadas e situações.

O início da trama mostra a vida pacífica da família estendida, iniciada por Sara (Linda Cardelini) e Dusty (Mark Whalberg) e que agora lida com o segundo casamento de ambos, a enteada de Dusty e os filhos de Sara e Dusty. O elenco do primeiro filme está integralmente de volta (incluindo a modelo brasileira Alessandra Ambrósio, que atuou em uma cena do primeiro filme como a nova esposa de Dusty) e é reforçado pelos avôs que chegam para passar o Natal com seus respectivos filhos.

A presença de Kurt (Mel Gibson, uma potência desperdiçada nesse filme) instiga a rivalidade entre o filho e o padrasto e a antítese do vovô mulherengo de Gibson é Don (John Lithgow), o pai amoroso de Brad (Will Ferrel), que é o preferido dos netos postiços e da nora. A decisão de passar o Natal em um único lar para evitar traumatizar as crianças que dividem seu tempo entre a casa da mãe/padrasto e do pai/madrasta parece ser a melhor, mas esse pensamento não perdura por muito tempo.

Com base nesse resumo da trama, o problema do roteiro está na dúvida que ele implanta no espectador, pois ora se comporta como um filme malicioso para adultos (através de Kurt e Dusty) e ora se comporta como uma comédia infantil (através das trapalhadas excessivas de Don e Brad). A rivalidade que tanto agradou ao público entre pai e padrasto no primeiro filme não conseguiu o mesmo resultado positivo ao transferir isso para os avôs e suas relações com os filhos. A ambientação natalina é o pano de fundo para as histórias de sempre, salpicadas de piadas machistas e desventuras que já não divertem tanto em virtude do uso excessivo em longas do gênero.

A insistência em explorar situações vexatórias e acidentes reduzem o longa a uma sucessão de clichês de transtornos familiares (esposa atual versus ex-esposa; pai contra padrasto; avô postiço versus avô distante; padrasto contra enteada) que tentam valorizar o que têm de igual e só acentuam as diferenças. O público mais maduro também pode se sentir incomodado com a ênfase que é dada a correta criação dos filhos, sendo óbvio que todos erram, uns por excesso e outros por omissão e a lição que se extrai acaba por não ser das melhores.

Afora a confusão do público adulto, quem culmina por sustentar a plateia são as crianças, especialmente Megan (Scarlett Estevez, de apenas 9 anos), que com toda sua esperteza e bravura, acaba por ser a mais sensata da família. Enquanto Dylan (Owen Vaccaro) é o filho sensível que prefere dar ouvidos aos conselhos do padrasto, Megan sabe jogar sarcasticamente com todos, se torna o orgulho do vovô Kurt e consegue arrancar risos da plateia.

Adrianna (Didi Costine) é a enteada que traz um choque ao casamento da mãe ao avocar a presença do pai e sua participação se restringe a segurar um smartphone na maior parte do tempo. A falta de função da garotinha é acompanhada de forma idêntica por Karen (Alessandra Ambrósio). A nova esposa de Dusty se mantém alheia à toda narrativa e sua função reside em figurar como uma esposa-troféu que aflora a competição por parte de Sara. Longe de ser um problema da nova atriz, deve-se reconhecer que os roteiristas não deram à Alessandra a chance correta de provar seu valor nesse ramo. O desperdício de talento parece ser um impasse generalizado nesse filme.

É interessante analisar que mesmo contendo um elenco respeitável e um roteiro que praticamente repete tudo que deu certo no longa de 2015, o resultado dessa continuação não cativa o público. Para os que curtem o gênero, nada mais é do que a dose anual de trapalhadas cobertas de neve e agasalhadas por suéteres temáticos que proporcionam vergonha alheia. Quanto àqueles que impõem um crivo quanto ao estilo humorístico norte-americano, certamente não serão apreciadores da presente obra.

Salvo algumas raras situações realmente cômicas, a maior parte do filme é uma sucessão de incidentes azarados, provocações descabidas e um senso de competição que teve sua graça exaurida com o primeiro longa. Mesmo que parta da válida discussão contemporânea sobre novas composições familiares e a vivência dentro de uma família estendida, a tentativa de encaixe de alguma discussão séria, como alienação parental, abandono afetivo, puberdade ou imaturidade decorrente do excesso de zelo quedam-se por fracassadas, já que todos os debates são interrompidos pela vexação que sempre se pode contar. Infelizmente, não passa de uma tentativa de riso que mesmo reunindo os elementos corretos, oferece um resultado em sentido oposto.

Pai em Dose Dupla 2 estreia no Brasil na quinta-feira, 23 de novembro. O trailer pode ser conferido no link abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=xwE6vxkB-MU

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