Se no primeiro filme de 2016, Amy Mitchell (Mila Kunis) se esforçava para ser tudo que uma boa mãe deve ser no âmbito escolar dos filhos, o empenho agora se volta a garantir que tudo saia perfeito no Natal… para sua mãe. A megera e perfeccionista Ruth (Christiane Baransky – que se prepara para voltar às telas em Mamma Mia! Here We Go Again) vem passar as festividades de fim de ano com a filha e os netos e quer garantir que tudo saia conforme seu ponto de vista sobre o que é ter um Natal perfeito.
A sequência de Perfeita é a Mãe (Bad Moms), que traz de volta os diretores e escritores Jon Lucas e Scott Moore (os mesmos que escreveram os três longas de Se Beber Não Case e agora produzem Bad Dads) é um dos poucos exemplos onde o segundo filme conseguiu superar o humor e o roteiro do primeiro. Enquanto a obra de 2016 poderia ser considerada rasa em se inclinar sobre o quão exemplar uma mãe deveria ser para seus filhos em idade escolar enquanto o casamento ruía, o novo longa aprofunda quando as questões familiares são abordadas de forma mais densa e convincente, mas sem perder a leveza inerente ao gênero.
A conflituosa relação entre mãe e filha é tratada sobre 3 perspectivas diversas, sendo a primeira o caso de Amy (Kunis) e a matriarca excessivamente perfeita, a segunda sobre Kiki (Kristen Bell – a voz original de Anna de Frozen) e sua jovem genitora viúva, Sandy (Cheryl Hines), que sufoca a filha com atenção demasiada e a terceira sobre a hilária Carla (Kathryn Hahn) e sua mãe bom vivant Isis (Susan Saradon, muito convincente como uma vida louca), em uma inversão de papéis que por muitas vezes se verifica na realidade.
A narrativa não poupou reflexões sobre as variadas maneiras de se criar um filho e pesou a mão no conteúdo sexual; dessa forma, a classificação indicativa no Brasil está marcada como um filme para maiores de 16 anos e o Youtube faz uma ressalva entre trailer comum e trailer para maiores de 18 anos. O fato é que quando colocadas juntas tanto as cenas picantes como os questionamentos sobre maternidade, o resultado, que tinha tudo para cominar em tragédia, saiu bem interessante para o público.
O time veterano conta com o humor ácido de Ruth, a dependência emocional de Sandy e a ausência de sentimento materno de Isis e consegue superar em termos de comédia o drama vivido pelas três filhas que precisam garantir o melhor Natal possível para suas famílias. O estresse que deriva das preparações das festas fará com que muita gente se identifique e consiga rir da rotina não-risível que as mães enfrentam na realidade de fim de ano entre as festas escolares e a preparação da casa para o dia da visita do Papai Noel.
O único integrante do elenco do primeiro longa que não faz parte desse novo filme é Mike (David Walton), o ex-marido de Amy e pai dos dois filhos, que agora dedicam atenção ao novo padrasto Jessie (Jay Hernandez) e sua filhinha. Pelo visto, a ausência se justifica uma vez que o próximo projeto da dupla de diretores é Bad Dads, que está em fase de pré-produção, de acordo com o IMDB.
Por mais que o tema seja recorrente (a outra comédia atualmente em cartaz é Pai em Dose Dupla 2, que parte da mesma premissa de visita dos pais e atribulação natalina das famílias), é certo que o cerne abordado na trama conseguiu fugir (em parte) dos clichês dessa espécie de filme e, certamente, garante mais material para reflexão pós-filme. Ao fim, é certo que todas as 6 mães conseguem ser reprovadas no quesito perfeição, contudo, esse é exatamente o grande objetivo do roteiro, que se cumpre arrancando risos da plateia e sem deixar de passar a mensagem positiva sobre questões familiares e maternidade.
O filme estreia nesta quinta, 7 de dezembro. O trailer contém cenas que devem ser assistidas apenas por maiores de 16 anos e está no link abaixo: