Cinema e Séries Pica-Pau | filme infantil mistura CGI com atores reais para contar as travessuras do pássaro

Pica-Pau | filme infantil mistura CGI com atores reais para contar as travessuras do pássaro

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Pelas mãos do diretor Alex Zamm (Inspetor Bugiganga 2), o longa que traz para as telas a história animada criada em 1940 de Pica Pau estreia nos cinemas brasileiros na quinta-feira, 05 de outubro. Dessa vez, optou-se por um esquema de atores e cenários reais para toda a história, menos para o protagonista, que ganha vida através do CGI.

Timothy Omundson (Sobrenatural) dá vida a Lance, um advogado demitido que se muda provisoriamente para o campo para investir no setor imobiliário em uma região totalmente tomada pela natureza. Para essa empreitada, carrega consigo a noiva excessivamente urbana, Vanessa (a brasileira Thayla Ayala), e Thommy (Graham Verchere), o filho que não convive com ele. Toda a movimentação gerada pelas obras perturba o sossego do morador nativo daquela região. O irônico e louco Pica-Pau vivia tranquilamente fugindo de dois caçadores e procurando pasta de amendoim deixada por turistas até que percebe que sua presença não é mais bem-vinda no local. Longe de se abater por isso, ele fará de tudo para manter a posse de sua árvore e, de quebra, conquista a amizade de Thommy.

Para contar essa história, o CGI se faz presente na ambientação real e incrementa as cenas dotadas de uma coloração vibrante. Ainda que o Pica-pau fale, não fica claro se as personagens conseguem entender o que ele diz e, basicamente, se guiam pelo seu comportamento. A comunicação verbal do protagonista serve mais como uma narração para o público.

Falando em público, que fique bem claro que o longa se destina às crianças e não se atenta em entreter o espectador mais velho. Diferentemente da ironia inteligente e por vezes maldosa presente em diversas animações, tais como Meu Malvado Favorito e Minions, o longa do Pica-pau se detém a recrear uma plateia infantil, carregada de estripulias previsíveis e fortemente caricatas. Para os adultos, restam um vislumbre de preocupação com a preservação do meio ambiente e uma cutucada nos pais ausentes que não conhecem seus filhos a fundo, mas esbanjam atenção a uma noiva ostentação.

O enredo busca resgatar a forma antiga de fazer humor. Em diversas cenas que envolvem os caçadores e o protagonista de crista vermelha, as sequências remetem às aventuras retratadas no icônico Esqueceram de Mim (1990, 1992), onde dois homens malvados veem seus planos ilícitos indo por água abaixo graças a engenhosidade de uma criança esperta. O problema é que, em Pica-pau, o financiador dessa caçada é o pai de Thommy, e o garoto é amigo do pássaro.

Para ajudá-lo a se safar dos predadores, Thommy conta com as amizades feitas na cidade. Jill (Chelsea Miller) e Lyle (Jakob Davies) compõem o elenco infantil e são o apoio do garoto na cidade. Juntos, formam um grupo musical que só reforça o embasamento nos filmes infantis das décadas de 80 e 90. Aqui, crianças passeiam livremente na mata, tem emprego, tocam instrumentos e possuem uma autonomia que, sem a qual, seria impossível narrar o longa a partir delas. A única adulta do bem na empreitada é a guarda florestal Samantha (Jordana Largy), que anda investigando caçadores de pássaros há algum tempo.

Mesmo que leve, o filme se preocupa em mostrar um nível de amadurecimento, tanto dos adultos, como das crianças envolvidas. O pica-pau é mais uma justificativa para compor o cenário de convivência forçada entre uma família torta, composta por um homem inicialmente ambicioso e inescrupuloso, uma madrasta que não está preparada para lidar com uma criança, quando ela mesma se comporta como uma, e um garoto que vive a solidão causada pela separação dos pais e pela total falta de nexo com seu pai. As reviravoltas causadas pelo pássaro falante apenas farão com que os eixos pessoais sejam regulados, ainda que à força.

No mais, é certo que o novo Pica-pau cativará o público infantil mais ingênuo e mesmo que seja totalmente previsível para o espectador mais amadurecido, não deixa de entreter; afinal, é quase certo que o adulto de hoje foi a criança de décadas atrás que passava as manhãs curtindo os desenhos do pássaro doidão e, invariavelmente, estranhará a dublagem atual. A nostalgia fica por conta da risada, da canção do pica-pau e de algumas outras referências às versões antigas da animação, que foi criada em 1940 pelo quadrinista Walter Lantz (perceba que o nome Lance Walters é uma homenagem disfarçada ao criador) e, ao estrear na televisão brasileira no ano de 1950, entrou para a história ao ser o primeiro desenho animado transmitido no país.

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