Cinema e Séries Shyamalan vem provar que bipolar é pouco; assista ‘Fragmentado’

Shyamalan vem provar que bipolar é pouco; assista ‘Fragmentado’

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

A melhor opção para o cinema do penúltimo fim de semana do mês é a incrível novidade do diretor M. Night Shyamalan (O Sexto Sentido), que é responsável também pela produção e roteiro do filme. ‘Fragmentado’ (Split, EUA, 2016) marca o retorno do prestígio do diretor, que divide opiniões por sucessos e desastres cinematográficos, todos vindo de sua interminável imaginação. O filme foi lançado nos EUA em 20/01 e se manteve na liderança das bilheterias por três semanas consecutivas, portanto, chega ao Brasil com boas expectativas, uma vez que o retorno de público e de crítica foram bem positivos.

Metade do elenco formado por um único ator. Crédito para McAvoy.

A trama gira em torno de Kevin Wendell Crumb, um homem que sofre de TID, Transtorno de Identidade Dissociativo. A doença o leva a possuir múltiplas personalidades, cada uma com traços, idade, gênero e características completamente diferentes umas das outras. James McAvoy (X-Men Apocalipse, Frankestein) se entrega totalmente a loucura do papel. O ator interpreta 8 personalidades distintas com maneirismos, sotaques e olhares diversificados e prende a atenção do espectador durante os 117 minutos do filme.

Barry, a identidade que gosta de moda e desenho.

Kevin leva uma vida controlada de perto pela psicóloga Karen Fletcher, uma estudiosa do Transtorno de Identidade Dissociativa que detecta o problema e lida com as 23 personalidades conhecidas de Kevin ao mesmo tempo e se esforça para descobrir se existe uma 24ª escondida. O brilhantismo da profissional chega ao ponto de ela conseguir perceber que durante uma sessão, Dennis está se fingindo de Barry para passar uma imagem tranquilizadora e evitar que ela descubra situações obscuras.

Durante uma sessão, a psicóloga identifica que quem está com a luz (no controle) não é exatamente quem diz ser.

Dennis, o alter ego controlador e violento, é obsessivo por limpeza e sequestra três estudantes e as mantém num porão. Enquanto isso, Barry, o estilista homossexual, leva a vida sem ao menos ter noção de que três moças estão sob sua responsabilidade. Patricia, a controladora e perigosa, sabe do cárcere e tenta mediar a relação das meninas com Dennis. Hedwig tem apenas 9 anos e se torna amigo de uma das carcereiras. Jade tenta avisar à psicóloga que algo está errado. Ufa! Toda essa trama é vivenciada por uma única pessoa e cabe às meninas tentar lidar da melhor forma com cada uma dessas identidades.

As prisioneiras Casey, Claire e Marcia.

O trio é formado pela ousada Claire (Haley Lu Richerdson), pela paralisada Marcia (Jessica Sula) e pela sofrida e inteligente Casey (Anya Taylor-Joy). O filme destaca especialmente o talento de Casey para lidar com a ameaça. Durante a trama, lembranças de sua infância vêm à tona e explicam o comportamento recluso da garota. Ainda muito pequena, durante férias numa floresta, enquanto seu pai ensinava-a a caçar cervos, seu tio finge brincar de caçador e abusa da menininha. Apontar a arma de caça para seu tio foi apenas a primeira lição de defesa que ela aprendeu.

Hedwig, o personagem diretamente ligado ao trauma infantil de Kevin.

É justamente pela percepção aguçada que ela possui sobre o medo que faz com que ela seja a única a entender que a chave para a liberdade é mental e a luta corporal não a livrará, nem às outras, do cárcere. A força física de Dennis é surpreendente, mas Hedwig, por ser apenas um garoto, pode ser ludibriado facilmente.

Dennis, a versão perigosa e compulsiva.

A dra. Karen explica que os pacientes de TDI, ao formarem suas múltiplas identidades, podem desenvolver habilidades ou perderem-nas, a depender do personagem encarnado. Tudo gira em torno da fé de que o alter ego é capaz daquilo por ser uma pessoa distinta daquela acometida pela deficiência dissociativa. Ela cita o exemplo de uma doente que era cega, mas que possuía uma identidade que enxergava. O problema quanto às identidades de Kevin é que acaso sua 24ª realmente exista, ela é assemelhada a um felino de grande porte, chamado de Fera, e os estragos eventualmente causados não seriam reportados a um ser humano. A psicóloga tenta afastar essa possibilidade justificando que existe limites para a capacidade humana; contudo, ela bem sabe que Kevin é um paciente portador de uma mente profunda, infinitamente superior aos que se julgam ‘normais’ e se destaca, inclusive, dos outros enfermos que estão sob seus cuidados.

Patricia, a calculista.

O brilhantismo do longa é auxiliado com maestria pela arrebatadora fotografia que ele possui. Destacam-se as cenas da jovem Casey na floresta, pois a ambientação outonal está incrível. Os jogos de câmera também fazem um excelente serviço para o filme e a interação entre os atores é muito realista.

‘Fragmentado’ é o tipo de filme para se ver com os olhos arregalados e o coração palpitando. Chega a ser aterrorizante em alguns momentos, e o brilho disso é que é um thriller psicológico, com pouca violência física. Devido ao sucesso de bilheteria, M. Night Shyamalan disse em entrevista que já carrega consigo 11 páginas de uma possível sequência. Para os fãs do diretor indiano (que faz uma ponta no filme como o ajudante da dra. Fletcher), o encerramento do filme é um deleite para o cinema, pois deixa indícios de que, acaso exista continuidade, ela será marcada por um encontro estrondoso.

23 personalidades dentro de um corpo. Onde está Kevin?

 

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