Cinema e Séries Eternos – Nova fórmula Marvel para antigos fãs

Eternos – Nova fórmula Marvel para antigos fãs

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

A chegada da Fase 4 dos heróis do Universo Cinematográfico Marvel (UCM ou MCU, na sigla inglesa) traz a colaboração de mais de 10 novos super heróis responsáveis por manter a humanidade à salvo da ameaça de outra raça alienígena. Eternos (Eternals) chega para colaborar com a expansão da consciência da Marvel em relação ao público que lhe consome e às críticas sociais que adquirem repercussão mundial a partir dos filmes por ela produzidos. A responsável pela nova roupagem da Marvel é a diretora e roteirista chinesa Chloé Zhao, recentemente oscarizada por Nomadland (2021) e que pode ostentar um marco cinematográfico com o roteiro e direção de Eternos.

Eternos parte de uma abordagem mística e cosmológica que justifica a origem das raças (inclusive a humana) por Arimesh, que, buscando evolução, determina o sacrifício do planeta para o surgimento de um novo ser Celestial. Por mais que o roteiro evoque conflitos colocados em Ulitmato, a ascensão e a maturidade do novo debate são irrefutáveis, de modo que a instauração de um combate que coloque em xeque o antropocentrismo e as necessidades humanas soam como feitos inéditos vindo da Marvel, por estes novos caminhos. Talvez, a fórmula de engajamento que surtiu efeito nas décadas passadas com o Homem de Ferro e Thor hoje já não se mostrem suficientes para convencer o público quando se fala em dizimar a humanidade. Eternos é competente em trazer reflexão, inserção filosófica e conflitos paradoxais das causas humanas. O estranhamento com o habitual modelo Marvel chega, curiosamente, a momentos de imperfeição do CGI. Não são todas as cenas que contam com o perfeccionismo visual que estamos acostumados a conferir. De fato, a proposta do novo longa consiste em focar em pontos até então não explorados por esta fonte.

A peculiaridade do longa se revela especialmente na seleção dos atores que integram o novo casting de heróis. Encabeçando a lista das representatividades, Makkari (Lauren Ridloff) é a primeira heroína portadora de deficiência por ser surda e Phastos (Brian Tyree Henry) é o responsável pelo primeiro beijo homoafetivo de um super herói da Marvel. Ademais, temos um elenco de etnias diversas (oriental, indiano e latino) que despertam debates reflexivos acerca da História da humanidade e das escolhas humanas que tendem à autodestruição.

Enfim, chegamos a um momento em que diversidade é, de fato, uma pauta seriamente levada em consideração pelo studio. Além do fator social, o filme também se destaca pela humanização do roteiro e das tramas propostas. O nível de maturidade do material apresentado torna o novo longa competitivo em relação à uma abordagem já adotada pela DC Comics em seus últimos filmes (destaque para a crítica ambiental de Aquaman e a crise sociopolítica que embala o Coringa).

Em relação aos atores, Angelina Jolie contribui com a imagem de força e beleza de Thena, que também envereda pela fragilidade da personagem. A escalação da atriz para o time Marvel contribui com um currículo pessoal exitoso no quesito fantasia. Salma Hayek protagoniza a latinidade do sotaque com uma liderança amorosa, compassiva e empática de Ajak. Sua participação tem um vislumbre de maternidade em relação ao grupo. Gemma Chan não convence o suficiente como Sersi, já que sua delicadeza contrasta bastante com o poder de todas outras personalidades femininas. O bloco cômico está bem dosado entre Kumail Nanjiani e Brian Tyree Henry, respectivamente, Kingo e Phastos. Sobre esse último, ainda incide uma valiosa contribuição de elucubrações sobre o comportamento humano frente a tecnologia. Phastos comanda a pasta inovadora e o uso de formas geométricas como bases de sua criação estão perfeitamente representadas.

De um modo geral, o elenco está harmonioso ao ponto de dissolver qualquer protagonismo pessoal. Temos 10 novos super heróis e alguns ilustres personagens secundários. Vale o aviso de que o longa conta com duas cenas extras, sendo uma exibida após os créditos principais e outra apenas no final de todo o rolo de créditos. Em ambos os casos, vale a pena esperar alguns minutos para conferi-las, afinal, Eternos brinca com as possíveis pistas deixadas para que o público tente decifrar os próximos passos da franquia.

Até aqui, concluímos que o longa é ousado no quesito renovação de elenco, uma vez que todos os protagonistas das fases anteriores foram sendo apresentados individualmente em filmes solo ou em pequenas participações. Já Eternos é um conglomerado de novas histórias e pessoas e expande o MCU – literalmente – ao infinito. Enquanto Thanos pareceu colocar um ponto final na discussão, os novos heróis apresentam quesitos fora da órbita para justificar a continuidade cinematográfica. Com essa expansão, novos cenários, nova identidade visual, ferramentas e imagens estabelecem a cara da Marvel para os próximos anos.

Não se poderia acusar a Marvel e pregar para fieis com esse longa. A proposta de Eternos está em conquistar novos públicos, aqueles que não embarcaram até então no visual e nas armaduras e amargaram rasura de fundamentos lógicos (mas, calma, ainda estamos falando de super heróis com trajes peculiares). A chegada de múltiplas etnias coloca a produtora no local de responsabilidade por ser consumida em todo o globo e ela parece reverenciar, enfim, toda a sua extensão midiática internacional. Não se produzem bilhões em bilheteria apenas nos Estados Unidos, e aqui temos, enfim, representatividade, inovação e nova abordagem de direção. Funcionou? Sim.

Eternos estreia no Brasil nesta quinta-feira, 04 de novembro. Confira os trailers nos links abaixo:

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