Primeiramente gostaria de agradecer ao Iran e toda a equipe do Design Culture por me acolherem novamente como colunista, e dizer que me sinto honrado em poder fazer parte desse blog que já faz parte da história do design brasileiro.
Agora vamos ao que interessa.
É parodiando uma fala de Wim Wenders que começo meu artigo:
“Flat, só a palavra já me dá calafrios”
Como muitos já sabem, o flat design vem ganhando forças nos últimos anos tanto pela facilidade de ser aplicado em diversas superfícies, backgrounds, e gadgets, popularizado por uma onda de apps que esbanjam paletas cromáticas maravilhosas, usabilidade e praticidade, mas será que essa é sempre a melhor forma de se comunicar com o usuário?
1) Flat não é norma, é tendência…
e assim como todas as outras tendências, ela tende a ganhar força, alcançar grande popularidade e depois cair no ostracismo. Tendência não é lei, não é norma, e sim apenas uma nova forma de fazer/vestir/usar/desenvolver algo durante um período indeterminado, ou seja, não é algo que tenha durabilidade eterna. Pense que um logo em flat, que hoje é considerado mega contemporâneo daqui alguns poucos anos pode se tornar arcaico.
2) Perda de experiência sensorial…
ou seja, aquela textura de madeira que trazia alguma alusão a lugar aconchegante, tradicional e cheia de informação tátil e visual, foi substituída por uma cor chapada, superficial e muitas vezes sem o feeling de algo que poderia acrescentar conceito e identidade a sua criação. Pense 2 vezes antes de esquecer aquela textura que pode agregar muito ao seu trabalho.
3) Perda de perspectiva espacial…
também é um fator que antes trazia informação visual, mas novamente foi perdida para uma cor sólida e, junto com ela, um monte de informação no que se dá respeito a relação de espaço foi colocado em segundo plano. Lembre-se que as pessoas devem se identificar com seu design para que a mesma possa se tornar consumidor de um cliente seu, e a questão de habitat age muito bem quando o objetivo é trazer ao leitor a sensação de fazer parte do seu layout, de parecer que ele está dentro da sua arte.
Concluindo, o uso impensado de flat pode deixar seus layouts e identidades visuais com características incompatíveis com experiências reais e palpáveis, podendo se tornar apenas mais um trabalho clean porém sem transmitir sentimentos, indo contra tudo o que é nosso principal objetivo como designers, despertar emoções e valores em nossos expectadores a fim de que comprem um produto, serviço ou agreguem a uma ideologia.
O bom design não é aquele que é bonito somente aos olhos, e sim aquele que leva a impressão de poder ser tocado, ouvido, inalado ou degustado.