Design Identidade. Design. Artefactos.

Identidade. Design. Artefactos.

Por Mélio Tinga

“Pensar na identidade e no design, implica, pensar no meio social, cultural, implica igualmente compreender o modo de vida das pessoas, o comportamento, os gostos e outras características específicas.”

 

O design constitui uma forma de afirmação, (também) cultural, de uma identidade, das origens e de características intrínsecas de um povo. Revela os meios de produção disponíveis e o estilo de vida, a tecnologia disponível, o seu conhecimento e como esta é usada para a resolução dos problemas locais. Há, actualmente um cruzamento necessário entre: Sociologia, Psicologia, História, Antropologia cultural como disciplinas inerentes na construção dos artefactos de design, como transformação, como um meio de resolução de problemas sociais, a nível local. A produção em design precisa focar em elementos identitários locais, os consumidores precisam compreender os projectos de design através do cruzamento possível de ser feito entre a criatividade, a inovação e os elementos de uma identidade específica.

A necessidade de objectos, físicos ou virtuais, se tornou cada vez indispensável nos dias nas diferentes áreas de actuação, na educação (como meios para ensinar), no comércio (para identificação e distinção dos produtos e para o incremento de vendas), na sociedade e cultura (como uma forma características de manifestação dos povos).

Em muitos casos objectos de design são concebidos tendo em conta características de outros grupos sociais e levados a outros sem prévio estudo, causando na maior parte rejeição por clientes, pelo receptor da mensagem. É, portanto necessário compreender o cruzamento entre design e identidade, como poderá esse factor abrir um espaço para repensar e direccionar os artefactos de design. Como poderá permitir a exploração de características especificas no design nas suas diferentes vertentes, de forma estratégica, deste o design gráfico e digital, o design de produto, o design de ambientes, entre outras especialidades. A exploração em torno de aspectos comuns e reconhecíveis pelos grupos sociais permitirá uma relação, com os objectos mais intima e de confiança, o que contribuirá na comercialização, uso e comunicação.

“Desde tempos antigos o homem vem usando materiais, cores e formas em uma tentativa de criar uma identidade própria, mas, embora a humanidade tenha sempre manufacturado os bens artesanalmente, para seu uso e comunicação, as origens do design são traçadas a partir do auge da Revolução Industrial.” ( Faggiani, 2006, p. 54)

 

A introdução das máquinas veio acelerar substancialmente o desenvolvimento, na criação e principalmente a produção. Passamos de uma fase em que dependiamos do artesanal à uma outra em que o principal instumento de trabalho é a máquina. As máquinas abriram espaço para a reprodução baseada num original, obtendo assim números elevados de exemplares, de forma praticamente mecânica, o que por um lado coloca os profissionais da área de design sob o desafio de pensar o design e a identidade no meio entre as máquinas.

Os conceitos que hoje se  firmam como condutores do design como ciência, como disciplina tem influência das primeiras maneiras que o Homem desde o seu surgimento encontrou para solucionar os seus problemas, os estudos da forma são hoje em dia indispensáveis em diversos sectores profissionais.  Seus conceitos básicos e sua aplicação tiveram início  a anos, muito antes de Cristo, conforme afima BURDEK: 2006,

A origem de produtos configurados com função otimizada pode ser encontrada até nos tempos ancestrais. Desta forma podemos encontrar nos tempos do artista e engenheiro/construtor romano Vitruvius (cerca de 80 – 1 O AC) uma série de escritos que estão entre os m ais antigos registros sobre arquitetura.

 

O Homem pré-histórico concebia seus trabalhos artesanalmente, e num contexto em que a pressão social e a exigência é diferente da actual. Os recursos das duas épocas diferem totalmente o que em última instância tornará diferentes os resultados dos seus trabalhos, e a construção de soluções coloca o designer e pensar também no meio cultural e social, nas suas características intrínsecas e na forma como este meio poderá receber um artefacto e assumi-lo como “nosso”.

O design como disciplina e como área de pesquisa impõe (ainda) um desafio a nível de sistematização, no mundo e em Moçambique, particularmente. A necessidade de pesquisar o que já existe e com base nesses resultados produzir objectos com elementos locais passa por um estudo e compreensão de carácter científico. A identidade constitui uma construção histórica, por se buscar, por se pesquisar e posteriormente ser exposta.

A identidade em design é fundamental, na medida em que funciona como um elemento de ligação entre o objecto e a pessoa, o consumido, o apreciador. A concepção de artefactos de design devia (ou devia) centrar suas atenções na necessidade, mas também na identidade onde este deve ser inserido. A peça de design deve, antes de mais ser parte do meio e não um elemento colocado no meio social, como uma parte a mais.

No campo do design, a identidade torna-se um elemento a ser compreendido e apreendido em suas práticas, uma vez que se considera o argumento no qual os aspectos que atuam na caracterização das identidades individuais, coletivas, materiais e imateriais estão aptos a sofrerem influências e interferências projetuais. As práticas de design necessitam se aproximar cada vez mais do entendimento do conceito da identidade, nos fatores e elementos que a constituem e sustentam. (DE CARVALHO: 2012)

Pensar na identidade e no design, implica, pensar no meio social, cultural, implica igualmente compreender o modo de vida das pessoas, o comportamento, os gostos e outras características específicas. O design deve transportar consigo elementos culturais e sociais próprios do espaço geográfico para onde é direccionada a solução. O design deve ser sempre pensado na dimensão humana, imbuído de características específicas que sejam próprios de um povo.

 

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