Venho de forma insistente fazendo observações e levantando questionamentos sobre como temos estabelecido novas formas de nos comunicar e relacionar.
Hoje, a relação ocupa um espaço que tem preocupado e estimulado pesquisadores de diversas áreas, na compreensão dessa nova arquitetura e seus impactos. Especialmente nas mídias sociais, diversos transtornos estão ganho forma e espaço, uma delas é a síndrome FOMO, sigla para “fear of missing out”.
De forma simples e direta (como sempre) esse transtorno se caracteriza pelo “medo da exclusão”, que passa pela sensação de “porque todos aproveitam e eu não”, chegando a níveis profundos de depressão e ansiedade que revelam sintomas muito particulares.
Nos localizando ainda nas mídias sociais e suas relações, a pessoa portadora de FOMO, se utiliza de suas redes para metrificar quanto está alinhada com a nova tendência, a nova moda e mais atento ainda ao que o outro está compartilhando.
Nesse sentido, a felicidade passa a ser motor de uma imagem que esconde angústias, inseguranças e ansiedades.
- Eita! Eles sairam e nem me convidaram…
- Nossa! Fulano está muito bem! Comprou carro novo…
Essas são apenas algumas indagações que passam pelo comum mas são sinais de alerta para FOMO. Traduzem então, uma sensação aguda de que estamos perdendo algo que não sabemos bem o que é, onde nossas vidas são SEMPRE desinteressantes e menos bem sucedidas do que os outros.
“A diversão pode ser a sobremesa de nossas vidas, mas nunca pode ser o prato principal”.
– Harold Kushner –
Aqui encontramos um dos principais pontos para entender a FOMO e quais são suas causas. Uma delas (a mais importante) é que vivemos conectados O TEMPO TODO. Onde basicamente tudo registra e envia seus indicadores tornando a vida um grande Game Social, um episódio de Black Mirror.
Se divertir com e pelos outros: uma grande diferença
Você está em casa. Pijama, sandálias, fim de semana.
Abre o instagram e imediatamente é atraído para abrir os últimos stories. Eles estão curtindo em uma festa ou viagem, estão compartilhando aquela promoção no trabalho ou o novo aparelho comprado.
Se esse cenário lhe parece família, atenção! Você pode estar sendo vítima da FOMO.
“…mas, Di… tais exagerando! Todo mundo sente isso… querer estar aproveitando ao invés de estar onde está”. Certo e errado, pequeno Padawan!
Se você sente isso pontualmente, aquela “inveja branca”, ok! Contudo, se isso é recorrente e lhe move a estar sempre postando coisas positivas, estar em lugares e registrar para mostrar algo, á mora o perigo.
A obrigação de sempre estarmos felizes e ter a felicidade como grande motivo de vida, unida a necessidade compulsiva de compartilhar isso em uma timeline perfeita, repleta de photoshop de “todos os tipos”, é tão somente, um grito. Um grande sinal de angústia profunda.
Dentro da FOMO, existem variações que são identificadas pelos seus motivadores. A exemplo da FOBO (Fear of Better Opportunities (Medo de oportunidades melhores serem desperdiçadas). O que nos leva á refletir sobre qual o custo da felicidade? Quais pesos e contrapesos devem ser estabelecidos/colocados para que eu tenha uma vida boa?
A ansiedade que é retroalimentada atualmente pelas redes sociais, está nos fazendo questionar menos o que nos move, para apenas repetir comportamentos e gostos numa relação de compensação por “fazer parte de”.
NO FIM RESTA O EU, OU DEVERIA
Por mais impressionante que isso pareça, gostaria de compartilhar com você uma descoberta que irá “explodir sua cabeça”:
VOCÊ TERÁ QUE VIVER COM VOCÊ MESMO ATÉ O FINAL DA SUA VIDA (D’Nascimento 2018)
Óbvio? Nem tanto.
Se você terá que cumprir essa premissa é importante estar bem consigo mesmo, com o mesmo grau de admiração compartilhado em cada reação no face e like nas outras redes sociais. Encontrar as respostas em si para algumas questões que espelhamos no outro.