A semiótica já é uma conhecida de praticamente todos os profissionais e alunos das áreas criativas, apesar de muitas vezes ela não ser exposta de maneira concreta por instituições e professores. A aplicação dos signos é fundamental para o desenvolvimento estético e conceitual de uma peça, qualquer que seja, no ramo. Muitas vezes, essas aplicações vêm acompanhadas de significados que ajudam o cliente a “decifrar” e entender melhor o produto que está adquirindo.
Creio que no design, mais do que em outras áreas, as significações e experiências representadas sejam parte inerente do processo. No design de produto, principalmente, todas essas características têm ainda a dificuldade de representação, pois diferentemente do design gráfico, o produto precisa passar ao admirador muito mais que apenas os significados presentes no conceito, mas também precisa mostrar como um produto pode ser agradável e essencial a um determinado cliente.
Na criação de um produto, designers do mundo inteiro têm praticamente as mesmas questões a serem desenvolvidas e trabalhadas no decorrer de seu projeto. Entre elas estão a ergonomia, o público-alvo, a estética, funcionalidade, dentre outras. Assim, toda uma equipe projeta uma peça com base em informações específicas já pré-determinadas por um designer, e fazem uso da semiótica, mesmo que secundariamente, para passar ao alvo final a ideia de “produto perfeito”.
Mas você pode estar se perguntando: ok, mas como essas aplicações semióticas são feitas?
Elementar, caro leitor. Vou dar um exemplo. Imagine que você tem dois diferentes tipos de garfo para botar em sua mesa num almoço de domingo, um de plástico e outro de metal. Qual você escolheria? Não é difícil pensar na resposta, não é mesmo? Quando se tem um produto que apresenta uma maior resistência e qualidade, não é fruto de uma mera coincidência. Além da estética, tudo é pensado de forma a apresentar o que determinado público deseja receber desse produto. Uma poltrona, por exemplo, não pode apenas se apresentar como bonita. Ela também precisa passar a ideia de conforto e segurança para o potencial comprador. Algumas marcas, inclusive, apelam para o emocional desse cliente na hora da compra, mostrando como ele poderia se sentir bem adquirindo certo produto, ou até mesmo aludindo a determinada experiência de vida, como uma cadeira que lembre a antiga cadeira que sua avó fazia tricô.
O uso de materiais também é essencial na criação de um produto que tem aplicação semiótica. O material correto (do garfo, por exemplo) pode passar a estabilidade que o cliente precisa. Claro, não basta o conceito. Todas essas quase metáforas precisam ter aplicações reais. Não basta parecer confortável. Não basta parecer seguro. Precisa de fato ser, caso contrário seu produto passará como mentiroso no mercado. A semiótica será apenas um suporte de motivação na hora da criação e da compra, mas não deve tomar conta de todo o produto.