Olá, queridos leitores.
Há algum tempo não apareço aqui. Passaram-se dois meses desde o post onde falei sobre o Design de Símbolos. Foi a primeira parte, mas já estou preparando a segunda e, quero logo apresentar pra vocês.
Hoje, trago uma opinião e uma observação sobre o projeto de embalagens desenvolvido pela agência DDB de Budapeste, para o McDonald’s da Hungria. O projeto está sendo chamado de “The BagTray” (algo como “A Sacola-Bandeja”), e mostra todos os esforços da marca pela busca de alavancar vendas e driblar o declínio.
Todos já sacaram que o tchan da embalagem é que ela se transforma numa bandeija, facilitando colocar no colo na hora do lanche. Ela também possui alças na parte superior, permitindo ser levada para qualquer lugar. Porém, não vou focar nesse atributo, bastante útil mas já comentado exaustivamente. Vou falar sobre: o que fazer com a parte destacável da embalagem.
Há a história de Bob Crandall, um importante executivo na American Airlines que, depois de passar algum tempo estudando uma maneira de reduzir os custos da empresa, descobriu que 72% dos passageiros não comiam as azeitonas que eram servidas nas saladas durante as viagens aéreas. Segundo o livro, em 1996 Crandall ordenou que fossem retiradas as azeitonas das saladas e com isso conseguiu economizar mais de US$ 500.000 por ano.
E por que isto não foi feito desde sempre pelo McDonald’s? Talvez porque a responsabilidade social nunca tenha feito parte, de verdade, da cultura da marca. Reduzir porções e servir maça ao invés de doce é barbada. Quero ver reduzir papel.
Claro que marketing, administração e vendas são importantes para que este império continue funcionando. Mas uma medida em termos de design, não enquanto projeto de produto bonitinho, e sim como fator decisivo estratégico e econômico, poderia ter sido tomada para reduzir custos e evitar com que o consumidor “pague” por essa constante falta de estudos e investimentos das empresas de fast-food em papel de maneira desnecessária.
E que medida é esta?
Ao optar por um novo projeto de embalagem para transporte, o McDonald’s conseguiria reduzir, por exemplo, o uso de guardanapos. Eu tenho 34 anos, e lembro quando o uso de guardanapos eram liberados nas lojas. Atualmente eles vêm em dupla dentro de um saquinho de papel. Papel dentro de papel = desperdício.
E se essa parte destacável da embalagem pudesse servir de guardanapo? Eu não sei se os designers que criaram esta solução, consideraram isto, mas é totalmente possível reaproveitar a parte destacável para limpar a boca após a refeição. O papel da parte de cima da embalagem não me parece ser próprio para isto, mas com um pouco mais de reestudo e observação do usuário, seria possível propor isto. Ou então, fazer o “level 2” da embalagem e anunciar esta inovação.
Esta proposta para a nova embalagem me parece ter nascido já há algum tempo, depois de observarem o designer Londrino Robert Bye, que imaginou uma embalagem que acomoda todos os itens do combo do Big Mac. Projetos assim são importantes na medida em que as empresas estão sempre em observação quanto ao que os seus clientes podem sugerir em termos de melhoria. Eu gosto bastante deste projeto do Robert, e só vejo um problema quando ao tempo que cada funcionário demoraria para acomodar o lanche de cada cliente das imensas filas de todos os Mc Donald’s do mundo, apesar da crise. Abaixo, imagens do site do Robert.
Bem, que este seja então o início da mudança de uma das mais importantes empresas da economia mundial. Podemos ou não aprovar os lanches, mas que o Mc Donald’s tem sua importância em diversos aspectos culturais e econômicos mundiais, é inegável.
No Brasil, todas as embalagens de papel utilizadas nos restaurantes da marca, já levam o selo do FSC® – Forest Stewardship Council®, uma das principais instituições de certificação de madeira e produtos derivados do mundo. Este selo reconhece que toda a cadeia de produção das embalagens provenientes da celulose realiza o manejo florestal responsável do ponto de vista econômico, social e ambiental. Seis anos antes do estabelecido em compromisso público pela rede (ano de 2020), a marca já atinge o objetivo. A iniciativa tem um grande impacto, já que, por ano, são utilizadas mais de 6 mil toneladas de embalagens de origem celulósica nos mais de 840 restaurantes McDonald’s no país.
É, só faltou mesmo um pouco mais de design.
E vocês, leitores, o que pensam disso tudo?
Um abraço e até a próxima.
Referências:
http://exame.abril.com.br/marketing/noticias/mcdonald-s-lanca-nova-embalagem-criativa
http://www.ibahia.com/a/blogs/design/2015/05/07/mc-donald-aposta-em-embalagem-nova/
http://atl.clicrbs.com.br/infosfera/2015/05/09/mcdonalds-inventa-uma-brilhante-sacola-bandeja/
https://br.fsc.org/novidades.261.405.htm
http://www.e-farsas.com/empresa-aerea-retira-azeitona-da-comida-e-economiza-40mil-por-ano.html