Design A teoria das dez mil horas e o Design

A teoria das dez mil horas e o Design

Por Lucas Benfica

Falarei sobre um assunto que não está diretamente relacionado ao design mas, serve como exemplo, aprendizado e é, talvez, obrigatoriamente, aplicável a qualquer profissional, de qualquer área.

Outro dia ouvi algo sobre a teoria das dez mil horas e, resolvi buscar um pouco de informação para fazer este post e compatilhar com vocês o que isso pode ter a ver com o design.

A teoria das 10 mil horas, de Malcolm Gladwell, foi desenvolvida no final de 2008, depois de ele ter estudado figuras de sucesso como Bill Gates, Beatles e Mozart, identificando um padrão que se repetia em cada uma das histórias dessas personalidades. Bill Gates antes de comercializar seu primeiro software tinha praticado 10 mil horas de programação de computadores. Os Beatles, antes de fazerem sucesso, tinham praticado 10 mil horas em palcos “amadores” e, Mozart, já tinha 10 mil horas de composições antes de produzir suas maiores obras-primas. Gladwell diz na teoria que: para um indivíduo ser considerado um especialista em algo, ele tem que ter estudado/praticado pelo menos dez mil horas sobre determinado assunto, distribuídas em 10 anos, o que equivale a mais ou menos 20 horas de prática por semana ou 3 horas de prática por dia (quase todos os dias da semana).

“Especialista”, segundo a definição do dicionário Aurélio é “que ou quem se dedica exclusivamente ao estudo ou à prática de uma ciência, de uma arte ou de uma profissão.”

Se relacionarmos isto tudo à um cidadão que cursou uma faculdade, cuja estrutura curricular é de 3 mil horas (em média) teórico-práticas com pelo menos 4 horas de aula por dia, nos 4 anos, sem praticar um estágio e/ou um trabalho remunerado, restariam a ele pelo menos mais uns 7 ou 8 anos de dedicação com pelos menos de 4 a cinco horas por dia para tornar-se um especialista em design. Mas, devemos agradecer por termos uma realidade diferente de muitas outras profissões. A verdade é que não conseguimos ficar “somente” estudando. A prática faz parte da vida do designer antes mesmo de ele começar a cursar a faculdade (ou técnico, ou tecnólogo… qualquer experiência é válida para um designer) e isto nos ajuda a atingir mais rapidamente o nível de especialista, embora estejamos sempre aprendendo, principalmente quando erramos, certo!? É necessário e interessante buscar a continuidade nos estudos, focando em um campo específico do design (tipografia, materiais, cor, etc…) que nos satisfaça e nos torne cada vez mais conhecedores da nossa profissão.

10milhoras

Quanto mais nos dedicarmos, vivermos, enxergarmos e fazermos design de tudo, seja observando as gôndolas e a sinalização do supermercado, as placas de rua, os impressos que chegam a nós todos os dias e a embalagem daquele café que nos acompanha sempre, mais rapidamente essas informações nos estimularão e chegarão aos nossos cérebros nos ajudando a solucionar os problemas apresentados nos projetos de design que somos desafiados a fazer todos os dias.

O diferecial de uma pessoa que já chegou ao nível de especialista é de que ela jamais se satisfaz com o que aprendeu ontem. Ela quer sempre mais, para que os próximos projetos sejam sempre melhores. Grandes profissionais do design dedicaram-se muito muito até chegarem ao seu ápice, até fazerem o projeto de suas vidas, aquele que lhes deu visibilidade e, podem ter certeza, o próximo será sempre melhor, pois agora ele tem um nome a zelar.

O importante é chegar ao nível de especialista e, começar tudo de novo, para ser sempre melhor e melhor. Pois segundo Gladwell “talento, só, não basta, é preciso trabalho duro para ser um fora de série” e, isto só se consegue com treinamento, prática, fracasso e aprendizado. A questão é cerebral e, para saber mais sobre, indico uma reportagem antiga da Revista Super Interessante entitulada “O segredo do sucesso”, que pode ser encontrada neste link (http://goo.gl/KMvNh) e que fala ainda mais sobre a teria das 10 mil horas, e sobre quais são os fatores que levam as pessoas a se darem bem na vida e o que podemos fazer para chegar lá.

Para concluir, cito um designer que gosto e me inspiro muito e, que trabalhou bastante até chegar ao nível de especialista: Jan Tschichold.

Alemão, foi tipógrafo, designer gráfico, professor e escritor. Uma das maiores influências para a tipografia do século XX. Era filho de um pintor de letreiros e caligrafista, o que o estimulou tipograficamente desde a sua infância, para depois trabalhar e produzir obras como:

A forma do livro: ensaios sobre tipografia e estética do livro, que traz ensaios que Jan escreveu entre 1937 e 1974 abordando, de maneira didática, os vários aspectos da composição tipográfica e;

As fonte Sabon: inspirada na tipografia impressa de Claude Garamond, para ser utilizadas em impressão tipográfica, composição manual, fotocomposição, linotipia e monotipia.

sabon1 sabon2 sabon3

E vocês, leitores. Já estão chegando ao nível de especialistas? Já realizaram suas obras-primas? Me contem um pouco sobre suas caminhadas, seus aprendizados, seus fracassos e seus sucessos.

Um abraço e até a próxima…

Referências:
http://tipografos.net/designers/tschichold.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jan_Tschichold
http://super.abril.com.br/ciencia/sucesso-584272.shtml

Forma do Livro, A – Ensaios sobre Tipografia e Estética do Livro

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