Design Aprenda a precificar o seu design – Parte 1 de 2

Aprenda a precificar o seu design – Parte 1 de 2

Por Mauri Ribeiro

Olá, pessoas!

Como prometido no post da Coala Design da semana passada, vou estar escrevendo 2 artigos que podem ajudar iniciantes (ou profissionais com mais experiência) a precificarem de forma mais justa seus trabalhos. Como esse assunto é extenso, vou tentar filtrar em 2 partes. Na primeira, vamos focar em entender qual tipo de profissional você é e em qual momento está. Cada profissional tem uma carga de experiencia diferente e isso influencia em como ele é enxergado, influenciando os valores cobrados.

Após entender isso, podemos ir pra o segundo artigo que focará mais em ajustar o valor das suas horas, tempo que levará para cada trabalho, complexidade e algumas ferramentas que podem ajudar a desenvolver o seu negócio.

Como se trata de um tema difícil, talvez esses artigos fiquem um pouco longos, mas peço que leiam com calma e quando realmente tiverem tempo de consumir tudo. Se ficar cansativo, para e ler outra hora. Beleza? Então, bora lá!

Aprendendo a dar valor ao seu design.

O primeiro ponto trata do bom senso, que nós, profissionais criativos, precisamos ter. Se quisermos realmente nos levar e fazer as pessoas nos levarem a sério, precisamos ter a sensibilidade de dizer não. Eu sei, não é fácil no começo, quando queremos principalmente expor nossos aprendizados, mas não dá pra fazer uma logo pra alguém por R$ 100,00. Claro, existem situações e situações. Eu sei. Mas é importante dar valor ao seu trabalho, independente se tá começando ou já é veterano.

É difícil ter aquele sentimento, principalmente no começo, de que não aparece nada pra aplicar todas aquelas técnicas e estudos, eu sei. Mas, aprenda a fazer trabalhos, mesmo que por um preço menor, mas nunca pra ser explorado. Essa postura é importante no começo – mesmo sendo difícil – pra fazer você dar valor ao profissional que vai se tornar na frente. Sério, já passei por isso e realmente acontece.

Pra finalizar esse tópico, lembre que tudo o que vivenciamos agora, reverbera para o futuro. Ter algumas posturas no início de carreira, vai fazer você ser melhor e melhor lá na frente. Continue estudando e aprendendo, as pessoas vão perceber isso e gradativamente aparecerão trabalhos e projetos pra suas técnicas. Mas tudo exige tempo e paciência. Beleza?

APRENDA E ENTENDA EM QUAL CONTEXTO E MOMENTO PROFISSIONAL  VOCÊ ESTÁ ENQUADRADO

Esse é o ponto central da nossa discussão.

Quando entendemos o contexto que estamos inseridos, o local que vivemos, o tipo de profissional que somos é muito mais prático definir valores para qualquer projeto. Por isso, vamos focar nesse autoconhecimento com a intensão de nos descobrimos e nos basearmos nisso para estabelecer quanto custa cada design que concebemos.

– Os 3 níveis de profissionais que existem

NA MINHA CONCEPÇÃO, existem 3 tipos de profissionais/empresas. Nesse caso, to tratando o designer como empresa, beleza?

São eles: designer júnior, designer sênior e designer premium. Cada um deles está em um patamar diferente e isso é o que diferencia tanto os preços cobrados por diferentes profissionais. Vamos explorar cada um deles pra entender melhor.

– Designer Júnior

Esse cara, DE ACORDO COM MEU PONTO DE VISTA, é aquela pessoa que está começando. Geralmente, é alguém que tá entrando na faculdade agora ou que está começando a aprender Corel/Illustrator e Photoshop porque gosta ou se identifica com a área. i

Claro, esse cara tá empolgado, tá estudando que nem um louco e querendo aparecer pra o povo. Se tiver muito no início mesmo, provavelmente vai rolar um monte de arte feia (mas claro que na sua cabeça e na de sua mãe vai estar maravilhoso). Esse cara vai cobrar um valor muito abaixo do esperado pra qualquer trabalho e é ok isso. Ele precisa de experiencia, de know how pra pegar outros trabalhos. Muitas vezes, esses trabalhos saem até de graça só pra ter o prazer de fazer. O preço que esse cidadão vai cobrar é muito baixo e é tranquilo pra esse momento que ele vive.

Claro que a maioria dos profissionais percebem quando isso não tá sendo suficiente. Aquele período de pegar trabalhos mais fáceis vai passando e você vai começando a pegar coisas mais complexas pra esse primeiro nível. E aí, vai existindo uma gradação de tipos de trabalho; nessa fase, os seus valores já não são os mesmos que do parágrafo anterior, a coisa já está mudando. Sabemos que ainda não são projetos extremamente robustos, mas também não é aquele cartaz de divulgação feioso que foi feito antes.

Nesse ponto, você ainda é um designer júnior, pois ainda não possui certas habilidades, mas está crescendo na escala. Esse tempo de cobrar qualquer coisa e pegar projetos com o mínimo de complexidade possível passa de forma diferente pra cada um. Você vai errar e errar, mas só falhas são capazes de fazer melhorias. Entenda que existem vários níveis no Júnior: vai do iniciante à alguém já conhecido e isso vai alterar seus valores. Tem gente que mesmo após anos continua no nível 1 porque não quer/consegue avançar. Mas você vai perceber quando começar a valorizar seu próprio tempo e serviço. Sério, acontece.

Pra finalizar, esse nível é o mais básico onde designers com pouca ou nenhuma experiencia começam a caminhar. Nessa subida, os valores cobrados vão de muito pouco pra alguma coisa. E estando nesse nível, você sabe que o valor pra esse momento tá bom. Mas com tempo, vai perceber que isso já não é suficiente, que seu design está valendo mais do que você está cobrando agora e seus clientes já estão entendendo que vale a pena pagar mais pra ter você no projeto, aí, exatamente nesse ponto que você vai começar a se tornar um designer sênior.

– Designer Sênior

Digamos que você já fez muitos trabalhos pequenos do nível 1, já entende mais ou menos como se portar com os clientes, já tem certas habilidades e está buscando clientes e desafios maiores. Quando essas características pintam, você pode se considerar estar aumentando de nível.

Esse cara já passou pela fase 1, já tem uma certa reputação, já sabe mais ou menos como lidar com as pessoas, como conseguir projetos… já tá bem encaminhado na parada. Esse cara alcança o nível 2 que é quando projetos e valores vão se expandindo. Existem vários tipos nessa categoria. Recém-chegados e veteranos. Quando você é recém-chegado, ainda tem muita coisa do nível júnior. Ainda não sabe precificar bem, as vezes cai em emboscadas, cobra valores que não bem calculados, não cobra por alterações,  não mede as condições dos projetos… mas mesmo assim, o seu preço não é mais o do nível anterior.

Com o passar do tempo, experiencias extraídas (principalmente de situações em que se sai prejudicado), começamos a entender melhor o mercado, como nos portar, como expandir conhecimento, como chegar em clientes… e claro que isso influencia em nosso preço. Você já está ciente de que o seu design não é todo mundo que pode fazer e que se o cliente não tem orçamento ou interesse, pode procurar um com menos experiencia e que pode cumprir a demanda. Eu sei que existem situações extras que mesmo em níveis altos, se abrem mão pra valores menores, mas não é o que estamos abordando aqui.

Todo esse emaranhado de coisas fazem você crescer como designer/profissional. O acumulo de noção sobre a área e como isso influencia nos valores já são coisas claras. Aí, começam a pintar clientes fixos, clientes maiores, gente que dá realmente valor ao que você faz e por aí vai… esse nível é bom, provavelmente com mais facilidade de conseguir clientes, pois o porte não é de um iniciante e também não é de um cara no topo da escala. É um tipo de serviço com um bom preço e que agrade você e o cliente. Mas é importante saber crescer pra que isso não dure mais que o necessário.

Pra finalizar, esse estágio é onde profissionais com alguns anos de experiencia estão. Essas pessoas já têm maturidade de mercado, de saber dizer não pra o que não é vantajoso, pra saber como lidar com clientes, pra ter responsabilidades com projetos maiores e se arriscam mais (calculadamente, claro). Obviamente, isso tudo se agrega no valor, pois você já percebeu que seu nível subiu, que já não é o iniciante de antes. E não dá pra dizer com clareza quando isso vai acontecer, é apenas algo que cada um sente. Mas você vai perceber essa transição para esse novo posicionamento mais profissional e menos amador. O que nos leva ao nosso último nível.

Designer Premium

Essa esfera é o nível mais alto da parada. Esses caras são geralmente a galera que realmente pega clientes que pagam valores altos (justos) pelo trabalho, e eles possuem ‘cacife’ pra enfrentar a responsabilidade que são cobrados pelos clientes. É o nível que todos querem chegar, mas pra que isso possa acontecer é necessário o crescimento em muitos aspectos e anos, muitos anos, de exercício da profissão.

Esses tipos de profissionais são geralmente mais focados em áreas específicas e não tão generalistas como se espera que sejam nos níveis anteriores. Por serem bons, realmente bons no que fazem, existe muita valorização por parte dos clientes que exigem que essas pessoas façam trabalhos para suas empresas, pois o selo de qualidade é garantido.

Não é todo cliente que pode pagar por esse tipo, até porque os valores são bem mais altos que os anteriores, mas a qualidade também é justificada pelo preço. É o ponto mais difícil que se pode chegar e é extremamente complicado, mas é possível.

Resumindo, esse nível é o mais alto da pirâmide. Geralmente envolve profissionais de alto nível, valores mais altos e projetos maiores. Eles tem muita responsabilidade, mas também muita procura e isso tudo se manifesta em money.

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Entender em qual desses níveis você se encaixa é essencial pra começar a formular preços. Não adianta querer ser do nível Sênior se você não tem experiencia e não entrega nada que essa categoria precisa. Como também não adianta ser um Premium se você não tem cacife pra isso. Cada etapa exige tempo, muita dor de cabeça e ralação, e depois disso que vamos conseguir avançar e crescer ainda mais. Por isso, não precisa ter pressa, tudo chega pra quem tá estudando e avançando.

O LOCAL EM QUE VOCÊ ATUA TAMBÉM DIZ MUITO SOBRE O SEU PREÇO

É sempre interessante pensar que cada local tem uma faixa de preço a se seguir. Eu, por exemplo, moro no interior de Pernambuco (em Caruaru pra ser exato) e a faixa de preço daqui é bem, bem abaixo de São Paulo, Rio e outros grandes centros. Claro que se eu pego um cliente local não vou poder cobrar um preço desses lugares. É super inviável. Mas quando eu pego um cliente desses de fora, posso (e devo) praticar os preços de lá, porque se o valor for como o da minha cidade, talvez o cliente ache muito barato e não dê credibilidade para o trabalho.

É massa você acompanhar e entender os valores além do local em que vive. Vai te ajudar a criar padrões e saber como mais ou menos se cobra pra desenvolver um certo trabalho em outros lugares. Infelizmente, se você não está no nível premium, vai ter que se acostumar a cobrar o que os clientes podem pagar, claro que isso não significa cobrar menos do que se merece. Mas, cobrar valores que os clientes podem pagar sem reclamar tanto e desistir, entende?  E se vocês conseguirem pegar clientes de fora, que geralmente pagam melhor que o das suas cidades, isso no caso de quem mora muito afastado de grandes centros como eu, vai ser melhor ainda.

Então, é importante entender que o valor praticado na sua cidade não é o de outra. Isso é realmente importante. Tenha isso em mente também.

HOME OFFICE X PONTO FÍSICO

Se você trabalha em casa, seu preço obrigatoriamente (ou não) precisa ser menor. O custo da sua casa é menor do que o de um ponto físico. Por exemplo, se seu quarto é seu escritório, o custo que você vai ter será energia, água, comida, internet e manutenção de equipamentos. Se morar com os pais ou com algum parceiro ou parceira, esses gastos serão divididos (ou totalmente sanados). Dessa forma, o preço precisa ser menor, mas que justifique esses pequenos gastos.

Agora, se você além de ter sua casa com todos esses custos, ainda tem um espaço que tem os mesmos tipos de custos, seu preço precisa ser maior. Porque esse valor tem que ser justificado no seu projeto, entende? Você cobra o que precisa pra cobrir seus custos e ainda ter um lucro no final. Então, é importante saber que essas características também influenciam.

Existem designers de nível 2 e 3 que se encontram nas duas situações expressadas em cima. Os preços que eles vão cobrar são invariavelmente diferentes pelas situações que eles vivem. Mas claro, existem exceções e o que falo não é uma regra, mas apenas situações que já presenciei através de eventos, conversas e experiencias pessoais.  Mas o ponto base disso é saber que o seu local de trabalho é mais um fator de preço.

CALMA, JÁ VAMOS CONCLUIR

Pra resumir tudo, esse primeiro artigo é focado em disseminar os contextos que podemos estar inseridos para criar boas estratégias de precificação. A primeira coisa é entender em qual nível da pirâmide estamos. No nível 1, geralmente se concentram aspirantes e estudantes de design. Os valores são bem baixos (ou inexistentes no começo), mas vão aumentando com o acúmulo de experiencias nessa categoria. Uma vez já ciente e depois de algum tempo, começamos a evoluir pra o segundo nível.

No segundo, geralmente já são designers com 3 ou mais anos de atuação, que já tem portfólios legais, trabalhos maiores e talvez até clientes fixos. Essa galera já tem mais experiencia, já sabe se relacionar com clientes, prospectar oportunidades… claro que o preço cobrado vai ser maior que do nível 1, porque eles já percebem que não são mais iniciantes.

Após avançar nesse nível, o profissional vai se expandir e chegar no ápice da pirâmide: o premium. Nesse estágio, o profissional já tem muita credibilidade, geralmente por ficar muito tempo no nível 2. Já tem uma rede de clientes, contatos e a entrega dos projetos tem muita qualidade. Fazem parte do patamar com mais responsabilidade, mas isso se justifica no preço.

Após isso, vimos uma série de características que influenciam o quanto cobrar.

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É interessante que você analise tudo isso e descubra onde está. É difícil, eu sei. O autodescobrimento é complicado mesmo, mas faz parte do processo de crescer e amadurecer na profissão. Eu sabia quando estava no nível 1, você percebe isso. Mas de alguns anos pra cá, eu tenho a plena noção que eu estou na metade do segundo nível e sei que preciso melhorar muito, pra chegar no nível 3. E não precisa ter pressa, acontece.

Considerando o local, onde trabalha e em qual escala você está, podemos definir alguns valores (especulativos, pois cada projeto tem uma necessidade diferente) para a construção de uma marca. ENTENDAM, isso é uma simulação pra exemplificar os preços de cada nível, talvez isso não se aplique ao local e o momento que você está.

Concepção de marca D. Júnior = R$ 300,00.

Concepção de marca D. Sênior = acima de R$ 1.500,00.

Concepção de marca D. Premium = Acima de R$ 5.000,00.

Percebe como são diferentes? Cada nível, aliado ao contexto, permite praticar um certo preço e esse é o ponto da nossa discussão. Pense com calma onde você está, analise os fatores e defina o seu lugar na pirâmide.

Após isso, a gente pode discutir ferramentas e algumas pequenas técnicas pra ajudar a precificar o seu design.

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Tudo o que falei não é regra, apenas um pensamento e ele pode ser expandido com a troca de ideias com vocês. Tem muitas outras coisas que poderiam ser exploradas e aprimoradas para formular preços, mas esse é um resumo para que você possa se guiar. Por isso, peço que comentem o post pra que possamos ir melhorando esse conteúdo gradativamente. Beleza?

Até semana que vem e uma boa água com gás pra vocês.

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