Estamos em constante mudança, seja no estilo de música que a gente escuta, seja nas roupas que a gente usa ou até mesmo a nossa percepção sobre o mundo ao nosso redor.
E como não poderia ser diferente, essas mudanças estão presentes nas obras cinematográfica, não somente no visual de um filme, mas também na maneira de contar histórias.
Essa maneira de pensar ficou mais evidente para mim quando revi dois filmes recentemente, o Karate Kid de 1984 e o seu remake de 2010. Os dois filmes possuem os mesmos argumentos, porém com uma linguagem totalmente diferente uma da outra, gerando assim divergências entre gerações.
A primeira versão do filme tem uma abordagem mais centrada no crescimento do personagem Daniel Larusso, mostrando sua evolução desde o momento que ele sofre bullying na escola até sua preparação junto com o Sr. Miyagi para um torneio de artes marciais.
Cena do filme Karate Kid de 1984 (Foto: www.timeout.com)
Apesar de ser uma história com foco em uma luta, algo que era tendência na época, o filme se sustenta mais em metáforas e longos diálogos sobre como devemos aprender com a vida.
Já o segundo filme, onde o personagem principal é interpretado pelo Jaden Smith, o filme trata mais sobre o amor pelas artes marciais do que na evolução do personagem, tanto isso é verdade que o papel de mestre fica por conta do ator Jackie Chan, ícone dos filmes desse gênero nos anos 80.
Cena do filme Karate Kid de 2010 (Foto: www.imdb.com)
Mas porque isso acontece?
Como disse no ínicio do texto, é por uma questão de percepção, embora eu goste muito mais do primeiro filme, dificilmente ele seria bem aceito pelo público de 2010, afinal de contas temos diálogos com mais de 10 minutos para reforçar conceitos e situações, algo que seria inaceitável em uma época que não temos tempo a perder.
O remake não possui tantos diálogos e foca bem mais nas coreografias de luta, sendo visualmente mais atrativo que o filme de 1984, ainda mais quando falamos de Jackie Chan.
E qual a ligação que isso tem com o design?
Por mais que eu goste do “voo da garça” do Daniel San, tenho que entender que nem todo filme é feito pra gente consumir, sendo que isso acontece também com o design.
Quando vamos desenvolver algo para alguém, temos que ter consciência do público que queremos atingir, como já dito antes, mas mais do que isso, também o contexto onde nossa criação vai ser aplicada e até mesmo o tempo que vivemos atualmente, por isso estudar tendência de linguagem é de extrema importância no dia-a-dia de qualquer criativo.