Design Criadores Super-Homens & Criadores Batmans

Criadores Super-Homens & Criadores Batmans

Por Islard Rocha

Calma!!! Não entrarei na velha discussão para saber quem é o melhor herói – Batman ou Super-Homem -, quero deixar claro que o título do artigo faz referência ao capítulo do livro “O designer humilde: Lógica e Ética para Inovação“, do designer Charles Bezerra, no qual ele afirma que essa referência é apenas uma analogia útil para que entendamos melhor uma diferença fundamental na atitude que temos frente aos processos de Design. Afirmando ainda, que estes podem ser substituídos pela Mulher-Maravilha e pela Batgirl no caso das criadoras.

“As vezes costumo pensar na capacidade de conceber o novo como uma forma de superpoder.”

É com essa frase interessantíssima que o designer Charles Bezerra inicia o capítulo “Criadores Super-Homens e criadores Batmans”, ao ler essa frase pela primeira vez comecei a refletir sobre como é belo e poderoso o ato de criar novos produtos. Fiquei pensando durante alguns minutos no quão gratificante é olhar para algo e dizer: Legal né? “Fui eu que fiz!”

No entanto, ao continuar a ler o livro – este capítulo especificamente – pude perceber que além das maravilhas que este superpoder gera. Existem também todos os impactos que nossas criações causam em nossa sociedade. Afinal, como diria o Tio Ben: “Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades”.

Particularmente, acredito que Charles tenha conseguido trazer à tona a questão da ética relacionada aos processos de Design de maneira muito didática e extremamente atraente ao trazer dois grandes super-heróis para nos explicar sua perspectiva para as atitudes que os designers tomam ao desenvolverem novos produtos.

Charles enxerga o ato de criar como um momento máximo e único de nossas mentes e que costuma pensar nos criadores divididos em dois tipos: o tipo Super-Homem e o tipo Batman.

Ele afirma que os criadores do tipo Super-Homem seriam aqueles que acreditam que possuem mais poder de criação do que os outros. Ou que são capazes de resolver os problemas de Design melhor que os outros e que a segurança que este tipo de criador possui durante o processo de design vem da confiança que têm em si e que esses criadores são naturalmente mais arrogantes, pois até mesmo quando necessitam de ajuda tendem a chamar todo o crédito de possíveis resultados alcançados para si.

Adaptado de coloring-pages.com

Segundo Charles, no contexto atual em que vivemos, no qual a mídia superficial exerce grande influência na sociedade, é natural que os criadores do tipo Super-Homem estejam em posições de destaque. O autor afirma também que eles são facilmente identificáveis, pois há neles uma necessidade de trazer o assunto para eles próprios e costumam fazer uso excessivo da palavra “eu”. Dito isso, Charles alega que este criador pode estar mais interessado na fama que o design possa vir a lhe trazer, do que na real solução do problema.

Já, os criadores do tipo Batman são aqueles que têm uma atitude mais discreta quando trabalham. Sabem que não são fundamentalmente diferente dos outros, mas, de acordo com o autor, o que os diferencia é o seu “cinturão de utilidades”. Uma vez que estes criadores sabem que seu poder não vem necessariamente deles mesmos, mas das ferramentas e métodos de solução de problemas que possuem e desenvolvem.

Adaptado de pinsdaddy.com

Conforme Charles, a segurança desse tipo de criador vem de sua confiança em habilidades e métodos aprendidos. Por isso, são mais humildes e mais capazes de trabalhar em equipe. O autor afirma, que por serem mais humildes e colocarem o foco em competências e métodos de solução de problemas, esses criadores são mais capazes de ouvir críticas e de desenvolver novas ferramentas para novos problemas. São mais cientes de suas limitações, e por isso estão mais abertos a aprender, o que os leva a evoluir intelectualmente e os faz inovar com constância.

De acordo com Charles, para se criar com excelência é preciso habilidade e força intelectual para explorar hipóteses, porém, é igualmente necessário humildade para expor essas hipóteses a um teste crítico. Citando como exemplo o processo de especulação e teste, descrito em detalhes pelo filósofo Karl Popper em seus livros, The Logic of Scientific Discovery e Conjectures and Refutations.

“Quanto mais o foco dos processos de design está no designer, mais difícil é expor as ideias e conceitos à crítica.”

Charles usa essa frase para se referir ao problema do ego dos criadores Super-Homem, pois ele diz que este ego os torna defensores de suas ideias e os faz se distanciarem do criticismo, que é o único caminho para um verdadeiro processo de inovação. E diz que, uma vez que não existem garantias durante o processo de design, e nenhuma mente pode se achar superior ou inferior a qualquer outra mente, o máximo que podemos fazer é descobrir com humildade as melhores maneiras de resolver os problemas que encontramos.

Particularmente, esse texto me fez refletir bastante sobre o designer que sou e também sobre o designer que quero ser, pois, como o próprio autor coloca em um dos últimos parágrafos deste capítulo:

“A verdade é que não somos super-heróis.”

Infelizmente, não somos super-heróis, mesmo quando buscamos resolver um problema, terminamos, na maioria das vezes – para não dizer sempre -, gerando outros problemas. Concordo com a conclusão do autor que aponta que nossa sociedade precisa de mais designers do tipo Batman, pois precisamos não somente da lógica e do intelecto, mas também do caráter e da ética para que possamos realmente gerar impacto positivo em nossa sociedade.

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