Crítica fora da curva: Peter Pan e Wendy

Lançado dia 28 de abril no Disney plus!

O filme ‘Peter Pan e Wendy’ lançado no Disney plus, é uma releitura mais sóbria da história que já é conhecida e amada por muitos no mundo inteiro. Trazendo pequenas mudanças em relação às adaptações anteriores, e acrescentando detalhes que ajudaram a história do Peter a ter mais coesão e desenvolvimento para o personagem. Contudo, nessa nova adaptação, faltou um pouco da magia que é ponto alto da obra. Além de que, as comparações com o filme lançado 2003 serão fortes. Pois, marcou uma geração, e para muitos é considerada a melhor adaptação de “Peter Pan” já feita.

Nessa nova versão, como de costumes, seremos apresentados a Wendy Darling (Ever Anderson) e seus irmãos que amam a história de ‘Peter Pan’ e vivem brincando disso. Mas Wendy irá para um internato para aprender a ser uma dama da sociedade e crescer, porém, não é o que a menina deseja. A partir disso, nosso outro protagonista Peter (Alexander Molony) aparece junto com sua amiga fada, Sininho (Yara Shahidi) para leva-los a ‘terra do nunca’ e viver uma vida cheia de aventura, e o principal sem adultos, sem crescer. A princípio, nada diferente do que já é de conhecimento público, entretanto, os problemas começam mesmo quando eles chegam à ‘terra do nunca’ o lugar não tem quase nada de diferente de uma ilha comum, não tem diferentes locações como, por exemplo, a floresta das fadas, a tribo dos indígenas, a árvore dos meninos perdidos, etc. O que acaba por tirar um pouco da mágica do filme e da própria obra que conhecemos. O longa em si, não é ruim, mas algumas escolhas de narrativa, ambientação e cortes, que deixam o filme muitas vezes sem graça e parado e podem fazer você se distanciar do filme e não criar nenhuma conexão com ele. O que mais agrada na trama é o melhor desenvolvimento da relação do Peter e o capitão Gancho (Jude Law), mostrando como se conheceram e como criaram essa inimizade, a ponto de se odiarem mortalmente. Ademais, temos um desenvolvimento e destaque maior para Wendyexplorando melhor seu dilema de crescer e perder a maravilha que é a infância, o que poder deixar muitos revoltados, mas eu gostei. Todavia, faltou um pouco de tato da roteirização na hora de equilibrar o protagonismo das personagens, as vezes o Peter fica apagado.

Em relação às atuações, Ever Anderson, consegue entregar uma Wendy, forte, cheia de opinião, e sonhadora, sendo um dos maiores destaques para mim. Alexander Molony, mesmo sendo um fofo, não consegue entregar um Peter tão carismático e galhofa como pedia, mas sua atuação não é ruim. Jude Law, traz uma composição de Gancho como se tivesse saído de ‘Piratas do Caribe’, sujo, violento, e sem nenhum charme, uma das caracteristcas mais exploradas. Porém, isso não é ruim, e condiz com a sobriedade do filme. Yara Shahidi, se esforça muito para fazer uma boa Sininho, mas os efeitos visuais e o roteiro deixam ela, muito qualquer coisa, sem presença nenhuma praticamente.

A direção e roteiro ficaram por conta de David Lowery, que dizia querer fazer sua própria versão de “Peter Pan” e conseguiu, mas com muitos erros e poucos acertos. No quesito roteiro ele conseguiu fazer algo descente, porém, pecou em não explorar o mundo fantástico que ele tinha. E na direção ele compõe cenas bem bonitas do ambiente com os planos abertos, a parte de voar, e nas cenas de ação. Contudo, deixou a conexão do elenco de lado, e isso fez com que eles não tivessem uma sintonia muito boa, como em “Stranger Things”, por exemplo.  

Mesmo sendo um filme bem executado tecnicamente falando, faltou tempero, faltou mágica, faltou mais mundo fantástico e menos mundo real, menos sobriedade, como o diretor e roteirista quis fazer. É um filme que diverte e cumpre seu papel, apesar dos seus erros, mas está longe de ser uma das adaptações mais lembradas de “Peter Pan”, e olha que eles tinham tudo para entregar algo incrível, só faltou uma melhor execução da ideia proposta. Infelizmente a dona Disney desperdiçou uma grande oportunidade, a sorte é que o filme não foi para os cinemas.