Estreia dia 27 de abril de 2023 nos cinemas
“Renfield-dando o sangue pelo chefe” é uma experiência brutalmente divertida, mas também uma ótima metáfora para falar sobre relacionamento abusivo. Além de extremamente nostálgico para os amantes dos filmes clássicos do “monsterverse” (universo dos monstros) que envolve todas aquelas criaturas sobrenaturais que já conhecemos bem. Como, por exemplo, o drácula, lobisomem, monstro de Frankenstein, etc. Contudo, veremos um desses monstros, no caso, o famoso conde Drácula, de uma forma completamente inusitada, charmosa e mortal.
-Na história, iremos acompanhar o pobre Renfield (Nicholas Hoult) que é o servo do príncipe das entrevas, Drácula (Nicolas Cage) que após passar séculos servindo o seu mestre, cansa da vida triste que levava e resolve se rebelar, decidindo viver a vida normal que tanto desejava, além de se apaixonar pela policial de blitz Rebecca Quincy (Awkwafina), que só queria acabar com o crime organizado do seu bairro e vingar a morte de seu pai, mas acabou se envolvendo num problema bem maior com o senhor das trevas. Entretanto, o conde não vai gostar nada disso, e vai buscar punir o seu servo desobediente e a polícia enxerida. E juntos eles terão que matar o vampirão.
A princípio, a premissa do longa pode parecer clichê, e aparenta ser mais uma comédia romântica boba. Porém, o filme não é nada de clichê e nada romântico. Fui pego de surpresa, pois esperava uma coisa e recebi outra mil vezes melhor. Sendo uma sátira do clássico filme do vampiro mais amado do cinema. Com ótimas piadas, cenas de ação muito boas, bastante sangue, tripas, pancadaria e um elenco maravilhoso. Completando a cereja do bolo, consegue falar sobre um tema importante, socialmente falando, que são os famosos relacionamentos tóxicos, todavia, isso é feito de uma forma fora do convencional, divertida e motivacional, usando a relação do protagonista com o seu mestre. Graças a esse pacote de diversão, mesmo sendo um filme de tempo normal, ele passou tão rápido quanto o conde matando as pessoas, e ainda que (dei) boas rizadas do começo ao fim.
A escalação do elenco colaborou bastante para o sucesso do filme. Nicholas Hoult, consegue trazer à tona um típico codependente que busca se libertar de seu relacionamento problemático, mas não é algo tão simples de se fazer, pois seu abusador não é uma pessoa comum. Porém, ele consegue trazer várias camadas ao seu personagem, não se limitando ao seu papel designado. Awkwafina, continua sendo muito carismática e divertida, e até consegue trazer um pouco de peso dramático para sua personagem, contudo, ela não inova no seu método de atuação. Entretanto, o destaque do filme é o nosso querido e criticado Nicolas Cage, que volta com gás as telonas, e entrega um Drácula diferente de tudo que já vimos até hoje, debochado, engraçado, imprevisível e mortal. Além de ter aquele toque de exagero que alguns amam e outros odeiam.
O roteiro ficou nas mãos de Robert Kirkman famoso escritor de histórias em quadrinhos como, Invincible e The walking dead, e ele mostra que sabe escrever uma boa história mais uma vez. Mas ele não está só, como co-roteirista, temos Ryan Ridley, ator, roteirista e produtor que dever ter ajudado na parte cômica da narrativa, já que participou da série Community. Já na direção, o escolhido foi Chris McKay, extremamente conhecido e prestigiado em Hollywood, e responsável por muitos filmes conhecidos, por exemplo, Lego batman, uma aventura lego, Guerra do amanhã, Lego ninja go, e o recente Dungeons & Dragons: Honra Entre Rebeldes, que foi bastante aclamado pela crítica e público. Com esse time de peso, não e à toa que o longa é essa obra de comédia bem feita.
Por fim, “Renfield-dando o sangue pelo chefe” é uma ótima releitura para os filmes do Drácula, traz consigo claras referências ao filme de 1931, desde cenas icônicas sendo recriadas ou o próprio visual do conde, que é idêntico. E ainda consegue divertir do começo ao fim, o que é um grande feito, já que nem todo filme de comédia consegue cumprir seu papel. Então, não perca tempo, e vá morrer de rir com o Drácula de Chernobyl. Pois, o conde, vale cada centavo, a não ser, que prefira dar seu sangue.