Deepfake: o que é, como funciona e por que você precisa entender

Deepfake: o que é, como funciona e por que você precisa entender

Por Oliver Pontes

Quando nem os nossos olhos sabem mais no que acreditar

Você já viu algum vídeo onde uma pessoa famosa aparece dizendo algo polêmico, mas depois descobre que aquilo nunca aconteceu? Pois é. Pode ser que você tenha assistido a um deepfake, uma das tecnologias mais fascinantes (e perigosas) criadas com inteligência artificial.

Deepfake é uma mistura das palavras “deep learning” (um tipo avançado de inteligência artificial) com “fake” (falso). É uma técnica que usa IA para criar vídeos e áudios falsos, fazendo parecer que uma pessoa está dizendo ou fazendo algo que, na verdade, nunca aconteceu.

Pense no deepfake como um tipo de maquiagem digital. Só que ao invés de usar pincel e base, ele usa códigos, algoritmos e dados para transformar rostos e vozes. É como se alguém pudesse “vestir” a sua cara e imitar sua voz com uma precisão absurda.

Se você já assistiu Missão Impossível, vai lembrar das máscaras que o Tom Cruise usa pra se disfarçar de outras pessoas. O deepfake faz algo parecido, só que digitalmente. Em vez de uma máscara física, a IA cria uma “máscara virtual” que se encaixa perfeitamente no rosto de outra pessoa, em tempo real.

Lembra do filme O Curioso Caso de Benjamin Button, onde envelhecem e rejuvenescem o Brad Pitt digitalmente? Agora imagine fazer aquilo, mas em qualquer vídeo da internet, com qualquer pessoa, e sem precisar de um estúdio de Hollywood. Esse é o poder do deepfake.

Pra criar um deepfake, a inteligência artificial precisa de muitos vídeos ou fotos de uma pessoa. Ela aprende como essa pessoa se move, fala, expressa. Depois, o sistema pode colocar esse rosto em outro corpo ou até fazer essa pessoa falar algo que ela nunca disse.

A voz também pode ser clonada. Com poucos segundos de áudio, já dá pra gerar falas falsas com entonação natural. Resultado: um vídeo falso que parece real.

Imagine um vídeo falso de um político dizendo algo grave, um falso depoimento de uma testemunha, ou até um vídeo íntimo que nunca existiu, mas parece real. O deepfake pode ser usado pra enganar, manipular, difamar e até cometer crimes.

Em 2019, circulou na internet um vídeo do ex-presidente dos EUA, Barack Obama, dizendo palavrões e fazendo piadas que ele nunca fez. Era um deepfake criado por artistas digitais para alertar sobre os riscos dessa tecnologia.

O deepfake é, sem dúvida, uma das tecnologias mais impressionantes da era digital. Mas como em todo filme de ficção científica, também tem seu lado sombrio. Entender o que é e como funciona é o primeiro passo pra não ser enganado.

Se antes a gente dizia “ver pra crer”, agora é melhor dizer: “ver, desconfiar e pesquisar”.

Mostrar esse texto pra quem você ama pode ser uma forma de proteger eles. Porque no fim das contas, a maior defesa contra vídeos falsos ainda é uma coisa que máquina nenhuma consegue simular: pensamento crítico.

E se você quiser uma imagem que represente o momento em que tudo muda, pense em Matrix, quando Neo descobre que o mundo ao seu redor era uma simulação. Deepfakes fazem o mesmo com nossa percepção do real: tiram o chão daquilo que a gente vê e ouve, e nos obrigam a fazer a pergunta mais difícil: isso é verdade mesmo?

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