Quero crer não ser de grande novidade que o trabalho criativo e de geração de soluções em design é feito por pessoas e centrado em pessoas, fato este, que nos leva a considerar a existência neste processo criativo, de três agentes de grande peso a ter-se sempre em conta: o designer (projetista); o cliente (contratante) e o usúario final (o cliente do contratante), onde cada um exerce um papel fundamental e condicionador da solução final e ideal para dado problema.
Foto: Adelium Castelo, in Objectos em trânsito
O designer, tem a função de projetar a solução ideal de acordo com a sua técnica, experiência e dados que lhe forem fornecidos pelo cliente, que por sua vez é quem requisita a solução, acompanha o processo criativo e aprova a solução alcançada. Pode até certo modo olhar-se a este como um intermediário com poder de decisão entre o designer e o usuário final, este que é quem coloca ao contratante problemas em relacção aos seus produtos ou serviços, assim como deixa-o munido de todas as ferramentas necessárias para alcançar a solução pretendida. Bürdek (2006) já dizia:
“A vida da maioria das pessoas não é mais imaginável sem o Design. O Design nos segue de manhã até a noite: na casa, no trabalho. No lazer, na educação. Na saúde, no esporte. No transporte de pessoas e bens, no ambiente público – tudo é configurado de forma consciente ou inconsciente. (…) Por meio dos produtos nos comunicamos com outras pessoas, nos definimos em grupos sociais e marcamos cada vez nossa situação social.”
Diríamos assim, que o design funciona como um criador de elementos ou artefatos de comunicação entre as pessoas. A questão que orienta esta reflexão, após vermos acima os três agentes principais ao se falar de trabalho em design, está em torno de para quem realmente criamos, entre o nosso cliente e o usuário final do nosso trabalho.
Adaptar a solução ao usuário e não o contrário
Quando o cliente, individual ou empresarial procura o designer, seja para agir em design gráfico ou outro, é porque precisa responder a uma necessidade identificada pelos seus também clientes, de modo a customizar um novo produto ou serviço ou aprimorar o existente. Deste modo o trabalho do designer no meio da técnica ou não, deverá ser capaz de ser feito conforme, baseando-se numa metodologia específica e direcionada que lhe permita solucionar o problema imediato do seu cliente e simultaneamente resolver satisfatoriamente as necessidades estético-práticas do usuário final. É um exercício muito profundo para o designer, a medida em que a pressão do cliente é direta e impaciente, o que pode influenciar negativamente no resultado final, enquanto que a projeção com foco no usuário final, do qual embora não se tenha um contato contínuo do tipo traço, mostro, aprovo e continuo projetando, há um contato eficiente e remoto de colheita de dados (briefing) que permite projetar calmamente e consoante a necessidade apresentada.
Enquanto Bruno Munari (2006) sugere “que se adapte o programa aos indivíduos e não o contrário”, a solução para o dilema do fim último da nossa criação pode estar relacionada a adaptação/customização de novas soluções funcionais aos usuários finais e não a adaptação dos usuários aos problemas existentes quando se negligencia a procura e intervenção de um designer. O designer detêm uma consciência e confiança criativa que lhe permite projetar fielmente à medida da necessidade apresentada pelo seu cliente e com plena preocupação com a pessoa que usufruirá finalmente da solução. Afinal de contas as soluções propostas pelo designer têm sempre em vista a satisfação a nível estético, mas sobretudo funcional das pessoas beneficárias do seu trabalho, incluíndo o seu cliente direto.
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