“Quer nosso trabalho se relacione à produção, leiaute, hierarquia de mensagem ou à estratégia de marca, podemos adotar um modelo mais sustentável e mais responsável para o design gráfico. Estamos posicionados entre os negócios e seus públicos-alvo. Imagine o bem que podemos fazer se apenas optássemos por usar o nosso poder!
Contudo, quando se trata de aspectos sociais e ambientais das comunicações, muitos designers sentem que precisam de uma permissão específica de alguém com um cargo superior para fazer a coisa certa. De repente os designers começam a dizer coisas como ‘Meu chefe não me pediu para fazer isso’ e ‘Eles não me pagam para fazer milagres’. Mas é tarefa de todos fazer um bom trabalho. Se redefinirmos o ‘bom design’ para que ele englobe o pensamento ecológico, isso automaticamente fará parte do nosso trabalho. Não precisamos de permissão para fazer algo bom, assim como não precisamos de permissão para sermos obcecados pelo kerning, por exemplo.” (Brian Dougherty)
Estampem este trecho em todos os lugares da sua casa, do seu trabalho, da sua cidade. Espalhem em todos os lugares! Retirei este pequeno e incrível trecho do livro Design Gráfico Sustentável do Brian Dougherty e cada vez que avanço na minha leitura, mais fico apaixonada pelo Design Sustentável. Esse livro foi um dos presentes maravilhosos do Design Culture e da Editora Rosari e super indico a leitura. Este livro é essencial para quem deseja aprender mais sobre Design Sustentável.
Se você é designer…
Alguma vez na vida você teve que explicar a alguém o que você faz de fato. E por mais que nós expliquemos como funciona a nossa aptidão, sempre há alguém que responde “ah, você faz artes para cartão de visita, banners, fachada de loja… essas coisas?”. E como já estamos exaustos em explicar, apenas respondemos “sim, é isso”.
De tanto repetirmos isso, acabamos acreditando nisso também. Estamos focados em ter um número alto de clientes para ampliarmos o nosso portfólio e com isso vem a necessidade de sermos rápidos em entregar um job.
E onde está o problema?
Como Brian disse “estamos posicionados entre os negócios e seus públicos-alvo”, ou seja, nós somos responsáveis por encontrar o melhor caminho para satisfazer os desejos e as necessidades do nosso cliente final e que o negócio em questão alcance o seu objetivo de forma eficaz. E Brian completa sugerindo que façamos algo mais impactante com o nosso “poder”, que façamos mais do que simplesmente cumprir o prazo que o cliente determinou. E que tal inserir em seus jobs, soluções para questões ambientais e sociais?
Sobre o Design Sustentável
Segundo Pazmino, design sustentável é…
É um processo mais abrangente e complexo que contempla que o produto seja economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente eqüitativo. O design deve satisfazer as necessidades humanas básicas de toda a sociedade. Pode incluir uma visão mais ampla de atendimento a comunidades menos favorecidas.
Muitos acham que falar sobre design sustentável é moda ou tendência. Contudo, é muito mais sério do que pensamos. O nosso planeta não está dando conta de tudo que estamos produzindo. Infelizmente, a maioria dos designers se importam mais com a beleza do produto do que com ele todo.
Não posso dizer que aderir a sustentabilidade seja algo fácil. Exige um maior estudo sobre, por exemplo, quais materiais terão menor impacto ao meio ambiente e como o produto será descartado, assuntos que nem sempre damos a devida atenção.
E uma das desculpas que normalmente falamos é “não fomos pagos para fazer isso”, como o próprio Brian expôs em seu livro. Ter uma mentalidade inovadora sobre a sustentabilidade não precisa estar descrito em uma vaga de emprego. Isso faz parte da aptidão do designer, pois nós somos projetistas.
E esta tarefa (que é a essência da nossa profissão) está começando a mudar na mente das corporações. Pois os clientes estão começando a exigir das organizações um posição clara e transparente em relação ao meio ambiente. E quem você acha que vai projetar estes novos produtos com diretrizes ecológicas?
Como posso adotar a sustentabilidade nos meus jobs?
Nas próximas semanas irei falar melhor sobre alguns conceitos da sustentabilidade que aprendi durante a minha pós-graduação. Como são extensos, vou dividi-los em matérias. Vou falar sobre o triple bottom line, simbiose industrial, valor compartilhado, ecodesign, design de sistemas, materiais eco-friendly, logística reversa, economia circular, todos aplicados na nossa profissão. Serão matérias mais didáticas porém esta é a minha intenção. Quero compartilhar com vocês todo conhecimento que adquiri no último ano.
Um das principais dúvidas dos designers é como projetar um produto já considerando o descarte dele. Entendo perfeitamente esta dúvida até porque nem em nossa graduação é dito sobre sustentabilidade com tanta profundidade (há casos que nem a palavra “sustentabilidade” é citada). Para adquirir conhecimentos sobre sustentabilidade, na maioria das vezes precisamos atuar em outras áreas multidisciplinares, como foi o meu caso. Mas em relação a recuperação e reaproveitamento, em tese, é indicado utilizar a matéria-prima em seu estado mais próximo do natural. Quando misturamos muitos materiais, estes resíduos se tornam mais difíceis para recuperar e reciclar, pois a separação dos componentes fica mais complicado.
Concluindo…
O livro de Brian Dogherty é um dos livros de referência quando se trata sobre a sustentabilidade no Design. São 184 páginas com experiências valiosas do autor. “É um livro obrigatório para designers que querem se envolver em uma das oportunidades do design mais significativas do século XXI”, afirma Clement Mok, premiado pela AIGA.
Estamos constantemente passando por mudanças em nossa profissão. Além das tendências, os fatores sociais e ambientais são os grandes responsáveis por mudar a nossa visão em relação ao mundo e ao mercado. Independente da área do design que você atua, faça a sua parte como profissional e como cidadão.
“Aprender a ser um ecodesigner é simplesmente um processo de redefinir a bússola interna que direciona nosso trabalho, para que ele inclua considerações ecológicas e sociais.” (Brian Dougherty)
Até breve!