Somos adestrados para resolver problemas, algo tão natural que, em muitos casos, nem percebemos. As fórmulas nos são dadas, os problemas são apresentados e temos que sair de uma situação problemática para uma solução, quase que como um passe de mágica.
Quando pequenos, as escolas nos cobram isso nas provas, trabalhos e disciplinas separadas, cada uma com um foco específico. Esse adestramento nos ajuda até certo ponto. Com o passar do tempo, os desafios ficam mais complexos e os problemas maiores e mais impactantes e, ainda assim, somos cobrados por problemas resolvidos como mágica.
Convidamos Gustavo Vieira, da LiveWork, a primeira consultoria do mundo de design de serviços, com mais de 400 projetos para grandes marcas, como Ford, Philips, Mastercard, Metrô de Londres. No Brasil, Gustavo já atuou em projetos com uso do Design Thinking para Natura, Itaú, Volkswagen, entre outros.
Gustavo Vieira está à frente do novo curso online Design Thinking Experience: prática, ferramentas e estratégias, na plataforma aprendeai.com. Cadastre-se para assistir a reprise da aula gratuita sobre a ferramenta de Design Thinking Double Diamond. Cadastrados já garantem o link com 30% de desconto no lançamento do curso.
De acordo com Gustavo Vieira, uma das grandes dúvidas que levaram ao Design Thinking é: somos cobrados por respostas o tempo todo, mas em qual momento nos ensinam a fazer perguntas?
De acordo com ele, com a revolução industrial (Séc. XVIII), nasceu na Alemanha, em 1919, a Bauhaus, uma escola que se propunha a formar um profissional que olhava os problemas com diferentes lentes e propunha soluções pensadas para atender as necessidades das pessoas, não da indústria. Esse profissional era o Designer. Ele era estimulado e instruído a observar os problemas de uma forma diferente, que, por prioridades da época, não pareciam ser muito relevantes.
O tempo passou, as regras do jogo mudaram, a produção pela produção, a distribuição pela distribuição e a comunicação pela comunicação já não faziam muito sentido e foi nos anos 90 que começaram a buscar um resgate do olhar de como os alunos da Bauhaus eram estimulados a resolver problemas. Voltaram a olhar para o Designer como um profissional que poderia gerar boas perguntas para resolver grandes problemas.
Para isso, deu-se o nome de Design Thinking: uma abordagem que resgata a forma de pensar de um designer para a resolução de problemas e geração de soluções relevantes para as pessoas.
O Design Thinking é uma abordagem que nos ajuda mudar o nosso estado mental e nos estimula a resolver problemas com novas perspectivas, colocando sempre as pessoas no centro das decisões e envolvendo-as em todo o processo, desde o entendimento, até a entrega das soluções.
Essa abordagem é composta por 3 pilares principais: Empatia, Colaboração e Experimentação e nesse processo estão algumas premissas importantes para se trabalhar com essa abordagem, como as relacionadas abaixo.
- No Design Thinking, o Duplo Diamante (Double Diamond), tema da aula gratuita do curso, é um processo que estimula a geração de soluções e que permite compreender o contexto, descobrir novos significados, validar ideias e testá-las. São 7 etapas que norteiam o processo:
- ENTENDIMENTO – que é o momento de divergência de pensamento
- OBSERVAÇÃO – momento de convergência de olhar e empatia
- PONTO DE VISTA – momento de convergência de pensamento
- IDEAÇÃO – momento de geração de ideias!
- PROTOTIPAGEM – momento onde as soluções ganham vida
- TESTE – momento de validar sua solução
- ITERAÇÃO momento de refinar a solução!
- Saber fazer as perguntas certas
Com o Design Thinking, sempre é possivel encontrar respostas, mas com perguntas certas. E não é uma única resposta, mas várias que podem lhe ajudar a encontrar a solução mais adequada ao problema apresentado. Diferente do que estamos acostumados, essa abordagem não nos estimula a gerar respostas de maneira desenfreada. Ela nos estimula a fazer as melhores perguntas, entender bem o problema antes de pensar como poderíamos resolvê-lo.
- Exercitar a empatia com todos os envolvidos (clientes, fornecedores, parceiros, colaboradores…)
Fazendo as perguntas certas, conseguimos entender quais são os envolvidos no problema, com esse entendimento temos que trazer o primeiro pilar à tona. A empatia deve ser exercitada em toda interação para que, a equipe que estiver resolvendo o problema, absorva um repertório diferente e possa projetar com mais relevância. É uma prática, uma técnica,um esforço no dia a dia pra conseguir exercitar esse olhar empático para com clientes, colegas, parceiros.
Há 4 pontos básicos para se conectar com as pessoas de forma empática em Design Thinking:
- Olhar pela perspectiva do outro
- Não julgar as percepções e comportamentos das pessoas
- Reconhecer emoções nas interações e contatos
- Comunicar o que você viveu.
- Entender que as pessoas estão no centro de tudo
Os problemas são sobre as pessoas, elas estão e devem estar no centro das soluções. Dessa forma é possível absorver e entender quais são os valores, dores, dificuldades, e o que pode ser melhorado para gerar as melhores soluções, com potencial inovador e valor percebido.
- Envolver pessoas diferentes no processo, com diferentes histórias, percepções e pontos de vista
A interdisciplinaridade e os diferentes pontos de vista ajudam na construção de repertório e enriquecimento de informações sobre o problema e potenciais soluções a serem geradas. Juntar pessoas é uma forma muito rica de absorver novas perspectivas para o projeto estimulando a colaboração.
- Entender o problema é tão (ou mais) importante quanto chegar a uma solução
O entendimento do problema exige uma dedicação muito grande, com atenção e energias canalizadas para isso. A equipe que está designada para solucionar o problema deve entendê-lo muito bem, por todos os pontos de vista, hipóteses, causas e pessoas envolvidas. É por meio desse entendimento que as melhores soluções aparecem.
- Pensar não só com a cabeça
O processo deve ser vivenciado e experienciado em todos os sentidos. Pense também com a sensações, elementos visuais e evidências criadas ao longo do processo. É preciso levantar da mesa, ir a campo, observar as pessoas em contexto, vivenciando o problema, construir evidências em conjunto, realizar sessões de trabalho com várias pessoas e atividades de entendimento, geração de ideias, construção de protótipos e evidências, praticando a experimentação. Essas construções criam novas conexões, validações e informações que ajudam a clarear, acelerar o caminho e chegar em soluções mais relevantes.
- Usar as ferramentas como meio e não como fim
Ferramentas são como fórmulas, que devem ser aplicadas para se chegar a algum resultado. Existem muitas, mas, mais importante que aplicar a ferramenta, é entender qual a intenção da sua aplicação. Com esse entendimento, pode-se criar e conceber novas ferramentas ou novas formas de olhar para o desafio e chegar a novos resultados.
- Errar é descobrir como não se deve fazer
O erro é visto como parte do processo. E, por estar no processo, é quase um..por estar no processo é quase um atalho para se chegar na solução mais relevante. Ele elimina uma possibilidade que, se fosse implementada, não teria o peso ou a relevância da solução que está por vir.
- Regrinhas para um bom Brainstorming
Algumas premissas essenciais para realizar um brainstorming no processo do Design Thinking são:
- Não julgue as ideias
- Estimule ideias radicais
- Seja visual
- Desenhe suas ideias
- Uma conversa por vez
- Construa sobre as ideias dos outros
- Mantenha o foco
- Preze por quantidade
- Divirta-se! :)
“Nós não podemos resolver um problema, com o mesmo estado mental que o criou.”?—?Albert Einstein
Essas dicas e premissas podem ser aplicadas independente do tempo que é dado para que as soluções sejam pensadas. Claro que, com mais tempo, podemos praticá-las com mais profundidade, mas isso não quer dizer que, com pouco tempo, não podemos dedicar energia em entender o problema, envolver as pessoas, exercitar a empatia e testar possibilidades e protótipos.
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