Olá! Um dos grandes desafios dos designers, senão o maior, é encontrar a simplicidade no projeto de maneira a fazê-lo acessível a um público cada vez mais amplo. Acessibilidade ainda é um assunto tratado como “um algo a mais, um adicional” no projeto, contudo é interessante pensarmos nisso como premissa básica. Apesar de os estudos da nossa área serem maduros (Bauhaus, por exemplo, foi uma das primeiras e principais escolas que temos como referência, atuante no século XX), projetos pensados para serem acessíveis ainda são poucos. Mas, já se perguntou o por que disso? Por qual motivo alguns muitos designers não têm a acessibilidade como ponto de partida? Talvez porque quem projeta e idealiza não tem contato com tais pessoas, características que seu produto deve ter para ser melhor recebido e utilizado por uma pessoa com ou sem deficiência.
Fernanda Schacker é uma designer com Síndrome de Down que foi destaque no III Fórum Municipal de Acessibilidade e Inclusão Social realizado pela Prefeitura de Porto Alegre e integrante da programação da 62ª Feira do Livro de Porto Alegre, a profissional apresentou o livro “Guia de Diagramação para um Livro Acessível”, de própria autoria. Fernanda conta que esse foi o resultado do seu projeto de conclusão do curso de design gráfico. “Desde criança, eu sempre tive muita imaginação e colocava muita criatividade na escrita. Sonhava em ser escritora e publicar um livro. Quando cheguei ao vestibular, escolhi design gráfico e aprendi todo o processo de produção de um livro. Como eu tenho Síndrome de Down e queria ajudar outras pessoas, criei o Guia”
Fonte: divulgação – Otávio Fortes, Fotógrafo.
A principal característica do projeto é a sobrecapa que, se deixada aberta, permite que o livro fique apoiado nas abas num ângulo de 20º. Fernanda conta que tal resultado se deu depois de vários testes, oferecendo a possibilidade do livro ficar na posição correta para leitores com dificuldades de segurar o livro. Além disso, a gramatura correta do papel, por exemplo, pode facilitar o uso de virador de página com velcro ou clipe que auxiliam o manuseio. A escolha da fonte é outro ponto discutido, pois após estudos concluiu-se que a Verdana é a melhor opção para os textos, diminuindo a confusão entre as letras p e q, i e j. Por querer colocar a sua criatividade e conhecimento adquirido com muita pesquisa e observação em um projeto, Fernanda agora procura uma editora disposta a publicar o livro e disseminar o conhecimento. O trabalho é rico em informações e detalhes sobre como melhorar a diagramação de projetos gráficos. Caso venha a ser publicado será um ótimo material de consulta para empenhar novos designers a trabalhar com acessibilidade.
Conhece mais trabalhos que tenham essa preocupação? Conte-nos!