Feche os olhos por um minuto e tente imaginar o que eu vais ler: “Certa manhã, enquanto uma pata chocava seus ovos, um deles trincou, era seu primeiro patinho. Dentro de 1 hora todos os cinco ovos tinham se transformado em lindos patinhos, menos um. Ele era desengonçado, tinha o pescoço longo. Com o passar do tempo ficou conhecido como o Patinho feio.”
Não sei como você imaginou, quais caraterísticas agregou aos personagens, mas tenho certeza que ter lido essa história e visto ilustrações na infância te ajudou a formar as imagens na mente. Sem, dúvida sua ideia de patinho feio é bem diferente da minha.
É dessa forma que um deficiente visual compreende histórias, escutando e imaginando. Diferente de nós, ele forma as imagens por meio da audição, do olfato e, principalmente do tato. Hoje, o braile tem facilitado muito a comunicação, quebrando dessa forma as limitações e barreiras que impediam o deficiente de interagir com o mundo.
Infelizmente, mesmo com a modernidade do século 21, é muito fácil encontrar plataformas onde deficientes não tem como utilizar. Uma delas, muito popular no nosso meio e que se comunica com todas as faixa etárias é a História em Quadrinhos. Como um “cego” vai ler? Você já pensou nisso? Com estilo único e muito visual, é um desafio fazer sua adaptação, mas não uma tarefa impossível.
Foi isso que o designer Philipp Meyer fez, criou uma história em quadrinhos em braile, com 24 quadrinhos e com características bem peculiares como: tipo da história, onde os dois personagens são representados por bolas com texturas diferentes. O objetivo era que os cegos tivessem essa experiência tátil de conhecer um mundo que para os deficientes não existia.
No final do ano passado, o México publicou a primeira história em quadrinhos em braile. “Sensus. O Universo em seus olhos”, criado Jorge Grajales, tem como foco principal conscientizar o país e as pessoas sobre o tema. Além de permitir aos deficientes apreciarem esse tipo de literatura.
Lamentavelmente, a realidade brasileira ainda está centrada no que falei no inicio do artigo, o deficiente visual precisa ouvir para poder imaginar a historia. Ele ainda não tem acesso a leitura desse tipo de plataforma. E, isso é um tipo de exclusão social e até gera um preconceito. Pois está tirando do indivíduo o direito a leitura, o direito a conhecer novos mundos, nesse caso o Mundo das HQ’s.
O deficiente visual, é especial como nós, apesar de não poder ver com os olhos isso não deve ser o divisor de águas entre seus direitos. Ainda temos muito o que melhorar no quesito inclusão social, não é só tratar do assunto, e sim, tornar o indivíduo participante. Nada melhor do que atuando nessa área das HQ’s permitindo seu acesso, transformando as histórias também em braile.
Fontes:
http://www.saudevisual.com.br/noticias/1038-lifehq