Esse artigo é o primeiro de uma série de textos focados em comentar algumas das essências que o Design aborda. De início, quase sempre somos impelidos a ver o Design como uma profissão apenas. Mas nessa abordagem, a provocação é que tentemos vê-lo como algo inerente ao ser humano, linkado à nossa fisiologia tanto quanto a espontaneidade de um bocejo. Algo que vá além da obrigação profissional, e que seja idealmente prazeroso a quem o pratica com tal visão de mundo, focada no alcance do homem, não do dinheiro em si. Essa experiência, quando agora compartilhada, busca gerar um frenesi interno focado em desafiar-se com relação a tal abordagem.
Para startar, falando dessa esfera do Design, vamos tratá-la aqui como um poderoso arquétipo de ilustração que visa a experiência compartilhada, a fim de apresentar de forma ímpar, os aspectos humanos relacionados ao sentimento e interação, vivenciados por intermédio da ação de nossos jobs.
Quando um designer desenvolve um projeto, mesmo que seja algo com um briefing super bem elaborado e praticamente fechado nas decisões cedidas pelo cliente, ainda assim está imprimindo ao menos parte de sua personalidade nesse job. De sorte que, a despeito de como o cliente espera que seja o resultado final, este o será uma partícula das interações vividas pelo designer. E isso, ao contrário do que parece ser, se torna uma coisa legal e puramente aproveitável, já que essa experiência compartilhada, ainda que indiretamente, é também a representação humana de alguém humano que consome – ou não, o produto e/ou serviço que seu cliente está oferecendo.
Quando Ellen Lupton cita a célebre frase “pense mais, desenhe menos.”, está justamente nos provocando a buscar uma experiência mais racional com relação ao Design, provocando-nos a planejar a experiência de usabilidade do que se vai compartilhar com o público receptor do projeto em desenvolvimento. É uma afirmação simples de “Ei! Para de fazer isso por mero impulso e pense um pouco a respeito. Use seus conhecimentos e vivências para produzir algo realmente relevante.” E isso certamente, atua como mais eficiente que as coisas feitas por intuição mecanizada, como o ato de abrir um software de edição e sair fazendo as coisas no tato, simplesmente achando tudo bonitinho.
O que lemos, ouvimos, assistimos, tocamos, beijamos, dançamos, cheiramos e mesmo comemos, reflete diretamente naquilo que produzimos. E isso, consequentemente, vai passar adiante. Portanto, pensar um pouco antes de lançar de qualquer forma, é tão importante quanto analisar bem quais elementos de cultura estamos consumindo cotidianamente, a fim de que o produto de nossa massa intelectual seja igualmente relevante a quem o recebe. E em nosso caso específico, o design que desenvolvemos. Essa experiência que compartilhamos, direto ou indiretamente, tem sido realmente eficiente? Tem mesmo cumprido o objetivo estudado e analisado durante o processo criativo destes? O alcance de nossos projetos tem sido prazeroso a nosso senso de construção?
Em suma, é como perguntar: essa experiência compartilhada, tem sido compartilhada adiante? Se não, onde e como podemos melhorar para que ela não pare em um momento ainda inicial do processo de polinização dessa ideia?
Sem tanta filosofia, estamos compartilhando boas experiências por meio de nosso Design?