Metrópolis: A adaptação de um clássico tecnológico que sofreu com a greve dos roteiristas motivada pela tecnologia

Metrópolis: A adaptação de um clássico tecnológico que sofreu com a greve dos roteiristas motivada pela tecnologia

Por Oliver Pontes

Metrópolis não é apenas um clássico, é O CLÁSSICO! Sendo considerado o  primeiro filme de ficção científica, Metrópolis é um filme expressionista alemão dirigido por Fritz Lang. O longa traz técnicas incríveis para época e ainda conta com uma crítica enorme à divisão de classes. O filme estreou em 1927, poucos anos depois da revolução Russa e da Primeira Guerra Mundial, e alguns anos antes da Segunda Guerra Mundial. Parecia ser o time certo para abordar o assunto que desembocaria em todos esses eventos históricos.

Atualmente o clássico ganharia um remake nas telinhas, mas um problema surgiu: a greve dos roteiristas, tendo seu sindicato em Hollywood (Writers Guild Of America, WGA), iniciado a paralisação. Filmes e séries e até programas de TV famosos como: The Tonight Show Starring Jimmy Fallon e Late Night with Seth Meyers, The Last of Us pararam suas programações atuais por falta de roteiros.

Os atrasos salariais foram um dos maiores picos para a greve ganhar força, mas também um problema que se levanta com poder é a pauta “tecnologia”. O uso das IA’s nas produções para fins inclusive de roteiros foi um motivo que a WGA apontou, pedindo uma regulamentação sobre o uso dessa tecnologia.

Assim como em alguns enredos de filmes, algumas coincidências não parecem coincidências, às vezes a vida real aparece com uma dessas. No clássico filme Metropolis existe um robô que quer tomar o lugar de uma pessoa, hoje em dia existe uma tecnologia (ChatGPT) que ameaça tomar o lugar de pessoas reais, os roteiristas. É a vida imitando a arte.

No cinema quando o tema inteligência artificial é retratado, a abordagem em sua maioria, tende a ser um tanto pessimista. Não é raro vermos filmes em que os robôs subjugam e escravizam a humanidade: O Exterminador do Futuro, Matrix, Blade Runner, 2001: Uma Odisseia no Espaço. Esse medo desde os primórdios, inclusive desde antes de equipamentos tão avançados assim existirem, já permeia o imaginário humano. E como o mundo, independente da nossa vontade, insiste em dar suas voltas, é justamente motivados por esse medo que os roteiristas em Hollywood estão propondo certas medidas que impeçam essas IAs de perderem o controle e substituírem os humanos na criação artística dos enredos cinematográficos.

O sindicato dos roteiristas está propondo até o momento 3 tipos de regulamentação: 

Primeira: A inteligência artificial não pode escrever ou reescrever materiais que foram criados pelos roteiristas.

Segunda: Materiais criados por inteligência artificial não podem servir de base para um roteiro adaptado.

Terceira: Roteiros criados por sindicatos não podem ser utilizados para treinar IA’s.

Os estúdios sugeriram que, diante das propostas, reuniões anuais seriam realizadas para discutir os assuntos sobre a tecnologia. Em outros termos, “empurram a poeira debaixo do tapete”, para depois pensar no problema.

Essa classe que já é tão injustamente subvalorizada, já que antes da atuação, da direção de arte, da fotografia, é preciso existir antes o roteirista. O roteiro é a alma de todo o filme e série. Mesmo que a obra tenha nomes renomados entre seus atores e diretores, sem um roteiro bem feito, não há obra cinematográfica que se sustente.

E o caminho para que a nossa realidade não vire um enredo de filme distópico em que somos apenas seres insignificantes dominados por uma máquina que nós mesmos criamos – o clássico “a cria que supera seu criador” – é colocar rédeas e freios nessas inteligências artificiais e valorizar mais todos os roteiristas que trabalham tanto e recebem muito pouco ou quase nada para criar obras que não só entretém mas moldam o imaginário coletivo e a identidade humana. Só assim não veremos o nosso mundo real se tornar uma distopia Metropoliana.

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