Design O designer pensante é capaz de gerar inovação, mas estamos sendo formados para isso?

O designer pensante é capaz de gerar inovação, mas estamos sendo formados para isso?

Por Islard Rocha

Ao escrever este artigo e buscar imagens relacionadas a empreendedorismo, atitude empreendedora e inovação para servir como capa ou referências a serem utilizadas, sempre apareciam imagens de pessoas com ternos saltando de precipícios. Porém, o que me veio a cabeça foi:

“Caramba, não tem uma imagem que me faça lembrar de um designer ou até mesmo alguém fora do estereótipo do administrador!”

O que me levou a pensar  bastante sobre a cultura empreendedora em relação ao Design e também se em nossas graduações o empreendedorismo é tratado como um tema importante. Afinal, vivemos tempos em que cada vez mais o Design passa a ser incorporado nos núcleos estratégicos das organizações – sejam empresas, indústrias ou até mesmo ONGs – para auxiliar nas tomadas de decisões e muitas vezes guiar o processo de inovação nestas.

Porém, a grande questão é: será que estamos sendo preparados em nossas graduações para atuarmos no nível estratégico do Design? Ou estamos sendo preparados apenas para realizar tarefas em níveis operacionais?

Durante minha graduação isso já era um assunto um tanto quanto inquietante entre minha roda de amigos, pois realmente acreditávamos que era necessário discutir ainda na graduação a importância do papel estratégico do Design atual.

Afinal de contas, de acordo com o professor da Universidade FUMEC Marcos Breder Pinheiro, o ensino de design está voltado para aplicação de metodologias ditas “clássicas”, repassando ao discente os valores estabelecidos nos anos anteriores de consolidação do design nas empresas brasileiras.

O professor afirma que é necessária uma revisão do ensino acadêmico de Design no Brasil para que procure dialogar com a atual ordem mundial. Pois, se nos anos anteriores a preocupação acadêmica estava voltada à inserção do jovem designer no mercado de trabalho, agora deve estar ligada à edificação de profissionais capazes de pensar e produzir inovação.

No momento em que o professor usa a palavra “pensar” ele se refere justamente ao designer presente no núcleo estratégico das organizações, o designer que auxilia nas tomadas de decisões das organizações e por fim gerar inovação e consequentemente valor competitivo para estas.

Um dos maiores desafios e também inspiração que motivam a mim e a meus sócios na Sabiá – Design Colaborativo, é evidenciar a importância e potencial do Design ao atuar no nível estratégico das organizações. Não é nada fácil, mas é extremamente gratificante alcançar melhores resultados para estas organizações e saber que foi o Design que guiou este processo.

Ainda na graduação, cursamos uma disciplina chamada “Gestão do Design” e também outra chamada “Empreendedorismo”. Porém, em conversas com meus amigos – estes que hoje são meus sócios – sempre ficávamos nos questionando se apenas estas disciplinas eram suficientes para nos tornar designer empreendedores capazes de atuar no nível estratégico do Design.

A conclusão em que cheguei é que estas disciplinas não são suficientes para isso, uma vez não existe relação de contato direto com o mercado, nem contato entre estas disciplinas que podem muito bem se complementarem e fazer com que o aproveitamento seja muito melhor. Afinal, seriam duas cargas horárias focadas em um único objetivo: formar designers capazes de pensar e produzir inovação.

A princípio, pensava que era apenas algo que nós achávamos devido a experiência que tivemos. Mas, segundo o professor Marcos Breder Pinheiro, a metodologia utilizada em sala de aula muitas vezes não contribui para uma formação ampla do futuro profissional, pela falta de uma analise crítica do contexto atual do mundo. O aluno é criado para obedecer à um briefing “imaginário” (uma vez nem sempre é possível ter acesso direto às empresas).

O professor ainda aponta como solução para tal problema, a mudança  de perspectiva na sala de aula, uma vez que é preciso que o objetivo para o desenvolvimento de produtos esteja menos atrelado no produto em si e mais no desenvolvimento crítico do próprio aluno, dando-lhe a responsabilidade por seu próprio futuro. Pois, desta forma não haverá de passar despercebido o grande contingente de jovens designers que chegam todos os anos no mercado de trabalho e não conseguem um posicionamento pleno, com salários dignos e justos.

“Incentivar a que o aluno adquira uma visão ampla sobre as oportunidades de mercado, que consiga vislumbrar formas inovadoras de inserção de seus produtos e de si mesmo no competitivo mercado globalizado é um novo caminho metodológico que pode ser explorado. Estamos no limiar entre seguir a mesma fórmula, criando profissionais para “mundo perfeito” de emprego nas indústrias e empresas de pequeno e médio porte ou sedimentar conhecimento que valorizem suas habilidades de explorar as inúmeras oportunidades da nova era.”

Apesar de concluir que as disciplinas que cursamos não eram suficientes para nos tornarem designers pensantes capazes de produzir inovação. Pude perceber que isto me motivou a buscar conhecimento além das paredes da sala de aula e fazer com que me tornasse protagonista nesta busca. E, consequentemente me levou a participar de diversas atividades extracurriculares que engradeceram ainda mais meu repertório mental.

Infelizmente, não consegui encontrar artigos ou dados relacionados ao ensino de Empreendedorismo e Gestão do Design no Brasil. Com isso, o intuito deste artigo é provocar o levantamento de questionamentos sobre esta temática nos cursos de Design no Brasil, sejamos alunos ou professores… E, para facilitar – e provocar – o início destas questões deixo-lhes aqui uma citação:

“(…) qual será a trajetória futura dos nossos estudantes? Será marcada pela apreensão restrita do mercado como lhes é facultado em nossas escolas e faculdades?” – LEITE, 2006

 

Referências:

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