Olá, leitores. Tudo certo?
O que inspira vocês na hora da criação? Pois bem. Eu costumo começar estudando um pouco do mercado do cliente, geralmente me baseando em informações importantes acerca do setor em que ele está inserido. Sucessos, fracassos, o que “copiar”, o que desconsiderar, o que fazer, o que não fazer, etc. Tudo é informação.
Após esta pesquisa “informal” – e antes mesmo de o cliente ter completado o briefing – procuro me antenar quanto às oportunidades que tal mercado oferece, dialogar com o ele acerca do aproveitamento destas lacunas ainda pouco ou não exploradas e, mostrá-lo que seguir um caminho visual que se diferencie do contexto geral pode ser uma boa estratégia.
Talvez você possa notar que quase sempre coloco isto nos meu textos: diferenciar-se. Vemos tantos clichês por aí que dá até medo de o cliente chegar com um: quero “igual ao concorrente”. E nem devemos dar tempo pra isso. Já temos que chegar com a proposta de diferenciação debaixo do braço, até mesmo para valorizar nosso passe na hora da proposta comercial.
Mas ainda bem que existem designers ótimos, que fazem jus ao dinheiro que estão recebendo. Sim, é preciso valorizar o pagamento. Reclamamos tanto das verbas baixas que nos são propostas para desenvolver um trabalho que, quando conseguimos mostrar o verdadeiro valor deste projeto de design e aprovar um belo orçamento, acabamos muitas vezes fazendo trabalhos “mais do mesmo”. E, sinceramente, falo por mim em alguns casos já acontecidos em um passado bem distante (risos). Ninguém é perfeito. E graças a Deus e a nossos esforços, com o tempo adquirimos experiência e a maioria dos erros fica para trás.
Mas, e a inspiração?
Eu tive um professor que dizia, nas entrelinhas: Não inventa. Vai no certo.
E realmente, depois de muito tempo, vi que buscar inspiração nas coisas mais simples, diretas e significantes para desenhos de identidade, principalmente, são quase que sinônimos de sucesso.
Navegando pelo Brandemia – um dos meus sites preferidos de análises e apresentação de cases de identidade – vi um projeto para a Swiss Wine Promotion que faz justamente isso. Vai no certo, vai na essência.
Aqui, falamos de vinho. Nada mais lógico do que inspirar-se e usar no desenho então uma… uva?? Não. Sabiamente, a agência Winkreative desenhou um grafismo que faz referência às “zonas de cultivo desta uva”. E sem elas, não existiram tais uvas.
Os problemas eram: Apresentar o vinho suiço como uma marca internacional e posicioná-lo como um produto premuim.
Um outro termo-chave que surgia no projeto era a palavra “complexidade”. E foi justamente daí que surgiu a ideia. Representar visualmente as “zonas complexas de cultivo de vinho na Suiça, que formam um tramado de áreas e vinhedos independentes” foi a solução para o símbolo, combinado com uma tipografia estilo Helvetica – que carrega muito da tradição suíça – e com o vermelho, a cor da bandeira do país.
Não farei aqui uma análise técnica. Não é esse o principal propósito do post (o Brandemia já fez isso muito bem). Quis apenas dizer aqui que, às vezes a solução está aonde menos esperamos. Antes de quebrar a cabeça focando em desenhos mirabolantes, logotipos extremamente criativos e estudos de cor complexos, tente desconstruir o negócio e buscar inspiração nele próprio para a solução. Na maioria das vezes, nosso cliente não se dá conta disso. Surpreendê-lo apresentando essa “obviedade” e, mostrar que você “apenas interpretou visualmente” o negócio dele, são a chave para o sucesso. E as chances de reprovação são mínimas, afinal é só a representação gráfica com as características de um negócio que ele construiu, certo?
E vocês, concordam comigo??
Um abraço e atá a próxima, amigos. :)
Referências:
http://www.brandemia.org/los-vinos-suizos-tienen-nueva-marca
imagem de capa: http://visitobny.files.wordpress.com/2014/03/wine-glasses-109215324.jpg