Àqueles que jamais esqueceram Moulin Rouge, eis uma boa notícia: O Rei do Show estreia na segunda-feira, 25 de dezembro. Reunindo elementos grandiosos, o novo musical do diretor Michael Gracey (Naruto) traz Hugh Jackman no melhor papel de sua carreira ao interpretar Phineas T. Barnum, o empresário showman considerado o pai do circo moderno. Indicado a 3 Globos de Ouro (Melhor Ator, Melhor Filme e Melhor Canção Original), o longa promete arrasar bilheterias com seu elenco grandioso e muito bem afinado e encerra o ano em que o cinema prestou honras aos musicais. Em fevereiro, La La Land fisgou 14 indicações e 6 premiações do Oscar; meses depois, A Bela e a Fera se tornou o primeiro musical live action a superar US$ 1 bilhão de dólares em bilheterias, e agora, O Rei do Show encerra o ano com várias indicações e algumas conquistas do cinema e promete levar todos ao delírio com o último musical do ano.
A trama gira em torno da vida de P. T. Barnum, homem de origem humilde que coloca os sonhos à frente dos passos em pleno Século 19. Phineas consegue casar-se com uma a moça de quem nutriu uma paixão desde a infância e não contava com o apoio da família dela. Ao se ver despedido e com duas filhas para sustentar, toma um empréstimo e adquire um museu na cidade de Nova York. Uma vez que as exposições bizarras não lhe garantem retorno, Barnum decide investir em apresentações chocantes de pessoas incomuns e vende a propaganda de que tudo é mais alarmante do que realmente é e consegue chamar atenção até da Rainha Victoria. Por causa dessas publicidades, o showman era considerado um vendedor de fraudes e sua imagem, ainda que excessivamente comentada, não era bem quista entre os críticos e a elite da cidade, que não enxergava a arte de seu espetáculo, que tinha entre frequentadores o mesmo número de pessoas que repudiavam sua proposta teatral.
Hugh Jackman conduz a maior parte das sequências musicais com maestria, mas isso não tira o brilho das demais apresentações, de modo que Michelle Williams (que traz em seu currículo a atuação cantada de Sete Dias com Marilyn e encanta com a execução de Tightrope) e Rebeca Ferguson (dublada por Loren Allred em uma das melhores canções do longa, Never Enough) roubam a luz com seus números. Entretanto, o grande momento musical fica por conta do elenco circense, composto por um grupo de pessoas discriminadas socialmente por sua imagem, origem ou forma física incomum. A canção This Is Me garantiu ao Rei do Show uma indicação ao Globo de Ouro por Melhor Canção Original e uma pré-indicação ao Oscar na mesma categoria e certamente levará o público às lágrimas em sua ode aos humilhados.
Vale destaque, sem sombra de dúvida, o retorno de Zac Efron aos musicais. Este filme consegue comprovar toda a evolução artística do ator no período compreendido entre sua estreia nos cinemas com High School Musical (2006) até seus números em O Rei do Show. Efron amadureceu como ator e como cantor e faz parcerias memoráveis com Zendaya (Rewrite the Stars) e com Hugh Jackman (The Other Side), sendo que esse último já havia mostrado talento para o gênero com o inesquecível Os Miseráveis (2013), filme que lhe rendeu a primeira indicação ao Oscar e a primeira estatueta do Globo de Ouro.
As composições do longa ficaram a cargo de Benj Pasek e Justin Paul, ambos oscarizados por La La Land, além de John Debney (indicado ao mesmo prêmio por A Paixão de Cristo) e Joseph Trapanese (Oblivion). O roteiro é assinado por nomes de peso como Bill Condon (diretor de A Bela e a Fera) e Jenny Bicks (roteirista de Sex and the City). A figurinista (possivelmente a ser lembrada na temporada de premiações que está por vir) é Ellen Mirojnick (Minha Vida com Liberace) e seu trabalho colabora com muito do espetáculo cinematográfico visto.
O filme consegue mesclar várias temáticas ao mesmo tempo e sua abordagem sensível comove a plateia. Cada uma das pessoas que cruza com o showman traz uma bagagem dolorida juntamente com sua arte e isso pode ser traduzido como uma celebração à humanidade, como a própria obra conclui. As histórias individuais são linhas que formam uma corda de emoções e isso garante que para além de um mero visual deslumbrante, O Rei do Show é capaz de repassar valiosas mensagens sobre família, ganância, vaidade, medo, egoísmo e preconceito de forma cantada ou falada. Diversamente das obras que se atêm a abordar a escalada ao sucesso, o filme em comento trata da vida de Barnum antes e depois de todas as conquistas, e também na forma como um homem pode se perder e se achar dentro de todo o controverso sucesso regado a muito dinheiro. A insistência de P. T. Barnum em amealhar os aplausos de todas as camadas da sociedade o desvia daquilo que sabe fazer melhor e o retorno a si mesmo só é possível através das pessoas as quais ele ajudou a superar a vergonha e a lapidar talentos.
Por incrível que pareça, O Rei do Show expõe apenas uma parte da vida deslumbrante de Phineas T. Barnum. O filme se concentra em sua vida familiar e no desenvolvimento do espetáculo bizarro que começou como um museu e se transformou em circo. Entretanto, a vontade de exibir o macabro e o incomum havia começado muito antes disso, ao rodar o país com uma mulher que, segundo ele, tinha 161 anos. Seus 80 anos de vida foram marcados por uma sucessão de fraudes, que chegaram a ser desmascaradas pelo próprio quando percebia que o frenesi sobre o tema tinha sido superado. Barnum é reconhecido como o primeiro milionário do showbiz e chegou a ser eleito prefeito de sua cidade já em idade avançada. O circo por ele fundado existe até os dias de hoje sob o nome Ringling Bros. And Barnum & Bailey Circus.
O longa foi o primeiro da História a exibir um trailer ao vivo para uma plateia; isso aconteceu em 18 de dezembro durante a transmissão do musical A Christmas Story Live, onde o elenco comandado por Hugh Jackman apresentou uma pequena amostra do que o filme contém. Por tudo quanto exposto, O Rei do Show se torna uma recomendação universal sobre o longa a ser visto nos últimos dias de 2017. A bela reunião de figurino, decoração de set, cantoria e mensagens positivas soam como uma sinfonia cinematográfica não vista desde que Moulin Rouge arrebatou corações em 2001 com idêntica composição e comoção às citadas acima.
O Rei do Show estreia no dia de Natal e nos links abaixo encontram-se o trailer e a canção This Is Me:
This Is Me: