Nos últimos anos, a revolução digital transformou não apenas a comunicação e o consumo de informações, mas também o entendimento do mundo. No centro dessa transformação estão os algoritmos sofisticados da inteligência artificial (IA) e os filtros das redes sociais, ferramentas aparentemente benignas que, no entanto, exercem uma influência poderosa e muitas vezes invisível sobre o comportamento e percepções humanas.
Os algoritmos da IA são projetados para analisar padrões de comportamento online, desde as postagens até os artigos de leitura que as pessoas leem, para assim, apresentar conteúdos que “preveem” ser do interesse comum. Isso cria um ambiente onde as pessoas são constantemente expostas a informações que reforçam crenças e visões de mundo existentes, criando bolhas de filtro onde é mais provável que encontremos confirmação em vez de desafio.
No entanto, essa personalização pode ter consequências indesejadas. Ao limitar a diversidade de opiniões e perspectivas que alcançam a todos organicamente, os filtros das redes sociais podem contribuir para a polarização social e política. Em vez de um debate robusto e inclusivo, as plataformas muitas vezes promovem conteúdos extremos e polarizadores que são mais propensos a gerar engajamento – curtidas, comentários e compartilhamentos.
A manipulação da percepção da realidade é outro ponto crítico. Com a disseminação de notícias falsas e desinformação, alimentadas por algoritmos que expõem as narrativas distorcidas e até mesmo perigosas. Isso não apenas molda a opinião pública de maneira inesperada, mas também mina a confiança nas instituições e na própria capacidade de discernir o que é verdadeiro e o que não é.
Além disso, os filtros das redes sociais têm um impacto profundo na autoimagem e na autoestima. A prevalência de filtros de beleza e ferramentas de edição de fotos pode distorcer a percepção que as pessoas têm de si mesmas e dos outros, levando a padrões irreais de beleza e comparações prejudiciais. Isso não só afeta indivíduos, mas também contribui para uma cultura de busca constante por validação e aceitação baseada em aparências idealizadas.
“Uma pesquisa encomendada pela Allergan Aesthetics, empresa tratamentos estéticos médicos, mostrou que 94% dos brasileiros concordam, parcial ou totalmente, que o uso exagerado de filtros pode levar a uma diminuição da autoestima. Além disso, 60% das pessoas se espelham em referências estéticas irreais e 58% afirmaram que o nível de cobrança estética tornou-se irreal devido ao uso exagerado de filtros.” (Por Evelin Azevedo — Rio de Janeiro 03/09/2022 14h55 Atualizado há um ano)
Na saúde mental, há preocupações crescentes sobre o vício em redes sociais, exacerbado pela personalização do conteúdo e pela interação constante que os algoritmos incentivam. A necessidade de likes e feedbacks positivos pode levar a comportamentos obsessivos e dependência digital, afetando negativamente o bem-estar emocional e psicológico dos usuários, especialmente os mais jovens.
O cenário digital está cada vez mais complexo. É crucial considerar não apenas os benefícios das tecnologias de IA e redes sociais, mas também seus riscos e impactos potenciais.
A regulamentação ética e a conscientização pública são essenciais para aliviar os efeitos adversos dessas poderosas ferramentas tecnológicas, garantindo que elas sirvam ao bem comum enquanto protegem os direitos e a saúde de seus usuários.
3 Comentários
Eu queria ler, mas o refresh da página não deixa.
Olá Daniel, tudo bem? Aqui tudo funcionou. Podes tentar novamente em novo navegador?
Tema necessário.
Fica o desafio para o daqui por diante:
Viver no mundo real e saber o que é verdadeiro e o que é falso.