Os estudos sobre a cor são feitos passam séculos, trazendo revelações interessantes que influenciam não apenas os “consumidores passivos” mas também a atividade dos designers gráficos em todos cantos do mundo. O cientista inglês Isaac Newton ((1642-1727) deu os primeiros passos importantes sobre a teoria da cor, descrevendo cientificamente o fenómeno cor, Aristóteles (384 – 322 a.C.) foi um dos pioneiros dos estudos formais sobre a cor, Leonardo da Vinci (1462 – 1519) elaborou as primeiras teorias sobre a cor, das quais a complementaridade existente entre as cores. O círculo cromático desenvolvido por Newton, hoje é uma ferramenta indispensável para designers e outros profissionais que trabalham com a cor.
Albert Munsell (1858-1918), artista americano foi um dos responsáveis por desenvolver um sistema hoje adaptado pela CIE (Commission International de l’Eclairge) que é uma referência para descrição de cores no computador, geralmente é apresentado em siglas: HSV (Hue, Saturation, Value – Matiz, Saturação, Valor); HSB (Hue, Saturation, Brightness – Matiz, Saturação, Brilho); HSL (Hue, Saturation, Lightness – Matiz, Saturação, Luminosidade). O poeta alemão Wolfgang von Goethe (1749-1832) estudou os efeitos psicológicos da cor e as separou segundo a sua temperatura, obtendo desta forma: cores quentes e cores frias. A Bauhaus adotou um sistema o uso de cores primárias, secundárias e terciárias.
Sistema de referência de cores Para além disso as cores podem ser classificadas em: a) RGB (Red, Green, Blue – Vermelho, Verde, Azul) são as cores primárias do sistema aditivo (por adição de luz) usado para projeção em tela (monitores, projetores, televisores). B) CMY (Cyan, Magenta, Yellow – Cian, Magenta, Amarelo) são as cores primárias do sistema subtrativo (por subtração de luz) usado para impressão (jato de tinta, laser, off-set, serigrafia etc) em suportes que refletem luz (como o papel branco).
Então, porquê amamos as cores?
84,7 dos consumidores acham a que a cor é mais importante que muitos outros fatores, na escolha de um produto. 1% decide pelo som ou pelo cheiro, 6% olham para textura, 93% observam o aspeto visual. As cores melhoram a leitura em cerca de 40%, entre 55% e 68% do aprendizado e 73% da compreensão. 2 de 3 consumidores podem não comprar um grande produto por não ter a cor favorita. Estes dados mostram a influência neurológica que a cor carrega.
As cores primárias possuem maior força, não que isso signifique que em termos de resultados estéticos a resposta seja também positiva. Mesmo que as pessoas gostem de certos tons de cores, não pode ser ignorada a força emotiva causada pelas cores básicas, podendo alterar a respiração, os batimentos cardíacos, a pressão arterial. Tudo isso, deve ser levado em conta na conceção de qualquer projeto de design gráfico, das embalagens, dos cartões, das capas de livro, dos cartazes publicitários, revistas, jornais, etc. São amadas pela força que possuem pela energia e atrevimento que carregam consigo, mas podem ser odiadas por pessoas calmas, sérias e reservadas. As “cores quentes – como o vermelho, o laranja e o amarelo – têm maiores comprimentos de ondas, exigindo mais energia para vê-las. É por isso que essas cores chamam mais atenção. Elas também estimulam o cérebro e aumentam o batimento cardíaco e a respiração. Já as cores frias – como os tons de azul e verde – têm comprimentos de ondas menores e, por isso, são mais fáceis de se entrar no olho. Como consequência, temos um efeito calmante e relaxante, além da diminuição do nosso metabolismo.” (MARKS et al., 2009, p. 384).
Amamos as cores que tem uma carga emocional e nos motivam a fazer escolhas positivas, mas odiamos aquelas que contradizem-se com a nossa personalidade. Amamos as cores porque vivemos imerso nelas, as cores ocupam todo nosso espaço, mesmo de olhos fechados, amamos as cores porque nos conduzem e odiamo-las quando nos enganamos por causa delas, amamos as cores porque trazem vida e falam a nossa língua, odiamos as cores que nos trazem energias negativas quando precisamos de energias positivas. As cores nos ajudam a caminhar, e amamo-las porque amamos a luz, e porque luz é cor. As cores fazem parte da construção de uma identidade pessoal ou coletiva. O vermelho é odiado aqui, mas é amado lá. No final de tudo, em design, na arte, na natureza, continuaremos amando as cores, porque estão todas dispostas para serem usadas e descartadas, respeitando os hábitos e cultura de cada povo e as necessidades que o design deve responder.