A essência do trabalho do designer é criar o futuro, baseado em soluções inovadoras e criativas. O designer é um construtor do futuro, porque muitas vezes depara-se perante problemas que exigem soluções que ainda não existem, e ele deve criar uma solução baseado em problemas identificados, conforme sustenta LOWSON (2005),
“A própria essência do seu trabalho é criar o futuro, ou pelo menos algumas características disso. Este é, obviamente, um negócio bastante perigoso, e traz consigo pelo menos duas maneiras de ser impopular. Primeiro, o novo muitas vezes parece estranho e, portanto, para algumas pessoas pelo menos inquietantes e ameaçadoras. Segundo, é claro, o designer pode se revelar errado sobre o futuro. É muito fácil com esse maravilhoso benefício de retrospectiva ver falhas de design. A habitação de alto nível que foi construída na Grã-Bretanha após a Segunda Guerra Mundial parece ser tão obviamente insatisfatória, nos perguntamos como os designers poderiam ter sido tão estúpidos! Mas, mesmo em uma escala de tempo muito mais curta, o designer tem preocupações e incertezas sobre o futuro.”
No processo de geração de soluções para determinados problemas em design, o designer é capaz de gerar soluções que podem multiplicar os problemas, soluções que procuram resolver determinados problemas, mas acabam gerando outros problemas mais complexos e que exigem, por sua vez soluções também complexas. Pensar em um conjunto de móveis, pode significar trazer um problema de falta de espaço em uma casa de pequenas dimensões, o que exigirá pensar uma solução para o novo problema imposto. Um exemplo de uma nova solução, para um problema é o projecto Bookniture, do designer japonês Mike Mak.
Soluções de design são partes de outros problemas de design. – Bryan Lawson
Os problemas de design são de vária ordem, de tal maneira que exigem muitas vezes várias formas de serem encaradas, vários tipos de soluções. Os problemas em design exigem que uma solução, seja colocada de lado e o profissional repense em outro modo para resolver o mesmo problema. É normal que prioridades e a estratégia para gerar uma solução possa mudar no processo de geração de alternativas, o design abre sempre um campo para novas ideias. Por isso que os designers, de algum modo precisam ter alguma sensibilidade (que pode ser artística), mas também precisam de pensar matematicamente, pensar na funcionalidade do projecto.
“Na verdade, muitas características de problemas de design podem nunca ser completamente descobertas e explicitas. Os problemas de projeto geralmente são cheios de incertezas tanto sobre os objetivos como sobre suas prioridades relativas. Na verdade, tanto os objetivos como as prioridades são susceptíveis de mudar durante o processo de design à medida que as implicações da solução começam a surgir. Assim, não devemos esperar uma formulação abrangente e estática de problemas de design, mas sim deve ser visto como uma tensão dinâmica com soluções de design.” (LOWSON: 2005)
A medida que os profissionais imergem no projecto, sentem sempre necessidade de ajustar a forma como se pensa num projecto, o que é diferente da maneira como os problemas são resolvidos matematicamente e na engenharia, se calhar. O design apresenta uma dinâmica, que abre espaço para não pensar em soluções baseadas em fórmulas exactas.
Interpretação subjectiva em design
Os problemas de design exigem interpretação subjectiva. (LOWSON: 2005)
Quando um problema é apresentado a uma equipa de designers, é apresentado da mesma maneira a todos eles, porque se encontram naquele instante e a pessoa que apresenta o problema é ouvido por todos eles, mas as soluções que possivelmente possam vir a ser apresentadas por estes serão, geralmente, diferentes, a interpretação do problema é diferente, a forma como é pensado o problema é diferente, o modelo de pensamento que cada um usa é totalmente diferente do outro, a interpretação desse problema é subjectivo, porque a solução não provem do problema, mas de cada um dos profissionais. A subjectividade na interpretação dos problemas de design é importante, na medida em que, quanto mais soluções diferentes são apresentadas, mais se está próximo de ter a solução ideal, ou cruzar a partes mais importantes de cada solução e encontrar um meio termo ideal. “Nesse sentido, os problemas de design, como suas soluções, continuam sendo uma questão de percepção subjetiva” (LOWSON: 2005)
Não há métodos estabelecidos para decidir quais são as soluções boas ou más, e ainda o melhor teste da maioria dos projetos é esperar e ver como ele funciona na prática. As soluções de design nunca podem ser perfeitas e muitas vezes são mais facilmente criticadas do que as criadas, e os designers devem aceitar que, quase sempre, parecerão erroneamente equivocados para algumas pessoas. (Idem)
Nesse sentido, a interpretação dos problemas de design está muito ligada a características pessoais, histórico, lugares e ambientes que o designer frequenta. Nenhuma solução pode ser considerada nova, da mesma maneira que toda interpretação do problema em design tem a ver com o que sabemos e com experiências próprias, conforme concorda GUIDALI (2012) “Isto também significa que os designers interpretam o problema de acordo com o seu repertório pessoal de cultura, intelectualidade e tecnicidade para estruturá-lo.”