As máquinas estão dispostas na vida da humanidade como um dos maiores recursos que auxilia na idealização e produção massiva, de tal forma que é quase impossível imaginar um século XXI isento de máquinas. O design gráfico atual é pensado e gerido, quase sempre com uma máquina a intermediar o processo de idealização e conceção, as máquinas (no seu todo) entraram nas nossas vidas, da mesma maneira que o sangue circula nas nossas veias fazendo-nos caminhar, andar, falar e pensar. A introdução das máquinas na vida do Homem é indiscutivelmente um dos passos mais bem dados e mais importantes na história da humanidade e esse processo teve seu grande marco com a Revolução Industrial. Aliás, a “ (…) noção de Design está atrelada à industrialização, momento no qual houve a necessidade de produzir materiais gráficos, em alta escala, com objetivos e estratégias diferentes das que tinham anteriormente.” (MAURÍCIO: 2010)
O design passa a ter mais sentido com a existência das máquinas, possibilitando maior multiplicação dos artefactos, poupando tempo e racionalizando deste modo os recursos existentes. As máquinas trouxeram maior diferenciação entre design e artes, já que o primeiro procura resolver problemas no meio social e o segundo é, geralmente fonte de deleite, de prazer do apreciador e expressão sentimental do seu autor. “o design gráfico emergiu em resposta à revolução industrial, quando artistas e artesãos reformistas tentaram imprimir sensibilidade crítica ao fazer os objetos e da comunicação. O design assumiu o papel de crítico da indústria, ganhando maturidade e legitimando seu status, tornando-se um agente de produção e consumo de massas.” (BOMENY:2009)
A máquina veio acelerar, ou seja multiplicar as soluções, possibilitando que um modelo seja replicado de forma eficaz e eficiente para resolver problemas concretos, o que em contrapartida não acontece com a arte, já que esta deve ser única e original; por isso que é arte.
Gui Bonsiepe (1997) citado por Bomeny (2009) afirma que: “até meados do século XX, o discurso projetual centrou-se na produtividade, na racionalização e padronização. Processos de produção industrial, como o “fordismo”, e o “taylorismo”, determinam metodologias para agilizar a produção, obrigando o mercado a seguir o modelo para diferenciar desenho de comunicação do campo de arte, fornecendo maior credibilidade à nova disciplina do design nas empresas.”
A Revolução Industrial trouxe a democratização de conhecimento e de informação, os livros que eram restritos a grupos sociais privilegiados passaram a ser de consumo massivo. “Durante séculos, a comunicação visual foi uma transição de informação entre grupos restritos de pessoas. Com a invenção dos tipos móveis, no século XV, o mundo entrou em uma fase inicial de difusão e produção de textos, permitindo uma expansão do conhecimento, por meio desta primeira mecanização de uma habilidade manual.” (BOMENY:2009)
“A revolução industrial, iniciada na Inglaterra na segunda metade do século XVIII, mudou a vida das pessoas, tendo um efeito fundamental na cultura. A descoberta da energia a vapor fez com que ocorresse a procura pelos novos centros. (Idem)
A ponte entre Revolução Industrial e design gráfico é eterna, já que não se pode imaginar, hoje um design isento das máquinas, projetos pensados e executados sem intervenção industrial para sua reprodução. “Durante o século XIX e princípios do século XX, a mecanização interferiu tanto na impressão como na composição, transformando a artes gráficas e tudo que se relacionava a elas. O século XX caracteriza-se pelo desaparecimento do trabalho individual do artesão, sendo substituído pelo trabalho em equipa da indústria gráfica e editorial.” (MARTIN: 1970) citado por (BOMENY: 2009)
O que no fundo designamos hoje design é uma miscelânea entre conhecimento, ciência, pesquisa, técnica e máquina, esse fato coloca-nos sob uma eterna relação entre as máquinas e o design gráfico; a reprodução de jornais, livros, a composição textual, a impressão de revistas, cartazes, rol up’s, está tudo vinculado a reprodução, por sua vez relacionada às máquinas solidificando cada vez mais essa ponte traçada desde a época da Revolução Industrial.
Bomeny, M.H.W.. O Panorama do design gráfico contemporâneo. Tese para obtenção do título de Doutor. Faculdade de Arquitectura e Urbanismo de São Paulo – FAUSP. 2009. 204p.
Maurício, D.E.. Propaganda e Design Gráfico: Estratégias de Comunicação e Persuasão. Trabalho de Conclusão de Curso de Bacharelato. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. 2010. 126p.