Um projeto de sinalização talvez seja uma das melhores oportunidades de casar vários campos em que o design atua. Ele deve aliar a estética à legibilidade, além de envolver uma série de outros aspectos, como material a ser utilizado, forma de fixação, local de apresentação, clareza das informações, dentre outros.
Muitos podem pensar que fazer a sinalização de uma empresa ou ambiente é apenas o desenvolvimento de plaquinhas, mas um bom projeto de sinalização vai muito mais além. O ideal, inclusive, é a sinalização ser concebida já com o projeto arquitetônico, num trabalho conjunto entre arquiteto e designer, mas como todos sabemos que não vivemos num mundo ideal, isso é raro de acontecer. Normalmente as empresas nem sequer se preocupam em desenvolver um projeto de sinalização, apenas lembram depois e vão colocando as benditas “plaquinhas”, espalhadas sem muita preocupação.
No entanto, nós enquanto clientes/visitantes/usuários, sabemos o quanto uma sinalização bem feita faz diferença. Se eficaz, ela permite que a pessoa se sinta confortável e segura no ambiente, e isso sem dúvida já faz parte de uma primeira boa impressão, o que é bastante importante para a imagem e experiência positiva com a empresa.
Mesmo que o projeto de sinalização seja desenvolvido tardiamente, ele tem o poder de modificar um ambiente, trazê-lo para perto do visitante. O designer tem aí uma área interessante de trabalho e ainda não muito explorada. Ao contrário do que pode parecer, um projeto de sinalização pode ser algo bastante complexo, especialmente se for designado para ambientes amplos, com diversos departamentos, com muita informação a passar, com diferentes substratos/terrenos para fixação da sinalização, grande fluxo de pessoas de diferentes lugares, enfim.
Um projeto completo de sinalização pode compreender desde a indicação da localização do ambiente antes mesmo de chegar a ele, os tipos de acesso, o fluxo da circulação de pessoas, a setorização, as atividades realizadas no local, as especificidades de cada local, dentre outras questões. Entrando mais na parte gráfica, partimos para a escolha do material e forma de fixação, de acordo com o que for mais indicado para o local, a escolha da tipografia (que deve priorizar a legibilidade), o uso de pictogramas, elementos gráficos de composição, e tudo isso em conformidade com a identidade visual da empresa. Além de tudo isso, não se pode esquecer também que a sinalização deve estar acessível a todos os públicos, inclusive aqueles com necessidades especiais. Nesse sentido, podem ser usadas placas em braille, pisos táteis, sinalização sonora, enfim, as possibilidades são inúmeras.
Aí está uma chance para o design demonstrar a sua complexidade, porque alia o visual com o funcional de forma muito clara.
Gisele Monteiro