Quando vemos um rótulo na prateleira do supermercado ou um outdoor num avenida, certamente um dos pesos visuais fica por conta de como a “letra” daquele design se apresenta em relação ao material completo. As cores, ícones, fotografia, hierarquia visual, além da proporcionalidade e a tipografia, tudo isso e mais alguns outros aspectos compreendem o que se está tentando falar por meio daquilo que se é mostrado. E nesse assunto em específico, a tipografia, exerce uma influência especial. Sim, tipografia é realmente importante. E muito.
A história da tipograia (que vem do grego typos — “forma” — e graphein — “escrita”) é extensa e bastante intrigante. Há 5.000 anos, quando alguns alfabetos ainda nem existiam, uma turma da Península Ibérica usava alguns desenhos em placas de xisto pra identificar os membros de suas elites. No entanto, falando do histórico tipográfico, o certo a se afirmar é que o primeiro registro impresso com tipos móveis (em metal) é atribuído ao famoso alemão Johhan Gensfleisch zur Laden, comumente conhecido como “Gutenberg”, o mesmo famoso pela impressão da bíblia de 42 linhas entre 1452 a 1455.
Isso já mostra por si só quanto o peso iconográfico direcionado a uma linguagem influencia nas vivências humanas. E não apenas pelo falar, mas também pela representatividade de sua aparência que, nesse contexto, já era mesmo antes de a publicidade como a conhecemos existir. Os signais organizados para gerar um padrão linguístico exercem importância não apenas do ponto de vista comunicacional falado, mas muito evidentemente que também influenciam emocional e racionalmente, do ponto de vista visual.
Paula Schier, a designer gráfico mulher mais importante de nossa era, segundo Ellen Lupton, diz que as ideias para jobs envolvendo sua paixão por tipografia, vem de todas as formas possíveis, como quando em um passeio de táxi por Nova York, quando esta pode facilmente visualizar toda a diversidade tipográfica da cidade. Aqui, em especial, acontece um fenômeno interessante, onde formas tipográficas já existentes e aplicadas exercem influência a novos projetos envolvendo o mesmo elemento. A escrita pessoal, a caligrafia de alguém, cartazes, anúncios ou um lettering bem elaborado – ou não, mostram como as letras são essencialmente importantes e não apenas quando existe uma comunicação verbal.
Quando uma fonte serifada é alocada em um anúncio de tratores, fica vidente que não faz sentido ela estar ali. De igual modo, um anúncio de lingerie não fica tão bem construído se a fonte não for de um estilo clássico, elegante e feminino, quando a intenção conceitual do anúncio é mesmo esta. Desta forma, compreende-se que a tipografia exerce um papel essencialmente importante na construção emocional e analítica de um dado design, influenciando na aceitação ou reprovação deste por parte do público. Isso mostra claramente como o estudo das letras, de como uma fonte se aplica a um anúncio ou de como a tipografia é escolhida para um projeto vai atuar na mente de quem a recebe, seja em uma prateleira de supermercado ou em um outdoor de uma avenida movimentada.