Usuário x Redes Sociais: Quem é o responsável no final?

Usuário x Redes Sociais: Quem é o responsável no final?

Por Manuel Costa

A comunicação e o acesso à informação estão passando por transformações profundas, especialmente no cenário das redes sociais. A proliferação de desinformação, somada às recentes mudanças nas políticas de moderação de plataformas digitais como a Meta, tem impactado a maneira como as pessoas consomem conteúdo e confiam nas fontes de notícias. Em uma de suas declarações mais polêmicas, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, afirmou: “Estamos mudando nossa abordagem para oferecer mais liberdade de expressão e permitir que as pessoas decidam por si mesmas o que é verdadeiro ou falso.” Embora a premissa de maior liberdade seja atraente, ela levanta preocupações sobre a amplificação de conteúdos nocivos e o papel das plataformas na curadoria da informação.

Não é falta de “energia masculina”, Zuk

É essencial compreender como tais mudanças estão levando ao enfraquecimento da credibilidade das redes digitais e ao fortalecimento dos meios tradicionais de comunicação, como a TV, o rádio e os jornais. Este artigo analisa as implicações dessas transformações, relacionando-as com estudos de especialistas como Cass Sunstein, Manuel Castells e Eli Pariser.

1. Redes Digitais na Era da Pós-Verdade

O termo “pós-verdade” ganhou notoriedade em 2016, quando foi escolhido como a palavra do ano pelo Oxford Dictionaries. Ele descreve um cenário onde as opiniões pessoais e as emoções frequentemente se sobrepõem aos fatos objetivos. As redes sociais, especialmente Facebook e Instagram, desempenham um papel central nesse fenômeno, ao favorecerem conteúdo que gera maior engajamento – muitas vezes à custa de precisão e verificação.

A decisão da Meta de flexibilizar restrições políticas e reduzir a moderação de conteúdo representa um retrocesso significativo na luta contra a desinformação. “Não queremos ser os árbitros da verdade no mundo”, declarou Zuckerberg, destacando a intenção da empresa de não interferir em discussões políticas. No entanto, essa postura pode intensificar o problema das “bolhas informacionais”, conceito explorado por Eli Pariser em “The Filter Bubble”, que limita a exposição a perspectivas divergentes, reforçando crenças preexistentes e aumentando a polarização.

2. Crise de Credibilidade e o Retorno aos Meios Tradicionais

A falta de credibilidade nas redes sociais tem levado o público a buscar fontes mais confiáveis de informação. Os meios tradicionais, como jornais, TV e rádio, possuem histórico de apuração jornalística e normas éticas rigorosas, o que os torna uma alternativa atrativa. Philip Meyer, em “The Vanishing Newspaper”, ressalta que o jornalismo de qualidade pode se tornar um diferencial competitivo em tempos de desconfiança.

Em contraste com as redes digitais, Mark Zuckerberg sugeriu que a Meta priorizaria “conversas mais autênticas” em vez de controlar o fluxo de informações. Apesar disso, o retorno às fontes tradicionais de informação, que são amplamente vistas como mais objetivas, reflete uma demanda crescente por maior confiabilidade. Ao se adaptarem às plataformas digitais, os meios tradicionais expandiram seu alcance. Apps de notícias, transmissões ao vivo e serviços sob demanda permitem que eles mantenham relevância e atendam às expectativas de consumidores que buscam informações apuradas e imparciais.

3. Impactos no Mercado Publicitário

O impacto das redes sociais no mercado publicitário também é digno de nota. Plataformas digitais que promovem desinformação podem comprometer a reputação de marcas, levando anunciantes a optarem por veículos tradicionais. Byron Sharp, em “How Brands Grow”, enfatiza que a associação com fontes confiáveis é essencial para a construção de marcas fortes e duradouras. Zuckerberg reconheceu que as mudanças podem afetar a confiança de algumas empresas: “Sabemos que ajustes no algoritmo podem desagradar certos anunciantes, mas priorizamos a liberdade e a inovação.” Contudo, esse posicionamento pode levar marcas a repensarem suas estratégias publicitárias em busca de maior segurança reputacional.

4. O Papel da Regulação

Governos ao redor do mundo estão buscando regulamentar as plataformas digitais de forma mais rigorosa, exigindo maior transparência e punindo a disseminação de notícias falsas. Enquanto isso, os meios tradicionais já operam sob legislações mais estritas, o que reforça sua posição como veículos de informação confiáveis. Zuckerberg argumentou que as plataformas não devem ser responsabilizadas como veículos tradicionais: “Somos uma praça pública digital, não uma editora.” Apesar disso, especialistas defendem que a ausência de regulação pode agravar os problemas de desinformação.

E agora José?

A crise de credibilidade das redes sociais está transformando o panorama da comunicação, fortalecendo o papel dos meios tradicionais como fontes de informações confiáveis e bem apuradas. Enquanto as plataformas digitais enfrentam desafios crescentes, como a proliferação de desinformação e a desconfiança dos usuários, as redes tradicionais se consolidam como baluartes de jornalismo de qualidade.

O futuro da comunicação exige um equilíbrio entre inovação tecnológica e a preservação de valores jornalísticos fundamentais. Nesse sentido, a capacidade de adaptação e a busca por maior transparência são elementos essenciais para garantir que a informação de qualidade continue a ser o alicerce da sociedade.

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