Fala criativos!
Hoje gostaria falar algumas dicas essências para quem está almejando montar um portfólio de ilustração, dicas que por sinal podem ser aplicadas a outras áreas criativas como o Design e a Publicidade.
Essas dicas foram adquiridas aos longos dos anos, assim como muitos de vocês já montei e desmontei meu portfólio várias vezes (e admito que preciso remontar ele novamente o quanto antes), também vi e revi diversos portfólios tanto de profissionais experientes e bem-sucedidos como de amadores e iniciantes na área.
Portanto, hoje gostaria de dissecar um pouco o que faz um portfólio atrativo, tanto para criar uma audiência como para vender seu portfólio para o mercado, pois jamais devemos esquecer que antes de fazer arte, estamos vendendo um serviço que precisa ser adquirido, logo devemos refletir como tornar ele mais atrativo para potenciais compradores.
Portfolio de Benedeto Cristofani
1 – Menos é mais
Mesmo os melhores ilustradores do mundo fazem trabalhos medianos e trabalhos ruins, é algo inevitável, porém ninguém precisa expor isso no seu portfólio, podendo deixar isso para um blog ou arquivo pessoal. O problema desse primeiro conceito é que muitas vezes temos certo apego a nossas obras e não temos o olhar critico de perceber que elas não são todas perfeitas e que algumas merecem mais destaque que as outras.
Bons ilustradores estão sempre insatisfeitos com o seu trabalho, muito chegam a afirmar que seu melhor trabalho ainda está para ser feito, confirmando a sua busca pela perfeição. Tendo isso em mente, na hora de selecionar trabalhos para seu portfólio, comece sempre pelos mais antigos, veja se eles conseguiram passar o teste do tempo, a maioria das vezes não conseguem, por isso é tão comum vermos bons portfólios com trabalhos de no máximo 4 anos atrás.
Quantos trabalhos você deve botar em seu portfolio?
O suficiente para mostrar sua capacidade, caso você seja um iniciante não há problema em ter poucos trabalhos, contanto que estes tenham boa qualidade e consistência entre sí.
Com o tempo você notará que artistas mais experientes algumas vezes tem portfólios mais longos, visto que estão a mais tempo produzindo e tiveram tempo de criar mais trabalhos de qualidade. Mesmo eles devem de tempo em tempo dar uma revisada e separar “os melhores dos melhores” para não carregar demais o expectador.
2 – Foco
Falar de foco parece um assunto muito próximo do item anterior, contudo nesta etapa a ideia não é só fazer uma curadoria em termos de trabalho ou informações que irão no portfolio, mas em saber qual o foco do seu portfólio. Qual o público que você quer se dirigir com esse portfólio? Você acredita que os trabalhos e conteúdos apresentados estão alinhados com essa fatia do mercado?
Vamos pensar a seguinte situação: Sou um aspirante a modelador 3D e estou montando meu portfolio, faz sentido eu colocar minhas ilustrações tradicionais em aquarela nele?
Sim e não.
Sim, se esse essas ilustrações fazem parte da pré-produção de um dos projetos de 3D, sendo concepts ou roughs. Não, se elas tratam apenas de trabalhos pessoais desconexos dos projetos 3D do portfólio.
Para iniciantes, é muito tentador querer mostrar as mais diversas mídias que seu trabalho já foi produzido com o intuito de abrir novas possibilidades de trabalho. No entanto, isso pode ser um tiro no pé, visto que potenciais clientes olharam seu portfólio e poderão ficar confusos sobre qual é a sua especialidade.
Não é que você não possa ser um ilustrador digital, artista de rua, aquarelista e modelador 3D, é só que na hora de montar seu portfólio é necessário focar em alguma área ou fazer com que as demais trabalhem a favor de uma. Existem alguns ilustradores que levam essa questão do foco tão a sério que chegam ao ponto de montar vários portfólios com alter egos que trabalham cada um com uma especialidade, o que é uma ideia interessante se você tiver tempo e talento em mais de uma área.
3 – Apresentação
Imagine a seguinte situação: Você irá realizar uma obra em casa e precisa contratar um pedreiro, você liga para dois caras, um deles aparece em sua casa com um macacão sujo de graxa, de chinelos e com uma barba de três dias, já o outro aparece com uma calça jeans, uma camisa polo, um sapatênis e a barba feira. Qual destes você contrataria?
Pode parecer preconceito da minha parte, mas baseado na primeira impressão acredito que boa parte das pessoas contratariam o segundo (levando apenas o fator apresentação, é claro). E não é nenhum absurdo fazer isso, visto que o julgamento aqui aplicado ao fato de um deles ser mais asseado que o outro nos faz pensar que seu trabalho também será bem acabado. E muitas vezes é realmente o caso, embora eu conheça uma centena de profissionais da área de ilustração que tem um trabalho magnífico, mas a apresentação de seu portfólio é terrível.
Falando de portfólio online, hoje não é mais necessário saber programação ou web design para ter um site decente, plataformas como o Cargo, o Behance, Wordpress, Tumblr, entre outros, oferecem opções bem pensadas e pré-moldadas para a criação do seu portfólio. É claro, você ainda terá que fazer aquela decupagem que falamos no item #1 e #2 para pensar na apresentação.
E quando falamos de apresentação, não falamos apenas da cor do fundo ou fonte que você está usando em seu site, mas pensar a diagramação das informações dos trabalhos apresentados, o que é mais importante aparecer na pagina inicial? Qual será o tamanho dos thumbnails e das imagens? Como serão as sessões do site? O que você vai colocar nos contatos?
A página inicial é sempre o maior foco de seu portfólio online, ela tem que ser chamativa e atraent. Nunca se esqueça: Quanto menos opções você dá, mais fácil é de conseguir o resultado que quer. Então tente minimizar ao máximo o número de sessões e links externos, também não faça textos homéricos e que possam distrair o expectador do que realmente importa.
Esse tipo de penso também válido caso você esteja pensado em fazer um .PDF , faça um rascunho das informações dos trabalhos apresentados, ordem e diagramação do conteúdo, pois não tem coisa pior que receber um arquivo desses sem identificação alguma só com um bando de imagens em sequencia, seja minucioso nessa etapa.
4- Esqueça as ferramentas, pense o processo
Muitas vezes vemos portfólios em que a divisão de projetos ocorre por mídia executada e não por categoria de arte, ou seja, temos um botão para pinturas, desenhos, 3D, entre outros. Sinceramente, isso só importa se você estiver querendo carreira como artista plástico, área em que o corpo de trabalho tem seu valor avaliado pela mídia e exposição que foi realizado, visto que um artista faz antes de tudo arte para si.
O ramo da ilustração não está muito preocupado com a mídia que você fez um trabalho ou o programa que executou ele, mas muito mais preocupado com a razão dele (ilustração publicitária, editorial, animação, etc) e com o resultado final, se ele cumpre com o papel e briefing que foi proposto.
Processo de Ilustração de Fernando Nunes
Para não desanimar, sim, é possível incluir a mídia / programas usados, mas nesse caso é legal você fazer um Case Studies para tornar essas informações relevantes. Isso é algo muito atrativo para certos clientes, visto que muitas vezes desmistificar o seu processo facilita a compreensão do seu trabalho e prazos necessários para sua execução, muitas isso gera certa segurança para o cliente, visto que ele compreende como tudo é feito.
5- Sinceridade
Esse último item pode parecer besteira, mas preciso enfatizá-lo pois algumas pessoas ainda pecam nesse quesito. Quando montamos um portfólio, não há necessariamente problema em se incluir trabalhos feitos em colaboração com outras pessoas, nem em em incluir trabalhos “fantasmas” (fictícios para marcas), contanto que nestes e em outros casos você informe o espectador.
Diversas vezes tive desagradável surpresa de ver uma ilustração em um portfólio de ilustrador para depois descobrir que o autor dela era outra pessoa e o ilustrador havia apenas colorido / feito uma montagem em cima / adicionado uma tipografia / etc. Não tente enganar o seu público, seja sincero sobre qual foi seu papel no projeto e qual foi o propósito dele, pois por mais que isso mostre o grau de experiência que você se enquadra (amador, iniciante, intermediário, sênior) enquanto profissional, vai te livrar de ter que se justificar no futuro e gerar mais confiança de quem procura seu trabalho.
Uma ótima maneira prática e rápida de treinar a criação de seu portfolio é através do uso de recursos gráficos como templates de site, mockups para aplicação de seus trabalhos e modelos/aplicações que possam melhorar mais seus projetos. Para uma criação bem feita é necessário ter acesso a recursos de qualidade como texturas, fotos e vídeos.
Algo que pode facilitar muito na sua criação é ter acesso a imagens diversas e de boa qualidade, um bom lugar para encontrar estas para uso em sua arte, é o Fotolia da Adobe, um banco de imagens líder mundial, que dá acesso instantâneo a mais de 62 Milhões de imagens, vetores, ilustrações e videoclipes.