O modelo de desenvolvimento tal como se apresenta hoje já nos provou que não é sustentável. Não só pela questão ambiental, que é alarmante há algum tempo, mas porque não poderá ser mantido pra sempre. Ou seja, precisa ser mudado.
O Design socialmente responsável cuida das necessidades das pessoas de uma forma diferente do que o design comercial, voltado para o mercado. Enquanto este último tipo se preocupa principalmente com a venda e o lucro e, assim, projeta muitos produtos efêmeros e inúteis, o chamado Design Social cuida de outros problemas como, por exemplo, a falta de acesso à água, a desnutrição, a geração de energia, etc. Enfim, projetos que se preocupam essencialmente em contribuir para o aumento da qualidade de vida de determinada comunidade.
Veja algumas características do Design Social que fazem dele uma poderosa ferramenta de transformação:
O Design Social é empático
De nada adianta um projetista que fica 9 horas por dia no escritório tentando compreender as necessidades de um público-alvo. O Design Social é como o Design Thinking, essencialmente empátio, ou seja, precisa compreender profundamente seus futuros usuários e por isso vai à campo para fazer registros, observações e ouvir histórias. Muitas vezes, é realizada uma “imersão”, que consiste em passar um significativo período de tempo junto ao foco do problema, para “sentir na pele” as demandas e as limitações existentes. Aqui nesse outro post eu falo mais sobre a empatia no Design.
O Designer social é consciente do mundo em que vive
A tecnologia avançou consideravelmente, é verdade. A internet chega a cada vez mais casas e temos um monte de gadgets legais. Apps não param de surgir, pra todo o tipo de coisa. Cada vez mais produtos se apresentam nas lojas e supermercados, cada um com uma embalagem mais bonita e chamativa. Trabalhamos, recebemos e compramos, este é o ciclo. O mundo, pra muitos, até parece uma maravilha ou, no mínimo, um lugar confortável. No momento, a mídia e os políticos se desdobram para mascarar o país de “desenvolvido”. Isso para que, durante a Copa, todo o mundo veja como somos felizes e “civilizados” por aqui. Só que não.
Designers socialmente responsáveis conhecem e convivem com essas realidades porém não esquecem jamais destas outras:
- 1,1 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso à água potável.
- Mais de 2 bilhões de pessoas no mundo não tem acesso à eletricidade.
- Somente 10% da população mundial possui computador e apenas 4% tem acesso à internet.
- No Brasil são produzidas, diariamente, cerca de 250 mil toneladas de lixo.
- O número de pessoas que sofrem com a fome no mundo, entre 2011 e 2013, foi de 842 milhões.
O Design Social é metódico
Não existe uma metodologia pré-definida ou exclusiva desta área, mas dois modos de abordar problemas são geralmente usados: o Design Thinking e o Human-centered Design (ou Design centrado no ser humano)*. Ambos são processos altamente colaborativos, realizados preferencialmente por equipes multi-disciplinares. Se o caso é a melhora de um serviço hospitalar, por exemplo, médicos e enfermeiros são bem-vindos ao time para participarem de todo o processo, do início ao fim. Isso permite um cruzamento de visões e experiências que faz toda a diferença para o resultado final. Afinal, quem disse que Design é só para designers?
Essas são algumas qualidades que fazem desse viés da profissão um caminho interessante e gratificante para aqueles que se preocupam em fazer deste um mundo melhor. Não se trata de ir contra o Capitalismo mas de achar formas de, mesmo em uma sociedade tão injusta e desigual, levar oportunidades e soluções reais pra quem mais precisa.
Para conhecer alguns projetos deste tipo, acesse 5 bons exemplos de Design Social, e também os sites Social Design Site e IDEO.org.
“Não podemos não mudar o mundo.” Vamos juntos?