Fotolia A arte de rua sensacional de Valdi-Valdi e nossa entrevista

A arte de rua sensacional de Valdi-Valdi e nossa entrevista

Por Marcos Torres

Fala criativos!

Hoje lhes apresento e trago uma entrevista com o talentoso Valdi-Valdi, graffiteiro muito influente no cenário de Santa Catarina e que aos poucos está alçando vôos maiores no cenários nacional e mundial. Além de graffiti, o cara também manda muito bem em ilustração e pintura, tivemos a ótima oportunidade de trocar uma ideia sobre diversos assuntos com ele.

Você pode encontrar Valdi-Valdi e sua arte nos seguintes links:

 

1- Antes de tudo gostaria de agradecer nos permitir ter a honra de entrevistá-lo, nos conte mais de como começou o seu interesse por Graffiti e arte de rua?

Primeiramente agradeço o convite e parabenizo o pessoal da Design Culture pela qualidade do conteúdo! Bom, comecei no Graffiti há uns 10 anos, mas gosto de desenhar desde que me entendo por gente. Sempre fui aquele rapaz que fica no fundo da sala desenhando. Além disso, tive contato com o ambiente urbano ainda novo, quando andava de skate ali pelos 13 anos de idade. Desde então a rua foi um lugar cativo para mim. Mais tarde chegando na faculdade conheci um pessoal que já pintava nas ruas e rapidamente fiz amizade. Em pouco tempo estava me aventurando com o spray, conhecendo a cultura do graffiti desenhando por aí. O interesse na arte urbana foi muito forte porque me motivou demais a evoluir como artista e como pessoa. Porque quando você desenha em seu caderno ninguém pode te julgar, mas quando você vai pra rua e pinta um muro, seu trabalho é visto e você deve mostrar seu valor.

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2- Nos fale mais quais são suas referências, mentores e pessoas que o inspiram ao longo desses anos?

Essa perguntar é sempre muito complexa de se responder. Há muitas referências, pessoas e elementos que te influenciam ao longo dos anos. Como artista você acaba deixando sua mente em constante prontidão, alimentando-se de tudo que faz parte da sua vida. Mas partindo do princípio, meu pai sempre foi um excelente desenhista e desde muito cedo me levou para conhecer galerias de artes e bibliotecas com livros artísticos. Meus pais são apaixonados por conhecimento e isso me fez ter uma base muito rica culturalmente. Peguei muita referência da arte renascentista e em especial pelo gênio alemão Albrecht Durer, no qual meu pai é um grande admirador. Esse contato com as artes clássicas é uma influência que tive desde criança. Posteriormente uni esta vertente com os desenhos japoneses, mangas e quadrinhos. Realmente foi meu inicio na caminhada como artista, esta fusão do velho com o novo.

Ao longo dos anos, ainda me baseando na cultura oriental (Miyamoto Musashi), busquei uma evolução constante. Independente de qual seria a referência, entendi que eu precisava me dedicar com afinco para conseguir ser um artista. Me dediquei em técnica e estilo durante esses anos todos, sem intervalos, buscando uma identidade própria e um entendimento mais amplo do que é arte. Ainda estou longe do fim mas acredito ter encontrando um meio de continuar caminhando cada vez mais longe.

Além disso, tive incríveis mentores no graffiti. Conheci aqui em Florianópolis ainda no início, dois grandes graffiteiros, personagens que fizeram a cena local crescer como se fosse uma grande cidade. Atualmente meus grandes amigos: João Vejam e Rodrigo Rizo, realmente me ensinaram tudo que sei sobre a arte urbana. Adquiri um grande conhecimento técnico com eles, sobre o uso do spray e utilização das cores. Mas o mais importante foi aprender sobre a conduta do graffiteiro, sobre atitude e respeito. Esses aprendizados me transformaram como artista e como pessoa, e tudo que conquistei até hoje é baseado nessa vivência.

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3- Como funciona o seu processo criativo na criação de uma arte?

Apesar de ter uma técnica reconhecida pelas pessoas, ainda gosto de experimentar muito no processo criativo. Mas para exemplificar meu trabalho atual, passei por uma mudança drástica no processo de criação da arte, que fez muita diferença. Anteriormente, 4 anos atrás, eu ia fazer um graffiti apenas munido de muita vontade (desejo) e spray. Era uma arte espontânea, expressiva, sem planos, algo que funcionou para mim durante um tempo. Mas essa forma de arte jovem tens seus pontos fracos, no momento que você não planeja seu trabalho ele facilmente sai do controle, ou então, não alcança seu potencial máximo.

Consegui reverter isso quando notei que o planejamento do meu graffiti fazia total diferença no resultado final. Comecei a ir para o muro graffitar com referências impressas, paleta de cor já definida, tamanho do muro com medidas exatas e por ai vai. Atualmente demoro algumas horas até dias para preparar minhas pinturas, já que não uso projetor para fazer o realismo, tenho que medir cada detalhe da pintura e transferir para o muro na proporção exata. Hoje vejo a importância disso, consegui fundir ao meu trabalho jovem e expressionista, uma paciência e metodologia que só vemos em artistas mais velhos!

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4- Nos fale um pouco da sua rotina, como é um dia na vida de Thiago Valdi?

Poucas pessoas sabem mas além de artista sou empresário aqui em Florianópolis. Tenho uma rotina dividida entre arte e negócios, o que pode atrapalhar mas também ajudar no meu entendimento e carreira artística. Acabo sendo muito mais objetivo e produtivo na arte porque essa é a minha conduta dentro da empresa. Além de que consigo trazer soluções criativas e ousadas para o mundo dos negócios, essa dualidade funciona de forma surpreendente.

Além disso minha rotina como artista é estranha (acredito eu)! Fico um período grande apenas pensando e especulando sobre minha arte, sobre o que devo ou não pintar. Quase um estado de inércia física, aliado a uma reflexão intensa na mente. Isso me traz extrema satisfação e nitidez na minha caminhada. Gosto de ver com transparência os “porquês” dos meus próximos passos. Aí quando chega a hora de agir, saio feito cachorro louco, com determinação, foco e emoção.

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5- Qual você considera o ponto mais positivo e o ponto mais negativo da profissão?

Ponto mais negativo é cair nos caprichos do nosso próprio Ego, ao ponto dele se tornar o foco da arte. Sem dúvida essa é uma maldição que, ao meu ver, deve ser combatida por todos aqueles que almejam ser artistas. Atualmente os artistas buscam “impressionar ” as pessoas, quando deveríamos buscar “inspirá-las”.

Ponto positivo é buscar crescimento pessoal no próprio trabalho. Quando você melhora como artista, acaba melhorando como pessoa também, em algum aspecto.

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6- Qual você considera seu melhor trabalho até o momento e porque?

Meu melhor trabalho ainda não existe, ele está no meu pensamento ainda. Claro que há algumas pinturas que ficaram muito legais, mas veja bem, acredito que meu melhor trabalho nem será uma pintura. Nem precisará ser considerado meu, algo além de mim, do meu próprio ego. Essa será uma obra prima.

mixedmedia-badgirl-1-819x10247- Agora um rápido bate-bola:

Um filme: Nacho Libre

Uma música: Prologue, Album Elekfantz

Um lugar: Cadaqués, Espanha

Uma cor: Azul indo pro verde e Laranja indo pro magenta

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8- Nos conte mais sobre seus hobbies, quando você não está trabalhando, o que gosta de fazer?

O sucesso acontece quando trabalho, lazer e estudo se confundem. Surfar e tomar vinho entram também.

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9- Para finalizar, você tem alguma lição que aprendeu ao longo desses anos que gostaria de compartilhar com nossos leitores?

Ninguém nos ensina como, nós somos criados para ser uma coisa só. Mas você pode ser multidisciplinar, antagônico, ter vários sonhos e mais que uma profissão. Ser completo é fazer tudo que der na telha, desde que seja verdadeiro.

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