Cinema e Séries A bela mistura de nostalgia e novidade em Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo!

A bela mistura de nostalgia e novidade em Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo!

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Aqueles que contribuíram com a imensa bilheteria de US$ 615 milhões de dólares do filme musical mais amado de 2008 têm um bom motivo para se alegrarem nesta quinta-feira, 02 de agosto: Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo! (ou no bom e original tema, Here We Go Again!) chega aos cinemas brasileiros prometendo arrancar risos, lágrimas e cantorias das plateias que esperaram nada menos que 10 anos para verem os desdobramentos da história de Donna e Sophie na fictícia ilha grega de Kalokairi.

Desacreditado pela crítica especializada e idolatrado pelo público, o filme se baseia no musical que desde 1999 arrebata espectadores e é considerada a peça teatral cantada mais vista do mundo, e de acordo com informações, amealhou uma audiência que ultrapassa os 40 milhões de pagantes. A ideia original de criar o fio narrativo de uma história baseada nas músicas da banda sueca ABBA veio de Catherine Johnson, que figura como roteirista dos dois filmes e tem Phyllida Lloyd como diretora da peça teatral e do primeiro longa-metragem, que passou a direção dessa vez para as mãos de Ol Parker, que também se incumbiu do novo roteiro.

A segunda trama se situa 5 anos depois dos episódios do primeiro filme e ocorre em dois tempos; de um lado, Sophie reforma o hotel da mãe, e do outro, a Donna de 1979 se forma e conhece a ilha onde decide passar o resto da vida. Em face disso, o elenco possui atores dobrados para contar a história que se passa cada parte com 25 anos de diferença. Donna, Tanya e Rosie, inicialmente interpretadas por Meryl Streep, Christine Baranski e Julie Walters, se aliam a Lily James, Jessica Keenam Wynn e Alexa Davies para viverem em décadas diversas as amigas que formam a banda Donna e as Dínamos; da mesma forma que o trio de pais Sam, Harry e Bill passam a contar, além de Pierce Brosnan, Colin Firth e Stellan Skarsgard, com Jeremy Irvine, Hugh Skinner e Josh Dylan para as lembranças da década de 70 dos rapazes.

Lily James aceita com coragem a incumbência de dividir uma personagem com ninguém menos que Meryl Streep e não decepciona. A jovem atriz tem em sua bagagem alguns números musicais vistos em Cinderela e sabe encantar a plateia com uma protagonista doce, audaciosa e com muita ânsia de viver. Já o time veterano conta novamente com a irreverencia da dupla formada por Christine Baranski e Julie Walters (quase impossível lembrar da Sra. Weasley da saga Harry Potter) como as amigas solteiras, divertidas e sempre presentes de Donna. Encerrando com chave de ouro, Cher atrai toda a atenção possível e repara a atuação fraca com um número musical arrebatador.

O filme soube aproveitar bem as pontas soltas do primeiro para compor um valioso elo de roteiro com o atual e garante boas tiradas para os que guardam a película de 2008 na cabeça. Existe uma falha cronológica entre os relatos do diário de Donna com as passagens do segundo, mas nada que quebre demais a magia dessa história de verão europeu. Pessoas e passagens meramente citadas no passado contribuem com a trama da década de 70, como deve ser; a exemplo da tia Sofia, o violão de Harry e o piquenique com Bill. Por outro lado, inovações na trama acentuam o quesito emocional, a exemplo do acolhimento de Donna na ilha pelos nativos e o parto de Sophie.

O quesito musical fica um pouco comprometido pelo fato de que as canções mais famosas do ABBA estão quase todas contidas no longa de 2008, de modo que as músicas desse novo filme soam um pouco desconhecidas para o grande público. A forma encontrada para sanar isso foi apostar em instrumentais dos números anteriores para embalarem as cenas nostálgicas dessa sequência, tais como Chiquitita, Our Last Summer, Slipping Through My Fingers e outras. Algumas melodias do ABBA seriam impossíveis de não serem reapresentadas nesse filme, e isso garante cenas marcantes com um elenco muito bem afinado.

O fato de as músicas não serem tão conhecidas é compensado com uma história cativante, que sabe conquistar a atenção da plateia para montar dois quebra-cabeças distintos, oriundos da dupla passagem de tempo e das situações variadas. A musicalidade embala esse ritmo geminado com maestria e os jogos de câmera auxiliam nessa transição temporal.

O visual do filme é um tema à parte. A fotografia usa e abusa da luz natural abundante das paisagens com muito reflexo azul (a narrativa se passa na Grécia, mas o filme foi rodado na Croácia). A cor anil também faz parte de quase todos os cenários e figurinos dos personagens. A personagem de Amanda Seyfried consegue mostrar maturidade abandonando os vestidos rodados do filme de 2008 para apostar em jeans brancos e batinhas sempre puxadas para o azul. Lily James traz a vibe hippie dos anos 70 com tudo de melhor que essa década pôde oferecer em termos de indumentária: saiões, crochês, vestidos leves, muita prataria e chapéus em tons vibrantes de laranja, mostarda e azul compõem um visual que será facilmente lembrado pelo bom tom (fruto do excelente trabalho da figurinista Michele Clapton, ganhadora dos Emmy de 2016 e 2017 por Game of Thrones e The Crown, respectivamente).

A decoração de set soa mais limpa e sofisticada do que o primeiro, que ambientava a vida de Donna no caos de um hotel de instalações precárias em contrapartida ao clean, rústico e praiano vistos agora, tudo em conformidade com o melhor do estilo mediterrâneo.

Observações à parte, Mamma Mia é o tipo de filme que resgata o melhor das relações humanas em termos de filiação, amor e amizade e renova a sensação de esperança no destino e no acaso. Analisando em profundidade, a grande temática reside na lealdade que supera a passagem do tempo e faz a liga dos relacionamentos mantidos à distância ou não. A atenção especial se volta às relações femininas, firmadas entre mulheres que são amigas de longa data ou mãe e filha. Sororidade e empoderamento, termos tão em alta nos dias atuais, já recheavam o roteiro do longa apresentado em 2008 e tornam a integrar essa nova aventura banhada de luz solar e lições lunares sobre passagem do tempo e sentimentos atemporais.

O filme é recomendado para todos aqueles que esperam ser brindados com uma mensagem cantada ou falada de que o inesperado pode ser bom e que porto seguro é um conceito que diz respeito única e exclusivamente a quantos corações sua alma faz morada.

Atenção para a cena pós-crédito e para a participação de Benny Andersson, integrante do ABBA, no piano durante a cena de Waterloo. 

Mamma Mia: Lá Vamos Nós de Novo estreia nesta quinta-feira, 02 de agosto; confira o trailer no link a seguir:

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