Publi e MKT A criatividade em xeque

A criatividade em xeque

Por Jefter Barony

Como é bom trabalhar com criatividade, mas sempre tem alguns detalhes que nos deixam pra baixo, como por exemplo, a falta de estrutura física e a inexistência de gerenciamento humano adequado em vários locais do país (carapuças sejam postas, claro). Enfim, hoje gostaria de voltar minha matéria para uma séria crítica ao mercado publicitário e criativo em geral.

Estava eu buscando uma pauta para a matéria de hoje e de repente me deparo com dois ótimos posts publicados no blog do Publiminas. Apesar da matéria ter utilizado o mercado mineiro como objeto de estudo, certamente cada palavra escrita ali relata a realidade de muitos profissionais da comunicação em diversas agências espalhadas pelo Brasil.

Antes de você prosseguir com a leitura, analise o gráfico. Depois seguem duas matérias da comunicadora Cínthia Demaria, na íntegra para você.

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Há 15 dias, o Publiminas lançou uma pesquisa para saber o quanto as agências e empresas de Comunicação de Minas Gerais preocupam-se com a “saúde criativa” de seus profissionais. Foram 7 dias de apuração e 123 respostas obtidas. O resultado da pesquisa você confere a seguir.

Dentre os entrevistados, 74% trabalham em agências de Publicidade e a maioria dos respondentes atuam como designers/diretores de arte, atendimento ao cliente, mídias sociais e redatores.

Um dos fatores que chamou a atenção foi o fato das contratações serem feitas, em 50% dos casos, pelos donos das empresas, contra 14% de um setor de RH.

Quando perguntados se executavam as tarefas para qual foram contratados, 47% diz executar mais do que previa. Entretanto, 42% disseram fazer o que esperavam e o que gostam. Já em relação ao salário, 85% diz que não recebe um salário justo pelas tarefas que executa e a maioria disse estar abaixo da cotação do mercado.

Pela amostra foi possível concluir ainda, que as empresas estão equipadas com a infraestrutura básica e estão na média (nota 3 numa escala de 1 a 5) em relação à importância que dão para os funcionários. Os trabalhadores, por sua vez, deram nota 4 para a importância que a empresa representa para sua carreira.

Os colegas de trabalho, o ambiente e a localização foram consideradas as questões mais favoráveis das empresas. Enquanto isso, a falta de plano de carreira e a falta de benefícios foram os mais criticados.

Mais de 60% disse que tem vontade de sair da empresa em quem trabalha em decorrência do baixo salário.

As horas extras foram citadas como benefício para folgas compensativas, em contrapartida foram criticadas por impossibilitarem a realização de tarefas pessoais.

Apesar da queixa em relação ao salário, 68% das pessoas admitiram que ainda há esperança no mercado mineiro. Muitos acreditam que a publicidade está ganhando espaço e os criativos devem reunir-se e assumir lideranças para mudar a realidade salarial, bem como a regulamentação de algumas carreiras.

A expressão “Mercado prostituído” foi citada algumas vezes, graças a profissionais que aceitam trabalhar com baixo salário. O caminho, para muitos, é fazer com que os donos das empresas valorizem mais a qualidade do serviço prestado do que o “dinheiro no bolso”. A falta de união entre os profissionais foi questionada várias vezes.

Algumas pessoas do interior do estado reclamaram da falta de visão dos empresários em contratar profissionais sérios e capacitados. Algumas pessoas disseram que pretendem sair do estado para alçar voos maiores.

Clique aqui para ver a pesquisa completa.

Para comentar sobre os resultados apurados, conversei com o Psicólogo Especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho e Coach de carreiras Paulo Jelihovschi (paulohjeli@gmail.com). Segundo ele, a reclamação do salário não é uma exclusividade da nossa classe. Entretanto, os profissionais precisam estar mais organizados (por meio de conselho ou sindicato) para exigir seus benefícios, como teto salarial, horas de trabalho diárias e outras questões apontadas na pesquisa. “Sem uma representação forte, não há poder de barganha com os donos da empresa”, indica.

Com base nas respostas obtidas na única questão aberta da pesquisa, o psicólogo percebeu um receio dos profissionais em empreender. “Há reclamação de quem trabalha há anos na área, mas não há iniciativas evidentes de um espírito corporativista”, conclui Jelihovschi. Para ele, falta uma postura proativa de uma empresa disposta a mudar o mercado, uma vez que ex-funcionários tornam-se empresários e repetem os mesmo erros de quando eram contratados.

Frente às respostas abertas recebidas, o psicólogo acredita que há uma falta de espaço para que os funcionários se expressem de diversas maneiras dentro das empresas e que os donos deveriam preocupar-se com a liberdade criativa de seus funcionários, antes mesmo do salário. “O trabalho criativo é como uma mola que deve ser esticada diariamente. Fechada, ela cumpre o papel de ser mola (a função técnica), e aberta ela vai além e surpreende, que é o que poucas vezes os profissionais tem chance de fazer devido a uma série de fatores, como o acúmulo de trabalho e falta de espaço para tal”.

A falta de um setor de RH também é algo que reflete a vitalidade da empresa, garante Paulo. Os profissionais deveriam ser selecionados não somente pelo supervisor direto, mas por alguém que irá resguardá-lo das atividades de seu cargo, reconhecer seu desenvolvimento e defender junto ao gestor o tão sonhado plano de carreira. “O Setor de Recursos Humanos funciona como um intermediário entre Gestão e Pessoas, processo esse fundamental para saúde de quem trabalha e para evitar prejuízos para quem contrata”, afirma.

Jelihovschi disse ainda que a rotatividade é negativa, pois a empresa não constrói uma história nem um conhecimento, que entra e sai e é levado para a concorrência com frequência.

Os resultados dessa pesquisa não se esgotam por aqui. Acreditamos na possibilidade de levá-la para uma discussão maior e alertar o mercado para que a Publicidade mineira seja tão forte quanto a paulista, como mencionado várias vezes pelos entrevistados.

Já era proposta do Publiminas entrevistar os gestores e o psicólogo reafirmou a importância da opinião deles em resposta à primeira pesquisa proposta. Aguardem. =)

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Eu, Jefter, gostaria em nome do Design Culture, agradecer a Cínthia Demaria e ao Publiminas pela matéria. Leia aqui a primeira matéria e aqui o segundo post contendo o infográfico.

Mas e você? O que pensa sobre o mercado criativo?

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