Cinema e Séries A nova face do Batman

A nova face do Batman

Por Erica Oliveira Cavalcanti Schumacher

Aclamado pela crítica com notas acima de 90% de aprovação, a nova roupagem do super-herói de Gotham traz Robert Pattinson na pele do morcego. O produtor, roteirista e diretor Matt Reeves (Planeta dos Macacos) foi eficiente em mesclar fatores já conhecidos da atmosfera de Gotham aos novos elementos introduzidos por ele e que são responsáveis pela ambientação da vez.  O longa atrai especulações desde que Robert Pattinson foi anunciado como o homem morcego. O físico do ator quebra o padrão construído por Christian Bale e Ben Affleck nas últimas sequências e é interessante observar a maneira como esse dado foi utilizado para revelar uma face mais vulnerável do recluso órfão de Gotham. A vulnerabilidade é um fator chave na construção do personagem. Diferente das propostas colocadas pela trilogia de Nolan e Snyder, o Batman de Pattinson não está preocupado com a imagem social do empresário bem-sucedido, mas, ao contrário disso, busca afastar-se do controle das empresas herdadas e das pessoas em geral. 

Em clara inspiração no líder do Nirvana, o cantor Kurt Cobain, Bruce Wayne encarna o tom de voz baixo, o olhar entristecido, o cabelo desarrumado, o diário e a postura de desinteresse por quase tudo e todos. O novo Batman tem seu trunfo na fragilidade exposta. A atuação de Robert Pattinson está à altura da missão, mas não é possível compará-lo aos seus antecessores porque a adequação do ator ao personagem está em ser aquilo que até então não fora exatamente explorado nos filmes. O uso da maquiagem nos olhos deixa a marca do Batman em Wayne mesmo quando ele se apresenta socialmente. Esse dado é interessante porque realça a imperfeição e a interseção entre os dois mundos. 

Entrementes, nem só de Pattinson se sustenta a trama. As valiosas participações de Zoë Kravitz (exuberante como Selina Kyle), Andy Serkis (sempre multifacetado, aqui o sempre presente Alfred), Colin Farrell (irreconhecível como Oz, o Pinguim), Jeffrey Wright (comissário Gordon) e Paul Dano (Charada) criam o elenco adequado para moverem as peças do tabuleiro político e moral de Gotham city. As máscaras de herói e vilão apenas contornam uma discussão contundente sobre a cleptocracia política que rege a cidade. A sensação de abandono, corrupção e desolação criam seus próprios monstros e o roteiro do longa toma isso como norte. 

A densidade do cenário manifesta as nuances cinzentas de todos os envolvidos. Com isso, o Batman é parte do problema que ele tenta resolver como se fosse fruto dos erros alheios. Aqui, Bruce Wayne é estrutura fundante do colapso social que assola Gotham. O contexto deslindado se reúne a um trabalho exemplar de cinematografia. O filme capta toda a exuberância das sombras, formas sutis e abusa do contraste entre preto e laranja (algo que vai te lembrar de Nolan) para criar essa ambientação de trabalho noturno. As luzes focais dos cenários e ambientes compõem uma atmosfera noir em que o caminho das respostas parece estar no labirinto trevoso que são os lugares e as pessoas. A arte gótica mostra outra forma de extrair beleza dos lugares e nada além disso, porque a esperança não é elemento presente nesse local. Ao contrário disso, a dureza e a realidade crua estruturam o roteiro. A trilha sonora foi estruturada em tons dramáticos, mas que crescem à medida em que Bruce Wayne vai desvendando as camadas do conflito. O embalo de Something in the Way, composição do Nirvana, dá o tom melódico e soturno que o filme resguarda. A pancadaria é reforçada pela edição de som. Salas sonoramente mais potentes deixam o espectador vívido porque a sonoridade do longa foi lapidada para revelar alguns pesos, seja em relação ao veículo, ao baque ou aos passos do protagonista. 

O novo filme traz uma roupagem envolvente para um personagem já amado. Algumas escolhas não óbvias acabaram resultando em uma proposta inusitada, mas que foi cativante. A extensa duração de 3 horas mantém a plateia vigilante por todo o tempo, não há pausas, nem cenas desnecessárias. O tempo foi instrumento necessário para que todas as engrenagens apresentadas fossem conectadas na trama. Valeu a pena.  Aqui o que vemos é o resultado de um excelente trabalho técnico e humano. A cinematografia criou o cenário ideal e os personagens foram aproveitados da melhor maneira possível. O fato de o protagonista ter sido contratado para 3 longas sugere a continuidade desse elenco para algumas próximas aventuras que já estamos aguardando! 

The Batman estreia no Brasil nesta quarta-feira, 3 de março. Confira os trailers nos links abaixo: 

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