Recentemente o blog publicou matéria sobre a polêmica do logo da Kelly Key, desenvolvido via site de concorrência criativa (o nome é bonito).
Esses sites vem se proliferando cada vez mais, bem como seus participantes, tanto os que demandam os trabalhos quanto quem oferece os produtos.
Vamos procurar avaliar aqui pelo menos dois pontos de vista, dos muitos em que a questão pode ser percebida.
Os que são contra, geralmente o são de forma radical e feroz, argumentando que é um desrespeito à profissão de designer já que os valores oferecidos são, em geral, mínimos e também porque essas concorrências não são destinadas propriamente a designers apenas, já que qualquer um que desenvolver qualquer criação, independente de sua qualidade ou profundidade ou conhecimentos técnicos, etc, etc, pode participar. Além disso, fala-se também do perfil de quem busca esse tipo de concorrência, como sendo alguém que não valoriza o bastante sua marca e que tem um poder duvidoso de avaliação.
Agora, tentando olhar o outro lado: quanto ao valor oferecido pelos trabalhos, ele é aberto, explícito, portanto, aceita quem quer. Quanto ao fato de nem todos os concorrentes serem designers, isso não é exclusividade desses sites. Todos sabemos que, cada vez mais, oportunistas não faltam, em qualquer esquina, e eles só sobrevivem e continuam aumentando pelo mercado em que vivemos. Quanto ao despreparo dos clientes em valorizar sua marca ao ponto de só entregá-la a um profissional e entender que deve investir nisso e em saber avaliar de forma coerente os produtos, venhamos e convenhamos, quantos clientes fazem isso, mesmo fora desses sites?
O fato é que os sites de livre concorrência só vieram a esquematizar o que já acontecia no mercado livremente e sem controle. Essa promiscuidade só ganhou um canal um pouco mais formal para se manifestar. Não podemos ser hipócritas ou termos a ideologia de que esse comportamento é diferente em outros ambientes. Não é. Nosso mercado é cruel, é muitas vezes injusto e isso não é exclusivo aos sites de livre concorrência.
Aos designers cabe a necessidade de mostrar que um profissional apresenta melhores resultados, que uma bagagem teórica e técnica desenvolve produtos mais consistentes, de que uma marca é o maior ativo de uma empresa e merece ser tratada como tal. Além de desenvolver o projeto, o designer tem que vendê-lo, defendê-lo. Enfim, é uma batalha contínua. Concluímos então: ser designer é para os fortes.
Gisele Monteiro