Hoje quando pensamos em cinema logo nos vem à cabeça as grandes telas IMAX com suas imagens de alta definição ou até mesmo a tecnologia 3D que nos permite ter um engajamento maior com um determinado filme, porém sabemos que a grande parte da população possui deficiência visual, será que o mercado anda se preocupando com elas?
Em outros tempos, era praticamente impossível imaginar que alguém com deficiência visual iria consumir alguma obra cinematográfica de uma maneira mais imersiva que não fosse somente o áudio.
Outra grande parte da população que acaba tendo problemas para consumir conteúdos são os que possuem deficiência auditiva, apesar de cada vez mais termos recursos explorados na TV e na Internet utilizando LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais), ainda é algo muito carente dentro das salas de cinema.
Comunicação utilizando LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais (Foto: www.shutterstock.com)
Mas qual a relação disso com o Design?
Um dos termos que mais se tornou tendência dentro do Design no últimos anos foi sem dúvida alguma o user experience ou experiência do usuário, que embora tenha surgido por aqui recentemente, já é um termo usado por algum tempo pelo professor Donald Norman, que estuda o comportamento das pessoas em contato com produtos e serviços do nosso dia-a-dia.
A experiência do usuário está presente em toda essa relação, desde a hora que você ouve pela primeira vez sobre uma marca até na hora de comprar um produto da mesma, porém uma discussão recorrente entre os profissionais é se estamos de fato pensando em oferecer uma boa experiência para todo mundo?
Claro que não é uma tarefa fácil, temos que esforçar-se ao máximo para ter empatia com a vida dessas pessoas, por mais que isso seja complicado, pois não enfrentamos os mesmos problemas que elas enfrentam, por conta disso o desafio é ainda maior para compreender as dores delas.
Também temos a questão financeira, poucas empresas se preocupam em investir nesse público e cabe a nós convencer elas o benefício de entregar uma boa experiência para todo mundo.
Mas existem empresas já trabalhando nisso?
Sim! Já existem várias salas de cinema espalhadas pelo país que possuem recursos como audiodescrição e LIBRAS para que essas pessoas tenham um engajamento maior. A própria Ancine tem ações em andamento para que as salas de todo o país atualize esses recursos para exibição dos filmes. Claro que ainda temos um longo caminho, afinal de contas, como já dito antes, essa atualização tem um alto custo para as salas e para as produtoras, porém é algo que precisa ser feito.
Esses recursos ajudam a ter uma imersão muito grande dentro de uma obra, fazendo que os usuários tenham uma sensação mais prazerosa e confortável na hora de consumi-la, algo que nos faz até pensar se os diretores já não deveriam participar mais ativamente no desenvolvimento dessas adaptações.
Os serviços de streaming já estão se preocupando com essas questões também, um case interessante que retrata isso é a série do Demolidor lançada pela plataforma Netflix.
A série inteira possui o recurso de audiodescrição e faz com que os fãs do herói que possuem alguma deficiência visual tenha uma imersão maior ainda por poder consumir a história de Matt Murdock.
Cena da terceira temporada de Demolidor (Foto: www.netflixlife.com)
Nós criativos temos que ter essa preocupação, já que nosso objetivo é solucionar problemas, temos que pensar nesse público também e como oferecer a melhor experiência para eles, não só no cinema, mas em tudo que envolva o seu dia-a-dia.