Recentemente publiquei aqui dois artigos seguidos sobre pegadinhas publicitárias que deram o que falar (leia aqui https://designculture.com.br/uma-pegadinha-viral/ e https://designculture.com.br/canal-space-prega-peca-e-diverte-o-publico/). Pois bem, essa semana descobri na Internet uma sátira polêmica a essa onda das pegadinhas, criado pela agência St. John, de Toronto, no Canadá. Eles afirmam que a emoção mais forte que temos não é o amor e sim o medo. Com base nisso criaram o chamado ExFEARiential , uma mistura das palavras experiência e medo, em inglês.
A ação promocional (assista abaixo) começa mostrando uma casa em 15 de Agosto, as 3:13 da manhã sendo invadida por aparente ladrões que surpreendem um casal enquanto dormem e os carregam para a parte debaixo da casa. Chegando ao local o casal se depara com uma cortina que se abre para mostrar pessoas comemorando e uma marca de cerveja adesivada na parede ao fundo perguntando aos consumidores se os mesmos tiveram um dia difícil. Misturado a essas cenas uma voz em off do diretor de criação da St. John, Chris Hirsch, que fala que eles estão tentando ganhar o consumidor de uma forma totalmente nova, que eles nunca irão esquecer. Chris diz que uma boa propaganda deve fazer você ficar nervoso, te assustar, exatamente o que as pegadinhas andam fazendo por ai, mundo a fora. Mas eles levam esta ideia para um nível mais acima, o tal ExFEARiantial, que esta ligado ao medo diretamente.
O vídeo continua então mostrando vários depoimentos dos mais diferentes membros da agência em suas mais diversas funções. Todos falam sobre a importância do medo nas pessoas e nas experiências que eles tem com as marcas, sejam em que setor foram. Tais experiências ficam na mente dos consumidores, marcam sua presença de uma forma ou de outra. Eles mostram outras iniciativas que demonstram a pegada deles, sendo uma delas o rapto de um bebe do carrinho, tendo sua mãe ali perto. A ação claro causa um choque enorme na mãe, que fica sem entender quando um policial chega e mostra a ela um produto dentro de uma espécie de maleta. O bebe é então devolvido para a mãe que respira aliviada.
Eles dizem não usar atores, como nas pegadinhas, mas sim pessoas reais, bandidos reais, etc. Dizem que a maioria dos comerciais são dramáticos eles querem ser traumáticos. Dizem que o trabalho deles é fazer com que o target preste atenção aos seus anúncios de uma forma que não possam ignorar, que isso seja traumático pra elas. E então, quando nós que assistimos a esse filme já estamos chocados com o que vemos e ouvimos entendemos que tudo não passa de uma brincadeira da agência, de uma sátira as pegadinhas atuais com um alto tom de humor negro empregado.
Genialidade Deduzida
Na minha opinião esse é realmente um viral bem polêmico, mas de certa forma genial e muito bem produzido como um todo, o que durante um bom tempo de sua duração nos faz acreditar que o diretor de criação e todos ali falam a verdade. Quando de fato somos surpreendidos e entendemos que tudo ali, inclusive o roteiro e produções da St. John nesse vídeo, é uma grande sátira com essa onda, quase um modismo, de pegadinhas publicitárias. Tudo não passa de uma auto promoção da agência que ao meu ver só evidencia a criatividade e sagacidade deles.
No entanto, há quem diga que todas as ações mostradas no filme são dignas de um processo e que nunca poderiam ser aplicadas na vida real. As situações expostas são crimes e não deveriam ser feitas com pessoas reais, o que de certa forma não deixa de ser verdade. Porém, acho que isso não pode ser adotado e visto de forma tão séria, uma vez que a ideia da agência não é essa.
Volto a me render a genialidade e sagacidade dos criadores e de toda a agência que de forma brilhante chocaram, brincaram e ainda se reforçaram como marca e como agência. Parabéns a Chris Hirsch e sua trupe!
Veja o vídeo: