Ato 1 – O que é Animais Perigosos?
Animais Perigosos” foge dos padrões do gênero de terror com animais assassinos, ao trazer uma nova perspectiva sobre quem realmente é o verdadeiro perigo, com um leve toque de humor e uma pequena pescada pelo trauma do abandono e introspecção social. A partir disso, este passeio em alto-mar, começa da seguinte forma:Quando uma surfista é sequestrada por um assassino em série obcecado por tubarões e mantida em cativeiro no barco dele, ela precisa descobrir como escapar antes que ele a jogue como alimento para os tubarões no mar.
Ato 2 – Comentários gerais
Este novo “terror/thriller” com tubarões foi uma agoniante surpresa, após tantos filmes medíocres e mais do mesmo, que vínhamos tendo nos últimos, nada muito diferente e que realmente prendesse a atenção e empolgasse. Para minha felicidade, este novo filme faz o oposto e vai além. Trazendo uma nova abordagem, onde os tubarões são o meio, a ferramenta para matar, enquanto o verdadeiro vilão e predador é um assassino psicopata. O que já coloca na frente de muitos filmes do gênero, só pela premissa inovadora.
Na história, somos apresentados a Tucker, um aparente pescador e guia turístico de um passeio com tubarões, mas que na verdade é um psicopata que busca atrair suas vítimas, que em sua maioria são turistas, para fazer parte do seu elenco de um filme de terror pessoal, extremamente realístico. A protagonista, Zephyr, é uma jovem que vive isolada em seu furgão, sem rumo pela Austrália, alimentando-se de 9 pães por dia e mantendo apenas relacionamentos esporádicos, sem nenhum tipo de vínculo afetivo. O que a leva, a conhecer Moses, um jovem romântico, que se apaixona pela jovem, mas leva um pé na bunda, porém, poderá ser sua única chance de sobreviver.
A trama é bem fechadinha, apresentando o que importa, dando tempo de tela para desenvolver seus personagens e fazer com que o público crie algum nível de empatia por eles, e que torçam para que sobrevivam. Além de subverter alguns clichês do gênero e colocar leves piadas em alguns momentos, que não tiram o peso e tensão da narrativa, mas complementam a personalidade do antagonista. Trazendo mais camada para sua psique distorcida.
Um dos poucos pontos que incomodaram foi a busca incessante e maçante da direção e roteirista em criar expectativas e quebrá-las tantas vezes, que deixou um pouco cansativo, quando você já tinha sua expectativa quebrada 5 minutos atrás. Mas conseguiram construir uma tensão e apreensão tão boas nas duas primeiras metades, que posso relevar esse pequeno exagero narrativo. Ademais, outro ponto positivo para este projeto é a conscientização e educação do público sobre como realmente os tubarões acabam atacando pessoas por acidente e não por vontade de comer uma pessoa de forma natural dentro da narrativa, sem parecer um telecurso ou palestra. Pois, o verdadeiro predador não está na água, está fora dela.

Ato 3 – Direção!
O comando desse thriller de psicopata + tubarões foi do diretor, roteirista e engenheiro de som australiano Sean Byrne, com 19 anos de carreira e poucos projetos trabalhados, como por exemplo: “Os Entes Queridos” (2009) e “O Doce do Diabo” (2015), filmes que foram até que bem recebidos pela crítica e público. E em “Animais Perigosos”, Sean mostra-se um diretor bastante competente e que, mesmo sem muitos projetos, consegue construir um clima de tensão e apreensão na sua condução com a câmera e escolhe ângulos e planos para filmar.

Ato 4 – Atuações
No quesito atuação, o elenco também dá um show e mostra todo seu potencial em cena. Além do fato de ter poucos personagens, facilita a construção e desenvolvimento de cada indivíduo, gerando uma maior conexão. Hassie Harrison (Zephyr) consegue apresentar uma final girl forte, determinada, esperta, mas que também é humana, falha, fraqueja, mas se levanta para sobreviver. É o primeiro filme que vejo com ela e já vejo potencial de crescimento em Hollywood. Jai Courtney, nosso antagonista, também dá um show de atuação, trazendo um psicopata, metódico, animalesco, bem-humorado e feroz.
Ato final – Conclusão
Sendo assim, “Animais Perigosos” se prova como uma grata surpresa, respiro e leve novidade, ao gênero de filmes de tubarões. Com um antagonista humano que usa os animais como arma de matar e admiração, uma protagonista que não é burra e um clima tenso do começo ao fim, vale muito a pena ir ao cinema assistir a este longa-metragem de tirar o fôlego, mesmo que o CGI peque um pouco às vezes.
Em exibição nos cinemas a partir do dia 18 de setembro!
