Publi e MKT Aquele “abraço apertado” que incomoda muita gente

Aquele “abraço apertado” que incomoda muita gente

Por D'Nascimento

Todo ambiente de trabalho tem aquelas pessoas super simpáticas que abraçam todo mundo e tentam fazer todos se sentir bem como um grande urso simpático, não é?

Bem, existem evidências de um aumento desse perfil de pessoas ou, como é chamada, “cultura do abraço”.

Em pesquisa realizada com várias empresas de publicidade e marketing, mais da metade dos executivos afirmaram que o abraço era comum entre alguns funcionários. Para muitos especialistas essa é uma mudança natural tendo em vista a flexibilização dos ambientes de trabalho. Contudo, há uma grande desvantagem.

Outro estudo realizado nos EUA em 2016, relatou que mais de 1/4 dos trabalhadores sentiram que já foram abraçados de maneira inadequada.

A grande questão é que o desconforto depende de nuances, relacionamentos e preferências pessoais. Segundo Deborah Wallsmith, professora de antropologia da Universidade de Kennesaw, EUA:

“O menos ofensivo é o abraço armado lado a lado, onde estão parados um ao lado do outro e estendem seus braços adjacentes ao redor da cintura do outro. O mais censurável é o aperto frontal total que se prolonga para sempre”.

Ela acrescenta que “sente-se desconfortável em ser abraçada por ex-professores e ex-chefes”. Vale ressaltar que, como disse acima, o contexto é muito importante e diversas pessoas erram neste sentido.

Os contatos físicos (abraços) PODEM criar conexão, mas acontecem muitos maus entendidos. Geralmente estão ligados a preferência, receios e experiências de abuso moral e físico anteriores ao ambiente de trabalho atual. Temos também a questão que é um “campo minado”, as camadas sociológicas do poder, da cultura e do gênero. Todos podem ter suas próprias “regras” para contato físico.

Até aqui, pode parecer estranho para aqueles que não veem problema em um abraço ou um beijo no rosto, como também, extremamente agressivo para àqueles que se sentem invadidos ou agredidos com alguns contatos, tanto por experiência violentas/negativas, como simplesmente por não gostar. Nisto há uma afirmação que pode soar como senso comum, mas se você não os conhece – os colegas de trabalho – é melhor não se beijar ou abraçar, porque você não sabe como eles vão interpretá-lo. Tenha cuidado.

Para Adina Zaiontz, diretora executiva da Napkin Marketing, a regra simples é:

“Em caso de dúvida, não abrace … Todos se sentem de forma diferente em relação ao espaço e limites pessoais

MAS E SE O ABRAÇO FOR UMA PRÁTICA PADRÃO EM SEU ESCRITÓRIO, MAS VOCÊ REALMENTE NÃO DESEJA OU GOSTA DESTES CONTATOS? COMO DEVO REAGIR?

A cantora Cynthia Pike-Elliott, em entrevista a BBC afirma que em diversos ambientes o abraço é um gesto comum.

“Abraçar era uma grande parte do meu local de trabalho, uma grande parte na manutenção dessas relações pessoais”, diz ela.

Para ela, o abraço é “uma maneira de dizer a alguém que você fez uma conexão com eles e que você confia neles … Não está machucando ninguém.

“Se eu fosse um empregado, um abraço do meu empregador mostraria seu orgulho e gratidão de um trabalho bem feito muito mais do que as palavras poderiam realizar”, diz ela.

No entanto, nem todos estão interessados na “ideia de abraçar” e por vezes, isso acaba nos tribunais.

É crescente o número de denúncias e processos em curso relativos a assédio sexual. Segundo o Código Penal:

O crime de assédio sexual consiste no fato de o agente “constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função” (CP, art. 216-A, caput).

Se um abraço for levado de maneira errada, ele pode ser facilmente interpretado sob a lei como assédio sexual no local de trabalho. Os empregadores têm uma séria responsabilidade quando se trata de proteger seus trabalhadores contra o assédio e são obrigados a ter políticas para evitar esse tipo de conduta.

Em caso de assédio, a melhor forma é a denunciar e buscar as medidas cabíveis. O silêncio apenas incita a prática e a rotina que segue impune ainda em muitos casos quando fruto do medo e do Assédio Moral, que será tema de outro artigo.


Você já sofreu ou conhece pessoas que sofreram abuso sexual em ambiente de trabalho? Compartilhe suas experiências e opiniões.

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