Design Blender 2.9 e Optix em uma GTX 1050 Ti? E o ganho é grande!

Blender 2.9 e Optix em uma GTX 1050 Ti? E o ganho é grande!

Por André Souza

Quem trabalha com 3D e já usou o Blender, sabe o quanto o programa é promissor e o quanto o programa tem recebido novos recursos nas últimas versões, buscando, além de ser um software gratuito, se estabelecer no mercado de uso profissional para renderizações tridimensionais. E quem tem acesso a uma placa de vídeo mais potente da série RTX, já viu que é possível realizar uma renderização muito mais rápida habilitando o uso de Optix… Agora, esse recurso também está acessível para os proprietários de placas de vídeo mais básicas.

Para elucidar o assombro vou iniciar o artigo com comparativos dos tempos de renderização nas configurações de meu computador:

ConfiguraçãoTempo de Renderização
i7-7700
GTX 1050Ti (CUDA)03:55
GTX 1050Ti (CUDA) + i7-7700 03:40
GTX 1050Ti (OptiX) – 1º Render02:24
GTX 1050Ti (OptiX) – 2º Render em diante00:56

419% de performance usando OptiX!!!

Acho que agora ficou claro o motivo do espanto. Então, vamos ao contexto para explicar a importância desse salto, e o porque isso ainda não vai impedir você de adquirir uma RTX, mas vai dar um fôlego extra para sua placa de vídeo.

O Contexto do Computador

Inicialmente, meu grande foco de uso do PC é trabalho, mas gosto um pouco de jogos e tinha um orçamento bem limitado quando montei o meu PC, por isso optei por um processador mais forte e uma placa de vídeo de entrada. Por esse motivo o desktop parece antagônico ao apresentar um processador i7 de 7ª geração aliado a uma placa GTX 1050Ti.

GALAX GeForce® GTX 1050 Ti (1-Click OC)

A 1050Ti tem 4Gb de memória de vídeo, um clock mais baixo, assim como o número de CUDA Cores (núcleos de processamento), mas é o suficiente para atender um designer gráfico que trabalhe prioritariamente com 2D e utilize recursos 3D do Photoshop, Illustrator, e Dimension. Como meu foco profissional está no uso desses aplicativos em conjunto com o Indesign, os recursos da placa são pouco utilizados.

April 2019 Release of Adobe Dimension Makes Viewing 2D Designs in ...
Adobe Dimension

Dá para fazer bastante coisa no After Effects também, mas a placa sofre um pouco quando trata-se de algumas renderizações. Só demora um pouco, mas não é nenhuma tortura medieval, já que o processador do computador ajuda bastante.

Após alguns anos, trabalhando com design percebi que me faltavam habilidades no desenvolvimento de objetos 3D. Afinal de contas, muito dos objetos que eu encontrava para fazer meus mockups no Adobe Dimension não refletiam a realidade do que eu queria, e eu precisava aprender a fazer esses objetos. e então comecei meu estudos e testes.

Como cheguei ao Blender?

Comecei meus estudos pelo Cinema 4D. 14 dias para me familiarizar com o programa e poxa… como sua interface é intuitiva e o fluxo é fluído. Me encantei. A mesma coisa com ZBrush, Maya e 3DSMax (ambos da Autodesk), com algumas ressalvas quanto a alguns tópicos no processo de construção de uma renderização 3D.

Então, após essa avaliação, me deparei com o principal ponto: o custo das licenças. Queria algo que fosse funcional, que me permitisse desenvolver essas novas habilidades em 3D, mas também que me oferecesse uma boa relação custo x benefício, afinal de contas, meu plano inicial era utilizá-lo em conjunto com o Dimension, então eu só precisaria modelar, e um software com um valor de licença mais alto poderia negativamente muito meus custos, e preços praticados. Então resolvi dar uma chance ao Blender, software gratuito. “De graça, até injeção na testa!” como diz o dito popular.

Com uma interface menos amigável que os demais, na versão 2.79, me deparei inicialmente com um verdadeiro desafio. Depois de 2 dias usando o Blender, o choque inicial passou e já estava familiarizado.

Logo, foi lançada a versão 2.80, que trouxe um visual mais amigável e com recursos que punham para mim, leigo, o Blender em pé de igualdade com os demais.


Hoje, em sua versão 2.83, primeira versão com Suporte de Longo Prazo (LTS), o Blender visa se tornar uma alternativa competitiva no mercado profissional e está trilhando um caminho muito promissor.

E o OptiX e a Nvidia nessa história?

Ao lançar a série GTX (série 10) a Nvidia lançou o recurso dos Cuda Cores, mais comumente dito somente como CUDA. Os Cuda Cores são unidades de processamento da placa de vídeo, capazes de auxiliar em uma série de processos computacionais, como renderizações, por exemplo. Com isso já havíamos ganhado bastante tempo, uma vez que tínhamos mais unidades para processar a imagem e gerar a renderização.

Com o lançamento da série RTX (série 20), a Nvidia novamente inovou. Além dos Cuda Cores, embutiu em suas placas de video os Tensor Cores, que são unidades de processamento auxiliares focadas em matrizes. Mas porque? Simples: RAY TRACING.

Falamos aqui do caminho que a luz percorre e como ela influencia os objetos. Quando a luz emitida por um objeto A interage com um objeto B, parte dela é absorvida, enquanto outra parte é refletida e irá interagir com um outro objeto C, que irá repetir o processo “ad infinitum”.


A tecnologia de Ray Tracing presente nas últimas placas da Nvidia realiza esses cálculos de luz, e é por isso que a série RTX (agora você entende o porque do “RT”) traz resultados visualmente superiores: ela tem uma maior capacidade para calcular esses raios de luz e como eles são transmitidos.

A OptiX é uma biblioteca responsável pelo cálculo de como esses raios de luz interagem com os objetos.

Agora é que vem o pulo do gato do Blender 2.90 com o Optix.

Demonstração de iluminação de cena com tecnologia Ray Tracing

“Santa Velocidade de Renderização, Batman!”

Disponível no Blender há algumas versões, ainda que de forma experimental, e inicialmente exclusivo às placas RTX, a renderização usando OptiX acelerava o processo de renderização, gerando um ganho de performance substancial (acima de 500%, dependendo da imagem a ser renderizada).

Na versão 2.90, ainda em estágio alpha, o Blender incorpora a disponibilidade de uso dessa biblioteca para placas de vídeo da série GTX , tornando o processo de renderização muito mais rápido. Como o OptiX utiliza os Cuda Cores para o cálculo dessa interações, o uso da placa de vídeo é otimizado e há um melhor aproveitamento do poder computacional da mesma e, por isso, é possível realizar a mágica dos 419% de performance.

Por ser um software “nodal”, e por se tratar de um recurso experimental, alguns tipos de nodes ainda não são suportados . Para facilitar o entendimento dos leigos, e super simplificando MUITO, os nodes seriam como camadas de ajustes no Photoshop. Os nodes fazem muito mais coisa que uma camada de ajuste, mas repito, é o paralelo mais fácil para gerar entendimento.


Entenda, com o uso de uma placa Nvidia RTX, há ainda uma melhoria visual absurda, uma vez que o OptiX trata a forma como os raios de luz interagem com os objetos, mas não o caminho dos raios: isso é coisa dos Tensor Cores. O que aconteceu, no meu caso, que renderizo imagens mais simples, é que ganhei uma sobrevida para minha placa de vídeo, mas inevitavelmente ainda vou precisar fazer um upgrade.

Agora, vamos aguardar que, nas próximas versões, o Blender traga ainda mais recursos como esse, e que a Nvidia siga esse caminho de inovações na próxima série de placas de vídeo (Série 30).

O futuro? Brilhante, iluminado, com tudo junto e misturado (“blended”)!

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